sexta-feira, junho 30, 2006

NUMA MANHÃ - Ronald Polito

Ilustração: Leopoldo Joe Nakata
Numa manhã
Ronald Polito
Vem, carregando o corpo
quebrado, sem brado, sem
dormência, pela colisão
com o simples
ar em torno, de
uma víscera, e
outra adentro, do
pensamento contra
o pensamento, e
num lapso de
trégua, esmerado
em apuros, quase
alheio, depõe
o peso, a pose,
a gana, a afasia,
e afaga
no fogo do sol
a ferida.

Em nome do Amor - Rubia A. Dantés


Em nome do Amor - Rubia A. Dantés

Com a vida aprendi que uma das piores coisas que podemos fazer é tentar nos adaptar à expectativa do outro, ou tentar fazer com que outros se adaptem às nossas... E muitas vezes fazemos isso "em nome do amor".
Quando vejo tantas pessoas fazendo isso.... deixando de Ser do seu jeito para se adaptar ao jeito que o outro imagina que é o ideal.... não tem como não perceber que isso é um verdadeiro suicídio do Eu. E infelizmente muita gente faz isso buscando a tão sonhada felicidade no Amor, na doce ilusão de que... ao se encaixar dentro do que o ser amado espera, isso vai fazer com que seja amada...Se... para ser o que esperam de você, precisar abrir mão de quem você é... em que você vai se transformar?
No ideal de alguém que também não pode estar na sua verdadeira natureza?Quem já está nela, nunca pediria isso a ninguém, porque sabe que não pode amar uma ilusão sem consistência.Uma ilusão sem consistência... é mais ou menos nisso que nos transformamos quando saímos do nosso centro para tentar nos enquadrar ao modelo que o outro "pensa" que gosta...
Pensa, porque quem espera mudar o outro para ser feliz a partir dessa mudança, só pode estar distante de si mesmo e também dentro de algum padrão que limita a sua expressão genuína... Por mais que alguém se esforce para se enquadrar às expectativas dessa pessoa, nunca vai conseguir satisfazê-las, uma vez que essas expectativas representam somente um modelo baseado nos desejos do ego e nunca da Alma...
Quem é fiel à Alma, nunca faria ao outro tal exigência, porque sabe que somos um em essência... nos expressando de forma única... e que essa forma só poderá ser encontrada a partir de um mergulho profundo, buscando dentro e nunca fora em modelos externos criados por outros egos.
Mas como só saber às vezes não adianta... muitas vezes passamos por essa situação... para, aos poucos, entender que esse é um dos maiores erros que podemos cometer "em nome do Amor" e o que mais nos afasta de quem somos...
Até percebermos isso profundamente, ao ponto de nos decidirmos a não mais repetir esse padrão, porque vem a certeza de que, para que alguém nos ame, não precisamos nos afastar um milímetro sequer da nossa verdadeira natureza...

É Você - Marisa Monte - Composição: Marisa Monte


É Você
Marisa Monte
Composição: Marisa Monte


É você
Só você
Que na vida vai comigo agora
Nós dois na floresta e no salão
Nada mais
Deita no meu peito e me devora
Na vida só resta seguir
Um risco, um passo, um gesto, rio afora
É você
Só você
Que invadiu o centro do espelho
Nós dois na biblioteca e no saguão
Ninguém mais
Deita no meu leito e se demora
Na vida só resta seguir
Um risco, um passo, um gesto, rio afora
Na vida só resta seguir
Um ritmo, um pacto e o resto, rio afora...

Ouvindo a Alma... - Rubia A. Dantés


Ouvindo a Alma... - Rubia A. Dantés
De novo me vejo diante de um desafio enorme... uma mudança muito grande acena em meu horizonte e isso ainda me deixa com um frio na barriga.
Às vezes o Universo nos coloca diante de coisas que nos parecem completamente inesperadas, mas que se olharmos para elas vamos ver que é o que estávamos esperando há muito tempo, só que elas chegam tão de repente e nos parecem tão perfeitas... como se tudo estivesse sendo preparado enquanto a gente se afligia no caminho de se conhecer...
O Universo não costuma seguir os nossos projetos para nos trazer o que precisamos viver... Ele tem os próprios caminhos e planos que muitas vezes nos assustam pela precisão. Quando acha que estamos prontos para mudar de rumo, pode trazer tudo prontinho e nos pede para assumir o novo...
Bom... me vi assim diante do novo e quase sem ação, quer dizer... com um pouquinho de medo, não vou negar.
Quando temos que correr riscos que irão nos levar além dos limites do conhecido... por mais que tenhamos os sinais e as confirmações.... e por mais que tenhamos pedido por isso, ainda assim podemos ter medo do novo. Pedimos por ele, mas... quando ele chega e implica em mudanças tão profundas nos nossos padrões antigos, que de tão antigos e conhecidos nos prendem... muitas vezes podemos querer fugir do que mais queremos...
Muito louco isso, não é? Por que queremos tanto a mudança e o novo, sendo que não queremos abrir mão das velhas proteções que nos dão uma suposta segurança, mas não nos levam mais a lugar nenhum...
E a minha Alma adora me chamar para lugares novos e desconhecidos... eu resisto um pouco, mas quando o Universo insiste me mostrando tantos sinais e sincronicidades que eu não tenho mais como não perceber a mão do destino agindo... acabo indo...
Estava assim, nesse ponto de ir... mas com medo de mergulhar...
Quando me vejo assim... diante de eventos onde não sei qual ação tomar, e sinto que são coisas que tenho de viver pela grande sincronicidade com que me atingem, só me resta pedir ajuda ao Grande Mistério. Quando não sei a melhor ação, sempre entrego ao Universo... que está em mim e em tudo... Depois de muitas conversas intimas e bem sinceras com o Grande Mistério, quando sempre me mostro em toda a minha fragilidade... percebi que conversava comigo mesma em um outro nível e que as respostas já estavam dentro de mim... O Grande Mistério na verdade fazia uma ponte, de um eu mais superficial para um Eu mais profundo...
aquele "Eu que sabe" .
E isso aconteceu de forma tão natural que me fez acreditar ainda mais que cada um sabe as respostas que precisa... É só buscar em seu interior...
Não importa a forma pela qual esse buscar acontece... num ritual ou em uma conversa com a Alma....

