COB proíbe blogs e censura sites de atletas no Pan
-200724/01/2007 - 09:54
Fonte: Folha Online
Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira... (Cecília Meireles)
Fonte: Portal O Taboanense - Taboão da Serra, São Paulo, Brazil -
ON THE mat, Scots have plundered 18 Commonwealth medals from just two Games appearances. Last year in Melbourne, a spectacular renaissance in the pool was coloured by 12 medals, six of them gold. Put judo and swimming together and they could be dangerous.
As Graeme Randall observed yesterday, it's a great pity judo wasn't on the 2006 programme. Even without it, Scotland reaped a harvest of 11 gold medals that put 70 years of posterity to shame. Again, in 2010, we will have no cause to reacquaint ourselves with the word "ippon" in New Delhi, but if Glasgow wins the 2014 Games, a red carpet for judoka will be laid out far and wide.
Então, depois dum lom..
Güetenebroso inverno!, este espaço volta a gasalhar o que lhe soía, etc.. Ano novo, hora de botar as resoluções em dia. Aprenderei a cantar como os pastores mongóis de Tuva e manterei minha página cronopiana mais endia.
Ó, pra começar, uma declaração de princípio. Ou uma declaração de começo, pra principiar. Aqui o freguês é que manda. Interatividade!
Finalmente comprei aquele livro A casa da mãe Joana, de Reinaldo Pimenta, que tem etimologias divertidas pra eu plagiar, enricar e meter aqui. Ainda nem li dez páginas, mas já de cara discordamos. O cara em uma notinha prefacienta me diz que a finalidade do livro dele é contemplar o que ele chama de etimologia-surpresa. E me dá como exemplo de etimologia-não-surpresa (etimologia prevenida?) o fato de que ninguém quer saber que cavalo veio do latim caballus...
nnrrmm...
Pois bem.
Eis o manifesto lapônico do título. Quase toda etimologia tem surpresa, e, ou, in, teresse. Basta saber cavucar, orabolas.
Pra começar, não vou nem tentar defender a idéia de que a mera passagem de b pra v naquele ambiente intervocálico, assim como a manutenção do l, que costuma cair na Ibéria, são assuntos interessantes.. gerações de alunos de letras já deram sua contribuição no sentido de me fazer ver que essa parte só tem graça pra meia dúzia de tonhóins..
Mas, convenhamos. Vamos um pouquinho além da cara das letras, meu!
Pois que caballus não seria exatamente a tradução do português cavalo.
Como é que se diz cavalo em latim? Equus.
E isso não é surpresa?
(Tem mais: equus tem relação previsível e comprovável com o grego hippo, que nos deu coisas tipo hipódromo; na verdade as duas são a mesma palavra, vêm da mesma raiz indoeuropéia)
Pois o fato é que, chegando em terras celtas (A Gália, a Ibéria...) os romanos tomaram conhecimento de várias coisas novas (tipo calças compridas e carros com dois eixos) e pegaram dos celtas os nomes dessas coisas, junto com elas.
Peraí, eles além de andar de saia não conheciam cavalos?
Nê...
O negócio é que eles resolveram diferenciar seus garbosos equi militares daqueles pangarés gordos e peludos que os celtas usavam pra trabalhar em plantações, e reservaram para estúltimos o nome celta que eles já carregavam, devidamente alatinado em caballi.
O latim clássico não comia mosca, meu velho. Ele andava e se modificava.
E assim eles passaram a ter duas palavras pra cavalo.
Aparentemente a distinção original era mais ou menos igual à que hoje a gente faz entre touro e boi. O caballus era o equus sem as partes pudendae..
O fato, no entanto, de que o português, o espanhol, o francês, o italiano e até o romeno (cal) derivaram seu nome atual do bicho da versão pangarèzica é, na minha modesta, deveras interessante..
É uma das mais claras demonstrações da necessidade de se estabelecer um retrato daquilo que a lingüística classicamente chamou de latim vulgar: o latim falado pelas classes populares, que efetivamente colonizaram e aculturaram a Europa inteira, enquanto os generais praticavam esportes eqüestres.
Meu, o fulano que realmente deixou filhos, deixou língua e tradições em Lisboa e em Bucareste nunca teve equi, teve no máximo um caballinus que lhe custou os oculi da cara.
O Pimenta, que não é tonto, não deixa de anunciar que, no entanto, (não é tonto, no entanto..) a nossa palavra égua vem do feminino clássico de equus.