Existem muitas formas de fazermos essa ponte, mas é fundamental que a gente faça, de uma forma ou de outra, porque estamos num momento onde é muito importante que cada um encontre a sua conexão com o Sagrado e que siga essa voz... porque é a única que sabe te guiar pelos caminhos que vão te propiciar maior crescimento e mais felicidade...

Rubia A. Dantés é designer, produz mandalas baseando-se em meditações e também estudiosa da cultura Maia.

Seleção feminina embarca nesta sexta para treinos na França


Judô - (29/06/2006 16:19:25)
Seleção feminina embarca nesta sexta para treinos na França
São Paulo (SP) - A seleção feminina de judô do Brasil embarca nesta sexta-feira para a temporada de treinamentos na França, com primeira parada marcada para Castedefells e segunda para Paris. Este será o primeiro contato das meninas neste ano com as principais judocas européias, já que no primeiro semestre a prioridade foi trabalhar ao lado das adversárias pan-americanas.
“Será um treinamento muito forte e uma ótima oportunidade de avaliarmos nosso físico, algo que trabalhamos bastante no começo do ano”, garantiu a ligeiro Daniela Polzin, medalha de prata no Campeonato Pan-americano 2006.
Danielle Zangrando, que também ficou em segundo lugar no Pan deste ano, concorda com a companheira. “As judocas européias têm mais força física do que nós e será importante para o Brasil esse treinamento conjunto. Treinamos intensamente nosso condicionamento”, enfatizou Zangrando.
A equipe feminina viaja para a França com Daniela Polzin (-48kg), Danielle Zangrando (-57kg), Vânia Ishii (-63kg), Kelly Silva (-70kg), Edinanci Silva (-78kg), Aline Puglia (+78kg) e Priscila Marques (+78kg). A técnica é Rosicleia Campos.
A equipe masculina do Brasil, que foi antes, fica em Paris até o próximo sábado, treinando em companhia de França, Japão e Rússia, em estágio apenas para países convidados pela Federação Francesa de Judô. O meio-médio Flávio Canto, no entanto, tem uma tarefa extra. Ele dará duas palestras sobre técnicas de chão para professores e técnicos locais.
De lá, a equipe vai para Belarus, para treinar com atletas do leste europeu até o dia 7 de julho. O objetivo é a preparação para o Campeonato Mundial por Equipes, que acontece em setembro, em Paris.
Fonte: Gazeta Esportiva - São Paulo, SP, Brazil - http://wwwd.gazetaesportiva.net/


Grande Sertão: Veredas, João Guimarães Rosa

"O senhor... Mire e veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão".

Cuitelinho - Folclore, coletado por Paulo Vanzolini e Antonio Xandó


Cuitelinho
Folclore, coletado por Paulo Vanzolini e Antonio Xandó

Cheguei na beira do porto,
onde as ondas se espáia.
As garça dá meia volta,
e senta na beira da praia.
E o cuitelinho não gosta,
Que o botão da rosa caia, ai, ai, ai.

Ai quando eu vim de minha terra,
despedi da "parentaia".
Eu entrei no Mato Grosso,
Dei em terras paraguaia.
Lá tinha revolução,
Enfrentei fortes bataia, ai, ai, ai.

A tua saudade corta,
Como aço de navaia.
O coração fica aflito,
Bate uma, a outra faia.
E os óio se enche d’água,
Que até a vista se atrapaia, ai, ai, ai.

Pra Quem Ainda Vier a me Amar - Roberto Freire


Pra Quem Ainda Vier a me Amar
Roberto Freire
Quero dizer que te amo só de amor.
Sem idéias, palavras, pensamentos.
Quero fazer que te amo só de amor.
Com sentimentos, sentidos, emoções.
Quero curtir que te amo só de amor.
Olho no olho, cara a cara, corpo a corpo.
Quero querer que te amo só de amor.
São sombras as palavras no papel.
Claro-escuros projetados pelo amor, dos delírios e dos mistérios do prazer.
Apenas sombras as palavras no papel.
Ser-não-ser refratados pelo amor no sexo e nos sonhos dos amantes.
Fátuas sombras as palavras no papel.
Meu amor te escrevo feito um poema de carne, sangue, nervos e sêmen.
São versos que pulsam, gemem e fecundam.
Meu poema se encanta feito o amor dos bichos livres às urgências dos cios e que jogam, brincam, cantam e dançam fazendo o amor como faço o poema.
Quero a vida as claras superfícies onde terminam e começam meusamores.
Eu te sinto na pele, e no coração.
Quero do amor as tenras superfícies onde a vida é lírica porque telúrica, onde sou épico porque ébrio e lúbrico. Quero genitais todas as nossas superfícies.
Não há limites para o prazer, meu grande amor, mas virá sempre antes, não depois da excitação.
Meu grande amor, o infinito é um recomeço.
Não há limites para se viver um grande amor.
Mas só te amo porque me dás o gozo e não gozo mais porque eu te amo.
Não há limites para o fim de um grande amor.
Nossa nudez, juntos, não se completa nunca, mesmo quando se tornam
quentes e congestionadas, úmidas e latejantes todas as mucosas.
A nudez a dois não acontece nunca, porque nos vestimos um com o corpo do outro, para inventar deuses na solidão do nós.
Por isso a nudez, no amor, não satisfaz nunca.Porque eu te amo, tu não precisas de mim.
Porque tu me amas, eu não preciso de ti.
No amor, jamais nos deixamos de completar.
Somos, um para o outro, deliciosamente desnecessários.
O amor é tanto, não quanto.
Amar é enquanto, portanto.
Ponto.

Lá no Água Grande
ALDA DO ESPÍRITO SANTO
Lá no Agua Grande a caminho da roça
negritas batem que batem co'a roupa na pedra.
Batem e cantam modinhas da terra.
Cantam e riem em riso de mofa
histórias contadas, arrastadas pelo vento.
Riem alto de rijo, com a roupa na pedra
e põem de branco a roupa lavada.
As crianças brincam e a água canta.
Brincam na água felizes...
Velam no capim um negrito pequenino.
E os gemidos cantados das negritas lá do rio
ficam mudos lá na hora do regresso...
Jazem quedos no regresso para a roça.

A Abóbora Menina
ANA PAULA RIBEIRO TAVARES
Tão gentil de distante, tão macia aos olhos
vacuda, gordinha,de segredos bem escondidos
estende-se à distância
procurando ser terra
quem sabe possa
acontecer o milagre:folhinhas verdes
flor amarela
ventre redondo
depois é só esperar
nela desaguam todos os rapazes.
Benguela, 83

THIAGO DE MELO


A maior dor sempre foi e será sempre
não se poder dar amor a quem se ama,
sabendo que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Thiago de Melo

FREUD EXPLICA UNHEIMLICH - Braulio Tavares


Freud explica o Unheimlich
Por Braulio Tavares

Um conceito fundamental da Literatura Fantástica é o que Freud chamou “das Unheimlich”. O equivalente inglês é “the Uncanny”, que meu dicionário Webster traduz assim: “Estranho, misterioso; sinistro; excepcional, incomum (p. ex., ‘uncanny ability’, habilidade excepcional); fantástico, sobrenatural; (dialetal) perigoso”. Mike Ashley (“The Encyclopedia of Fantasy”, ed. John Clute & John Grant), explica: “Embora usado com freqüência para descrever qualquer coisa estranha ou inusual, o sentido estrito da palavra se refere a algo além do nosso conhecimento, além do nosso alcance, portanto não é necessariamente algo sobrenatural. Tzvetan Todorov, em sua classificação do Fantástico, colocou o “uncanny” no extremo mais racionalizado de sua escala. Contudo, já que ele está fora do nosso entendimento, costuma trazer consigo conotações óbvias de medo, e por isto o termo é frequentemente usado tanto em relação ao Horror quanto ao Sobrenatural.”

Decidi recorrer pessoalmente ao Dr. Freud. Em seu artigo clássico sobre o tema ele diz que o “Unheimlich/Uncanny” não deriva seu terror de alguma coisa externa, estranha ou desconhecida, mas, pelo contrário, de algo estranhamente familiar, que tentamos afastar de nós, mas que resiste aos nossos esforços. Freud lança mão de um pequeno episódio autobiográfico para exprimir essa sensação. Diz ele que certa vez estava visitando pela primeira vez uma cidadezinha italiana, numa tarde quente de verão, quando, caminhando sozinho e a esmo, descobriu que tinha ido parar numa área que ele, pudicamente, evita nomear, mas descreve assim:

“Encontrei-me num bairro sobre cuja natureza eu não poderia ficar em dúvida por muito tempo. Nas janelas das pequenas casas eu via apenas mulheres maquiladas, e apressei o passo para afastar-me daquela rua estreita na próxima esquina. Depois de andar por algum tempo sem pedir instruções, de repente vi-me de volta à mesma ruela, onde minha presença já começava a atrair as atenções. Apressei o passo novamente, somente para descobrir, depois de tomar outro rumo, que estava desembocando no mesmo lugar pela terceira vez. Nesse instante fui invadido por um sentimento que posso apenas denominar de ‘Unheimlich’, e tive um profundo alívio quando me vi de volta à pequena ‘piazza’ por onde havia passado um pouco antes, sem me aventurar em outros passeios de descoberta”.

Agora me digam: tem história mais freudiana do que esta?! Um respeitável médico austríaco visita uma cidade estrangeira, onde ninguém o conhece. Aí sai para passear sozinho. De repente, não mais que de repente, percebe que chegou na Zona. Como diabo o senhor chegou ali, Dr. Freud? Que acaso, ou distração, o levou justamente ao Rói-Couro local? E quando quis sair de lá, por que quis fazê-lo “sem pedir instruções”, e acabou voltando? E por que chamou a isso “passeios de descoberta” (“voyages of discovery”)?! Dr. Freud, Dr. Freud... Conte essa história direito!!

Braulio Tavares é escritor e compositor, e este artigo foi publicado em sua coluna diária sobre Cultura no "Jornal da Paraíba" (http://jornaldaparaiba.globo.com).
Fonte: Cronocópios - http://www.cronopios.com.br/

Judo Clube Algarve conquista Torneio de Albufeira


Judo Clube Algarve conquista Torneio de Albufeira
O Judo Clube do Algarve sagrou-se vencedor por equipas, colocando um total de nove atletas no 1º lugar do pódio, na segunda edição do Torneio Cidade de Albufeira, no passado domingo.
Na segunda posição por equipas, ficou o Clube Recreativo Alturense e o último lugar do pódio foi ocupado pelo Judo Clube de Portimão. Neste torneio, participaram cinco clubes da Associação Distrital de Judo do Algarve, nomeadamente o Judo Clube de Albufeira (10 atletas), Judo Clube do Algarve (25 atletas), Judo Clube de Portimão (11 atletas), Clube Recreativo Alturense (21 atletas), bem como um clube da Associação de Judo de Beja, a secção de judo dos Bombeiros Voluntários de Alvito (seis atletas). O JCA sagrou-se vencedor da segunda edição deste torneio, tendo já vencido a primeira edição no ano passado, sendo que a Taça Cidade de Albufeira só será entregue ao clube vencedor por três anos consecutivos, pelo que o JCA está em boa posição para conquistar o troféu.