Mas ele nem se pergunta por quê..?
Ora, se a distinção entre equus e caballus era baseada na castração, ela possivelmente nunca se aplicou às fêmeas. Por mais que certamente textos vulgares tenham registrado a forma caballa, a gente pode presumir que a fêmea continuou sendo sempre chamada de equa, mesmo em contextos menos elevados.
Porisso.
Mas tem mais..
Porque o português acabou aproveitando a lacuna do sisteminha e usando o feminino de cavalo pra dar nome a um peixe! (o que nos faz pensar que aquele “o português” do começo da sentença seja de fato um indivíduo: chamemo-lo Eufrásio).
Segundo o velho Antenor Nascentes, o peixe virou cavala em função de seus saltos. Mas o que nos interessa aqui é que essa possibilidade começou a surgir quando os romanos toparam com os pangarés dos celtas!
Tá bom de surpresa procês?
Sério, sem sacanagem, o nosso formato aqui é diferente, e o nosso público também. Eu posso (acho que posso) me dar o luxo de escrever uma página inteira sobre essas coisas e o Pimenta queria mais era um dicionarizinho de curiosidades. Explica-se. E ele fez bem bem o lá dele.
E, afinal, ele é que vendeu milhardares de livros, não eu.
Mas..
Pra gente entrar meio que na linha dele, pra dar água na boca pro resto do ano, fiquem aí com duas surpresinhas:
Que sabotagem provém do francês sabot, que significa tamanco... provavelmente em referência ao alarido feito com os tamancões de madeira dos camponeses quando de algum protesto..!
E que porcelana vem do latim porcus. Isso mesmo. O nosso porco..
Por qual caminho é que são elas.
Que tem que ver com um molusco marinho, o cauri, cuja lustrosa concha nacarada (nunca pensei que fosse escrever cuja lustrosa concha nacarada) veio à mente de quem viu os primeiros vasos de porcelana todo mundo sabe. Que esse molusco era chamado de porcellana (porquinha) todo mundo sabe. Agora por que que era...
Os dicionários mais pudicos vão te dizer que a concha do molusco lembrava o contorno das costas dos porcos. Outros vão garantir, e parecem estar mais próximos da verdade, que o fato é que o formato interno da concha evocava era a vulva das porcas!
A pergunta que não quer calar... quem seria esse singular indivíduo que reunia conhecimentos e interesses por de cerâmica vitrificada, malacologia e xereca de porca?
A mulher dele está em segurança?
Té pra mais...
Caetano Waldrigues Galindo é professor de lingüística histórica na Universidade Federal do Paraná. Já publicou traduções do romeno (Lucian Blaga) e do inglês (Djuna Barnes e Charles Darwin. No prelo: Saul Bellow e John Gay). É o pierremenárdico autor de uma tradução inédita do Ulysses, de James Joyce. Contato: olapaonahileia@hotmail.comFonte: cronopios@cronopios.com.br - http://www.cronopios.com.br/
Fonte: Estado de Minas - Internacional
FONTE: Calcutta Telegraph - Calcutta, India - http://www.telegraphindia.com/
Uma vez eu já senti uma sensação assim como esta que o meu planeta deve estar sentindo hoje. Há que se voltar no tempo, no espaço e aos dias precedentes à sensação que senti, para que possa me fazer entender.
Fonte: cronopios@cronopios.com.br - http://www.cronopios.com.br/
Eu era jovem, bonita, tinha 52 kg e um fusca movido à álcool, última novidade em carro por cá nestas terras de Santa Cruz (apesar de depois terem dado a maior rasteira em Bautista Vidal, o mentor intelectual da Proálcool, como convinha ao Capital por aqui instalado), e com meu fusca andava por todos os lados. Na ocasião em que vou falar, especificamente, estava em Foz do Iguaçu, passando uns poucos dias de férias, mas férias mesmo, que nunca tive dinheiro para ir até lá buscar muamba.
Então estava em Foz do Iguaçu, num lindo hotel na Estrada das Cataratas, todo cheio de jardins paradisíacos e com uma piscina paradisíaca também, garçons gentis, boa comida, turistas de diversas partes do mundo, quiçá alguns contrabandistas, e a possibilidade de fazer as três refeições do dia cada uma num país diferente. A amizade já rolara entre o pessoal que freqüentava a piscina, e na sexta-feira ficou combinado que todos iríamos juntos, no sábado, a uma nova danceteria recém-inaugurada e que já se tornara famosa pela beleza e elegância.