30 de Junho de 2006 09:51
Fonte: Barlavento Online - Portimão, Algarve, Portugal - http://www.barlavento.online.pt/

SEGREDO - Carlos Drummond de Andrade


SEGREDO
Carlos Drummond de Andrade
A poesia é incomunicável
Fique torto no seu canto.
Não ame.
Ouço dizer que há tiroteio
ao alcance de nosso corpo.
É a revolução? o amor?
Não diga nada.
Tudo é possível, só eu impossível.
O mar transborda de peixes.
Há homens que andam no mar
Como se andassem na rua.
Não conte.
Suponha que um anjo de fogo
varresse a face da terra
e os homens sacrificados
pedissem perdão.
Não peça.

Ponta Porã é campeão Estadual de judô em Naviraí


Ponta Porã é campeão Estadual de judô em Naviraí


ESPORTE - PONTA PORÃ - MS
Mato Grosso do Sul, Quinta-Feira, 29 de Junho de 2006 - 17:48

Ponta Porã é campeão Estadual de judô em Naviraí

A equipe de Judô de Ponta Porã se consagrou como campeã estadual por equipe na categoria masculino. A equipe da categoria feminino ficou com a segunda colocação geral. A equipe da Funcespp é comandada pelo professor Nicodemos Filgueiras Junior.Para Nico, a equipe de Ponta Porã conseguiu um importante resultado. “Esperava muito empenho de nossos atletas, o resultado foi muito comemorado, mas eu sabia da qualidade dos nossos judocas. Disputamos a competição para chegarmos em primeiro e conseguimos”, disse. O diretor-presidente da Funcespp (Fundação de Cultura e Esporte de Ponta Porã), Adir Teixeira, ficou contente ao saber da boa classificação dos atletas da fronteira. “Isso mostra que estamos desenvolvendo o trabalho de forma correta, em dois anos conseguimos resultados expressivos. Isso é possível a partir do apoio do prefeito Flávio Kayatt. O trabalho sério sempre dá bons resultados. O título no judô é um grande exemplo disso”, disse.Confira os resultados da equipe de Ponta Porã: INFANTIL-MASC//SUPER-LIGEIRO, -28KG : 1o lugar Alan Nakaia, 2o lugar Álvaro Henrique Araújo. INFANTIL - MASC//MEIO-LEVE, -33KG: 1º lugar Hugo Bachi Araújo. INFANTIL-MASC//MEIO-MÉDIO, -40KG: 1o lugar Guilherme Mendes. INFANTO-JUVENIL - FEM//MEIO-LEVE, -34KG: Aline Benites 1o lugar. INFANTO-JUVENIL - FEM//MEIO-MÉDIO, -42KG: Patrícia Ramires. INFANTO-JUVENIL - FEM//MÉDIO, -48KG: Ane Carine 2 lugar. INFANTO-JUVENIL - FEM // PESADO, +53KG: Daiane Nunes 2o lugar. INFANTO-JUVENIL - MASC//LEVE, -38KG: Leonardo Salcedo. INFANTO-JUVENIL - MASC//MÉDIO, -48KG: Vinicius Tanaka 1o Lugar. PRÉ-JUVENIL-FEM//LIGEIRO, -40KG: Bruna Salcedo, 2o Lugar e Thaismara Fernandes 3o lugar. PRÉ-JUVENIL - FEM//MEIO-LEVE, -44KG: Brenda Castro, 1o lugar. PRÉ-JUVENIL - FEM//MEIO-MÉDIO, -53KG: Geisiane Molina, 1 lugar. PRÉ-JUVENIL-FEM//MÉDIO, -58KG: Daniele Nunes, 1o lugar. PRÉ-JUVENIL - FEM//MEIO-PESADO, -64KG: Merlin Raquel, 2o lugar. PRÉ-JUVENIL-FEM//PESADO, +64KG: Francielli Torres, 2o lugar. PRÉ-JUVENIL-MASC//MEIO-MÉDIO, -53KG: Marcos Mendes, 3o lugar. PRÉ-JUVENIL-MASC//PESADO, +64KG: Leonardo Penzo e Marcos Vaz, ambos 3o lugar. JUVENIL -FEM//LIGEIRO, -44KG: Dariane Wider, 1o lugar. JUVENIL - FEM//MEIO-LEVE, -48KG: Gabriela da Silva, 2o lugar. JUVENIL - FEM//MÉDIO, -63KG: 3a Natalia Nadia, 30 lugar. JUVENIL - FEM//MEIO-PESADO, -70KG: Natalia Aranda, 2o lugar e Adriana Benites 3o lugar. JUVENIL - MASC//LEVE, -66KG: Robson Calonga, 1o lugar, Rodrigo Vieira e Jonatan Chaves 3o lugar. JUVENIL - MASC//MEIO-MÉDIO, -73KG: Rodrigo Amaro, 2o lugar, Rodrigo Dalmo, 3o lugar. JUVENIL - MASC//PESADO, +90KG: Elikson André Lencina, 2o lugar. JUNIOR - MASC//LIGEIRO, -66KG: Alexandre Messa, 2o lugar. JUNIOR - MASC//PESADO, +100KG: Bruno Oliveira, 2o lugar. SÊNIOR - FEM// LIGEIRO, -48KG: Rosileide Bernal, 1o lugar. SÊNIOR - FEM//MEIO-LEVE, -52KG: Priscila Arce, 2o lugar. SÊNIOR - MASC//MEIO-LEVE, -66KG: José Marcos, 1o lugar. SÊNIOR - MASC//MEIO-PESADO, -100KG: Rui Thomas Kieling 3o lugar e Georges Ibrahim, 3o lugar.No geral masculino: Funcespp (Ponta Porã) – Campeã; Vice-campeão: Clube Sakurá de Judô; e terceiro colocado: Samambaia Judô Clube.No geral feminino: Naviraí foi campeã; Vice-Campeã: Funcespp (Ponta Porã); e terceiro colocado Clube Judokan de Dourados.

Fonte: Agora MS - Dourados, MS, Brazil - http://www.agorams.com.br/

Judocas treinam em Paris


Judocas treinam em Paris
Seleção masculina de judô faz treinamento específico pela Europa
Fonte: GLOBOESPORTE.COM
SELEÇÃO FEMININA DE JUDÔ VAI À EUROPA
Judocas treinarão com equipes mais fortes para avaliar condicionamento
PARIS - A equipe masculina do Brasil já esta fazendo seus treinamentos na Europa. A seleção está em Paris até o próximo sábado, dia 1º de julho, treinando em companhia de França, Japão e Rússia, em um estágio apenas para países convidados pela Federação Francesa de Judô.
De lá, a equipe vai para a Bielorrússia, para treinar com atletas do leste europeu até o dia 7 de julho. O objetivo é a preparação para o Campeonato Mundial por Equipes, que acontece em setembro, em Paris.
Fonte: GloboEsporte.com - Rio de Janeiro, RJ, Brazil - http://globoesporte.globo.com/

Sorocaba realiza a 2ª Semana do Escritor


Sorocaba realiza a 2ª Semana do Escritor
Entre os dias 25 e 30 de julho, a cidade de Sorocaba receberá uma numerosa participação de escritores de todo o país e do exterior, que estarão se reunindo para participar da Segunda Semana do Escritor. O evento, além de divulgar obras, será palco para discussão de idéias. Na ocasião acontecerá o lançamento da antologia Roda Mundo 2006, que reúne, em sistema de cooperativa, escritores e poetas - entre brasileiros e estrangeiros. Serão textos, nas línguas portuguesa e espanhola, que refletem diferentes estilos, tendências, culturas e maneiras de enxergar o mundo.
Outras informações pelo e-mail douglara@uol.com.br
(telefone 15-3227-2305) ou

Virgem Viagem por Luiza de Marillac Bessa Luna Michel


Virgem Viagem
Luiza de Marillac Bessa Luna Michel
Do perfume ainda discreto
Ecos vibrantes de elegância
Em inúmeras surpresas
Mistérios reunidos
Ressonâncias sem fim
O sentimento sempre
Terá razão absoluta
Em minha luta de tempestades
Que assustam e apavoram
Trazendo o parto da claridade
A seiva não se apressa
O verão sempre chega
E o inverno me aconselha
Que a paciência é tudo
No mundo de paixão e mágicas
Fenômeno desprovido de posse
Amadurece viril e puro
O dia sem mancha - a virgindade
Experimentou a arte e denegriu-se
Colorindo as páginas do romance
Num esquecimento do mundo
Passeando por Paris e Veneza
Molhando-se na Garganta do Diabo
E vendo Deus em cada gota d´água
Inclinada ao eterno encontro
Imenso ao redor de mim
E dentro e fora e ao lado
Que todo de sensações e emoções...
Luiza de Marillac Bessa Luna Michel
Luiza de Marillac. Autora é formada em Jornalismo e Letras. Escreve contos, crônicas, poesias e é tradutora intérprete Língua Inglesa-Língua Portuguesa. Possui alguns livros publicados, sendo que o mais prestigiado chama-se Mutação. Professora e assessora de comunicação.

A DONZELA E A LUA - Nadir A D´Onofrio


A DONZELA E A LUA
Nadir A D´Onofrio
Tal qual noviça
Donzela e pura
Ofereço uma oração
Ao despontar a manhã...
Vendo a lua ainda a brilhar
Tomada por encanto e magia
Lépida me pus a dançar...
O sol invejou esse momento
Quebrou meu encantamento
Brilhando com todo esplendor
Ofuscando da lua o brilho inspirador...
A noite não demora chegar!
Vá lua, deusa amiga
Volte depois pratear essa terra
Aqui me encontrará... nua a dançar...
12/05/2006
Santos SP

Five medals for judo club in Games


Five medals for judo club in Games
Jun 29 2006
By Paul Anthony

YOUNGSTERS in Southend put up a fight and came away with five medals.
Five members of Southend Judo Club took part in the Essex Youth Games last weekend and each won a medal at the tournament held at Garrens Park.
Gold medal winners for the club included Dylan Callahghan, Kierern Lisovski and Joe Base, while Luke Bird won silver and Jodie Lisovski scooped a bronze.
John Horrigan, club coach, said: "Every player trained very hard for the competition and it paid off. To win this many medals was outstanding for all involved and a credit to their skill."
Fonte: ic Essex.co.uk - Essex, UK - http://icessex.icnetwork.co.uk/