Portanto, sábado deveria ter sido como um portal de uma noite maravilhosa, mas não foi. Alguma coisa estava errada comigo, alguma coisa indefinida fazia sentir-me um pouco mal, e conforme a tarde se adiantava, aquela coisa ia me tirando a vontade de ir para a danceteria, e fui dormir enquanto os amigos da piscina botavam suas roupas caprichadas para brilhar na pista de dança.
Aquela noite, no linguajar da minha mãe, e que cada vez mais vejo nas linhas de Saramago, foi uma noite “encalada”, em que nada estava muito bom e nem dava para dormir muito direito. Quando o domingo amanheceu eu tinha piorado um bocado, mas ainda dava para pensar coisas assim: “Se eu der uma boa nadada na piscina, melhoro!”. Então entrei na piscina para dobrar-me de dor, uma tão aguda dor que não sei como não desmaiei e me afoguei, ali naquela hora matinal, onde os outros hóspedes ainda estavam dormindo, se refazendo da noite na balada famosa. Consegui sair da água e ir para a cama, sempre com aquela esperança: “Se dormir um soninho, vai melhorar!”.
Melhorou nada. A noite de domingo foi um pesadelo, e na segunda pela manhã, já sem conseguir ficar de pé direito, encurvada de dor, dirigi meu fusca até o hospital mais próximo, e num instantinho tinha um diagnóstico: estava com uma infecção numa coisa que todo o mundo tem, mas que a gente só fica sabendo quando inflama: um tal de apêndice, que se situa do lado direito, um pouco abaixo da cintura. O jovem médico que me atendeu disse que ia mandar fazer um exame de sangue só para confirmar seu diagnóstico – e enquanto isso eu estava já tomando um sorinho intravenoso misturado com remédio para dor, e o mundo parecia ter ficado melhor. Já tinha ouvido muitas pessoas falarem que tinham operado o tal de apêndice, e comecei a fazer planos: se o diagnóstico se confirmasse, decerto o médico iria me mandar para casa para ser operada na minha cidade, e então, naquela tarde, aproveitaria para dar um pulo à Argentina, para tomar a boa cerveja que lá se faz...
Voltou o médico, e era aquele mesmo o diagnóstico. Só que não havia mais como ir nem tomar a cerveja argentina, a 10 km dali – eu tinha 15 MINUTOS para telefonar para casa e avisar, pois em seguida seria irremediavelmente operada. Adeus, cerveja argentina! Gastei os 15 minutos refletindo o que fazer, e achei que era melhor que a minha família não soubesse: se eu ficasse melhor, depois contaria – achei por bem dar meu endereço para a enfermeira, para o caso de terem que enviar meu corpo para algum lugar. E tinha acabado o tempo antes da anestesia.
Na verdade, eu ficara fazendo aquelas conjecturas, imaginando cervejas argentinas etc., por conta do soro com analgésico – no fundo, continuava um bocado mal, indisposta, de mal com a vida. A anestesia foi bem-vinda, pelo menos tirou-me daquela agonia de viver mal.
Não sei quanto tempo passou, mas lá pelas tantas uma enfermeira me dava tapinhas no rosto e perguntava:
- E então? Tudo bem?
Foi só então que eu entendi que tudo já tinha passado, e que era trazida de volta do mergulho na inconsciência por aquela moça simpática. Mas o melhor de tudo mesmo, era a sensação de bem-estar, bem-aventurança, bem tudo no mundo – fora-se embora a sensação de doença, de mal-estar, de agonia. Havia dor, claro, principalmente quando me mexia, pois estava com um talho todo cheio de pontos na barriga, mas a dor daquele talho era o que se pode chamar de “dor boa”, se é que alguma dor pode ser boa, talvez como sejam as dores de amor. A “dor má” se fora, como se um cancro tivesse sido extirpado.
Foi bem assim que me senti de novo hoje, quando soube que Pinochet morreu. Tenho a sensação que o planeta inteiro está se sentindo assim, depois da maldade daquela dor toda que ele provocou por tanto tempo. Ufa! É um grande alívio saber que a Humanidade está livre para sempre daquele traste!
Urda Alice Klueger nasceu em Blumenau/SC e publicou vários livros. É historiadora e membro da Academia Catarinense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina. E-mail: urda@flynet.com.br
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