LILA BRIK - TEMPESTADE E CAIS - Neide Rezende


LILA BRIK - TEMPESTADE E CAIS - Neide Rezende
Lila Brik era casada com o editor Oto Brik, quem primeiro comprou as produções do poeta, a cinquenta copeques por linha. Era formosa, corpo diminuto, frágil e sensual, olhos escuros e profundos. Mulher de personalidade múltipla e cambiante, de grande intuição e versatilidade artística, capaz de escrever, pintar, modelar, dançar e representar.
Era "triste, alegre, feminina, caprichosa, vazia, inconsciente, inteligente, trabalhadora, quando trabalhava, enamorada sempre. Mas era pequeno-burguesa; só queria mimos, comodidades." (Chklóvski).
Elsa Triolet (a poetisa) traça o seguinte perfil da irmã:
"... a cabeça ruiva jogada para trás, mostrava todos os dentesesplêndidos, sólidos, na boca grande, pintada, os olhos castanhos muito redondos, iluminados, num rosto com esse excesso de expressão quase indecente de intensidade, que faz com que, jovem ou velha, com tez miraculosa, ou toda enrugada, os transeuntes sempre se voltem à sua passagem."
Lila e Maiakóvski moraram juntos em mais de um lugar. Nos finais de semanaa casa se enchia com uma multidão de amigos...Todos os bichos tinham um lugar de honra na casa de Lila e Maiakóvski. Entretanto, a "casa de Lili e Maiakóvski" não se consolidaria. Fatores diversos o impediriam: a vida duríssima daqueles tempos, a guerra, a peste, ou a NEP, a falta de dinheiro, as viagens ou as batalhas políticas, mas, sobretudo, o temperamento de ambos, o do poeta, especialmente, que sabia em consciência não ser "um homem Cômodo". A desmedida sensibilidade do poeta- tão bem espelhada nas hipérboles que lhe recheiam os versos. Com o ardor que punha em tudo, buscava ser feliz e desejava que todos o fossem. Em meio às tremendas lutas que travava, não abria mão do ideal de um amor novo, de concepção mais elevada, entre o homem e a mulher. E então, ao lado da poesia política, de combate duro. ou mesmo dentro dela, confessava-se. desabafava, sonhava ou penitenciava-se, em poemas de amor. Mas, na vida quotidiana, ainda praticava a " desgraçada infidelidade". Ele conheceu Lili em julho de1915 e desde então dedicou-lhe quase que a totalidade de sua obra. Apesar do fracasso das tentativas de vida em comum, Lila continuaria a ser até o fim, a bem-amada, a amiga, a confidente, a musa. Lila era seu melhor ancoradouro, seu verdadeiro porto seguro. Com um só gesto, ela apaziguava qualquer de suas tempestades.

quinta-feira, junho 29, 2006

A CHACINA (Mário Palmério)


A CHACINA
(Mário Palmério)
Acostumado a levantar-se cedo e ir logo ao Forum, Seu Juca Meirinho ali chegou pouco antes das sete da manhã, malgrado o frio e a ausência do Juiz de Direito.
Sabia da reunião marcada para as oito horas entregara, na véspera, por ordem do Dr. Damasceno, a chave da porta de entrada do sobrado ao Sargento-Ordenança e desejava, agora, pôr-se à disposição do delegado militar. Abriria o café do vão da escada e, vez ou outra, acharia desculpa para ir até o andar de cima, conforme recomendara o doutor, a fim de verificar se não tentavam fuçar pelo quartinho fechado, cheio de roupas e outras coisas particulares, além de tanto livro e papelada. A porta estava aberta, de sentinela embalada. Mais velho que o sobrado era o Juca Meirinho varredor e cafeteiro no antigo Forum, e já rapazote e já taludo, quando da construção e instalação do novo o prédio acabou como por ser casa, coisa sua, e o oficial de justiça foi entrando, distraído, pensando no café do Capitão e das outras pessoas por chegar.
Alto! o cavalariano atravessou-lhe o passo.
Assustado com o berro, a feia catadura e a declarada má-inclinação da sentinela a fera estava armada de máuser, sabre e mosquetão, as cartucheiras pesadas de tanta bala mal pôde o Juca Meirinho gaguejar:
Mas eu sou o oficial de justiça... O doutor... O Doutor Juiz de Direito... Aqui não tem juiz de direito nenhum!
O Forum ’tá requisitado. Se arretire!
O jeito era afastar-se, como ordenava o soldado, e foi o que fez o Juca, sem abrir mais a boca, cruzando a Praça e indo postar-se na esquina da confeitaria. Quando aparecesse o Capitão reclamasse o café, que viessem ali chamá-lo... E, se o homem azedasse, paciência!: o volantezinho malcriado da porta do Forum, então, que ouvisse...
Erguia-se a manhã, ainda fria e nevoenta, e principiava a encher-se o Largo das Mercês. Abriam-se as portas da Confeitaria do Cucute, as das lojas e outras casas de negócio abriam-se as janelas dos sobrados que davam para a Praça. Iam e vinham as normalistas descia dos altos o povo do comércio, subiam os que voltavam do Mercado.
Encostava-se ao ponto o primeiro carro-de-praça, quando o relógio da Matriz deu as sete horas, e começou a apitar a serraria-carpintaria do Seu Costinha da Força-de-Luz, lá no Alto da Estação. Mais um dia! pensava o Juca Meirinho, de pé na esquina, curtindo a mágoa causada pelos gritos da sentinela. Felizmente, porém, o Governo já havia mandado chamar, com urgência, o doutor... Seu Polinésio da Estação falara, muito em segredo, na véspera, depois que partira o Dr. Damasceno, sobre um telegrama do Dr. Tancredinho para o pai, o Coronel Americão: as coisas, na Capital, corriam bem, pois o rapaz se declarava muito satisfeito... Decerto a viagem o Dr. Damasceno Soares era para fecharem, por lá, algum acordo, acertarem tudo com o Coronel Americão, mandarem embora o Capitão Eucaristo e a soldadesca dele...
Sim concordava com Seu Polinésio da Estação o Juca Meirinho o Dr. Damasceno, pessoa tão religiosa, não podia estar apoiando, no íntimo, as barbaridades da Captura: o Dr. Jojoca, coitado criatura tão alegre, um mão-aberta, brincalhão... O inofensivo do Quincota, esse, o mal dele era somente aquela mania de futricar, meter a colherzinha-torta onde não devia... Que limpassem a cidade do banditismo, que se pusesse um freio aos abusos do Coronel Americão Barbosa... havia mesmo necessidade de um pouco mais de energia por parte do Governo...; mas sem tanta malvadeza e violência! Prenderem o Clodulfo era merecido: culpado de tudo, o alma-negra de Santana do Boqueirão, o espírito-mau que atuava na sombra... Sim. Precisavam de acabar com tanto crime, tanta jagunçada: não passava uma semana sem nova façanha da quadrilha do Cludolfo: a última Santana do Boqueirão inteirinha já sabia dela a história do José de Arimatéia em Campanário... Passou pela esquina o Xico das Moças murchozinho, as mãos cruzadas nas costas, olhando pro chão, parecia até que falando sozinho. Oito filhas-mulheres, o azarado! E todas solteiras ainda... Decerto nem dormir ele não podia mais, com o fechamento da Lotérica... Viver, agora, de que, o pobre do Seu Xico? Sustentar de que maneira a mulherada em casa, se a única ocupação que sabia ele desempenhar era vender bilhete e encher talão de bicho? Deus havia de ajudar porém suspirou o Juca Meirinho. O Dr. Damasceno acharia jeito de normalizar, na Capital, a ruim situação, deixar, pelo menos, aberto o jogo... Ali estava ele sim, ele também, Seu Juca Meirinho do Forum com um rombo danado na feriazinha... Brincando, brincando, eram lá os seus oitenta, os seus cem-mil-réis o que rendia, em comissão, e todo mês, o talãozinho dos advogados e do pessoal aos cartórios justo o que pagava do aluguel de casa.
Os primeiros a chegar passava pouco das sete-e-meia foram o Capitão Eucaristo Rosa e o Sargento Hermenegildo. De passo descansado atravessaram pelo meio do Largo sem se deterem na esquina ou na confeitaria e entraram logo no Forum.
A notícia da reunião correra pela cidade, e começava a juntar mais gente na Praça, nas portas das casas de comércio, nas janelas. Próximos do Forum, na calçada, a porção de cavalarianos do Destacamento de Capturas, armados e municiados fartamente se via pelas cartucheiras estufadas, pendentes dos cinturões.
Demonstração de força era o comentário geral. Maneira d’o Capitão Eucaristo obrigar o Coronel Americão a ceder a tudo, sujeitar-se por completo às imposições, entregar à Captura os jagunços que faltavam. Todos já estavam a par das boas notícias mandadas ao pai pelo Dr. Tancredinho, e do telegrama, também, chamando o Juiz de Direito. Não demoraria a ordem para que a Captura se retirasse de Santana do Boqueirão. E o Capitão Eucaristo aproveitava o pouco tempo que lhe restava: iria embora, iria, mas depois de dobrar a arrogância do Coronel Americão, deixar o chefão de Santana humilhado, desmoralizado por completo...
Cederia o Coronel? Afinaria frente ao aparato da Captura e às ameaças do Capitão? perguntavam, a si mesmos e uns aos outros, os santanhenses reunidos no Largo das Mercês, parados de curiosidade e expectativa.
Não eram ainda as oito horas quando apontaram na esquina do alto da Praça certamente que vindos da casa do Coronel Américo Barbosa, concentrados ali, primeiramente os chefes do Diretório convocados pelo Capitão Eucaristo Rosa. Quase todos, ausente do grupo apenas Seu Valério Garcia, o Delegado Municipal. Na frente, os principais: o Coronel Americão e o Coronel Calixtrato, este de bengala e chapéu-panamá, emproadão e pedante como sempre. Atrás, os outros três: o Major Hipólito, Seu Josué Malaquias e o Coronel Ludgero Alves.
Desciam o Largo pela calçada da Força-e-Luz, atravessavam-no junto ao ponto dos carros-de-praça, passaram pelos soldados espalhados nas imediações do Forum. Entraram no sobrado como se em um daqueles dias de eleição, na hora de encerrá-la, lavrarem as atas e combinarem o foguetório, a passeata... alguém se lembrou. Sim, apenas os chefes do Diretório do Coronel Américo Barbosa podiam, nessas ocasiões, entrar no edifício guardado pelos jagunços de carabina: a oposição que esperasse do lado de fora, se estrebuchando de raiva, ciente já do resultado...
À porta do sobrado, a sentinela; dentro, no saguão dos cartórios e ao pé da escada, outro volante um cabo, embalado também. Ninguém mais.
Podem subir... o Cabo Zeca Branco disse. O Capitão já ’tá esperando lá em cima.
Subiram os dois lances da escadaria. No topo, à porta do salão de júri, o Sargento Hermenegildo:
Os senhores entrem... Vou avisar o Capitão Comandante... Mas, ’tá faltando um...
Seu Valério Garcia já deve de ’tar chegando o coronel Americão disse. Mandou me avisar que vinha direto pr’aqui... Ele mora logo em frente, na esquina da igreja...
Os cinco assentaram-se em torno da mesinha onde o Juiz de Direito costumava presidir às audiências e ouvir as testemunhas. O Sargento apressou-se em vir avisar o Capitão da chegada do coronel e companheiros. O Delegado Especial Militar estava no gabinete reservado, do Doutor Juiz de Direito o Sargento Hermenegildo explicara, antes de deixar o salão.
Demorou-se, porém, muito pouco, voltando com a ordem do Capitão Eucaristo:
O Capitão Comandante quer falar primeiro com o Coronel Américo Barbosa... Em particular...
Vazio o corredor, apenas mais outra sentinela um praçazinho miúdo, preto tal qual o Sargento Hermenegildo , essa colocada junto à porta fechada do gabinete do Juiz o Coronel Américo Barbosa observou, enquanto caminhava seguido do Ordenança. O soldadinho entreabriu a porta, esperou que o coronel entrasse, espremido, por ela, e fechou-a novamente. O Sargento voltou ao salão de júri. Correram alguns minutos. A sentinela foi então quem veio chamar:
É para ir também o Coronel Calixtrato.
Me acompanhe! ríspido, feio, o Sargento Hermenegildo ordenou.
Lá se foi também, chapéu-panamá e bengalão nas mãos, escoltado pelo Ordenança, o Coronel Calixtrato Barbosa. A sentinela abriu-lhe meia porta repetiu a cerimônia e o Agente Executivo de Santana do Boqueirão entrou na saleta do fundo do corredor.
Nesse meio-tempo, o Coronel Ludgero Alves, incomodado com a demora do Valério Garcia já havia dado as oito horas o relógio da Matriz levantara-se e fora até a uma das janelas do sobrado para olhar o Largo. Espiou, primeiro, para o relógio cinco minutos já de atraso! e avistou, em seguida, o Valério que cruzara o jardim, apressado, pelos lados do coreto
O Coronel Ludugero! chamou, alto, da porta do salão, o Sargento Hermenegildo, depois de receber outro recado da sentinela. Me acompanhe!
Tratados que nem menino de escola!... mal se continha, remoendo o ódio, o velho Coronel Ludugero Alves. Fazendo chamada, o atrevidaço do Capitão, e por um crioulão boçal daqueles... Mas deixou a janela e acompanhou o Ordenança pelo corredor. Chegados à porta fechada do gabinete do Juiz de Direito, a sentinela levou a mão à maçaneta.
Foi quando o Coronel Ludgero Alves viu então: debaixo da porta, infiltrando-se pela fresta rente ao assoalho, a coisa começava a escorrer sobre as tábuas larga e grossa, e vermelha bicazinha...
Sangue! o velho, de instantâneo, tudo percebeu: o Americão, o Calixtrato!... Num arranco inesperado para trás, conseguiu esgueirar-se por entre o sargento e a sentinela, e tropegar rumo à escadaria:
’tão matando a gente! ’tão matando! o Coronel Ludgero disparou a gritar que nem um alucinado. Mas não conseguiu alcançar nem o fim do primeiro lance da escada, lento de pernas, idoso demais para vencer os degraus estreitos e quase a pique. Alcançado pela linda pontaria do Sargento Hermenegildo, caiu por ali mesmo, picado pela rajada seca dos terríveis tiros curtos, de aço, de pistola-máuser.
Logo ao primeiro grito do Coronel Ludgero Alves, muitas portas, até então fechadas, se escancararam, ali por dentro do casarão do Forum. Do gabinete reservado, onde haviam sido massacrados os coronéis Americão e Calixtrato, saíram três cavalarianos, mascarados de sangue, machadinha em punho um deles o Cabo Salvador, o que, trepado na cadeira colocada atrás da porta, fora incumbido de golpear, em primeiro e na cabeça, à medida que entravam os condenados ao abate, conduzidos um por um pelo Sargento Hermenegildo. O Capitão Eucaristo Rosa, esse rompeu, carabina engatilhada, do banheiro pegado ao quarto de dormir do Juiz de Direito, na outra ponta do corredor. Da saleta dos advogados, vizinha ao salão do júri, do cômodo ao lado da escadaria depósito da papelada velha dos cartórios das sentinas do andar de baixo, do café de Seu Juca Meirinho... de todos os cantos e desvãos saltaram os volantes da Captura, açulados mais ainda pelos tiros da pistola do Ordenança.
Encantoados no salão, restava ao Major Hipólito e ao Josué Malaquias apenas a janela aberta pelo Coronel Ludgero, na hora em que fora ele olhar as horas e a Praça, preocupado com o atraso de Seu Valério. Para ela arremeteram-se os dois.
Das sacadas dos outros sobrados da Praça, das esquinas e calçadas, viram-nos tentar a escapada... a desesperada proeza de quererem galgar o peitoril, montá-lo, atirarem-se janela abaixo. Os pobres: velhos, encarangados de juntas... Muita gente assistiu aos dois como que a lutar um com o outro, se atrapalharem, se espremerem... enquanto, de dentro do sobradão, recomeçavam os tiros, rápidos, repetidos. Sim, venceram o parapeito da janela, galgaram-no sim, o Josué Malaquias e o Major Hipólito: transpuseram-no, precipitaram-se daquela altura... mas alçados e empurrados, depois de fuzilados pelas costas, arrojados fora pelos soldados lá de cima, para virem espatifar-se na calçada de pedras do Largo das Mercês.
Seu Valério Garcia tudo presenciou, parado no meio do Largo, estupidificado, como que estuporado da cabeça aos pés. Somente se mexeu para cair, derrubado por um balaço vindo dos altos do Forum um coice de burro, de veloz, certeiro e rijo que o atingiu na boca do estômago, quase que no centro exato da cintura.
Ocupar toda a praça fronteira ao Forum, guarnecer os cantos do jardim, as esquinas do Largo, evacuar, limpar completamente as imediações do Forum, isso foi obra de instantes para o treinado e ágil Segundo Destacamento do Capitão Eucaristo Rosa.
Quando o oficial desceu o degrau de entrada do sobrado, acompanhado do Sargento Hermenegildo, muitos santanhenses lograram vê-lo, uns através de frestas de janelas, outros por debaixo das mesas ou amoitados atrás do balcão da Confeitaria do Cucute. E ouvi-lo berrar para alguns volantes da Captura que se abeiravam dos corpos estendidos no paralelepípedo e lajes da calçada: Se afastem! Entrem em forma! Os parentes que tomem conta!
Muitos, muitos anos depois, e Seu Valério Garcia ainda contava, para quem quisesse ouvir, como escapara à chacina de catorze de maio, em Santana do Boqueirão:
Foi Seu Genésio, atacadista de pinga e rapadura, quem me segurou em casa, desde manhã cedo, fecha-não-fecha a compra da safra do Pinhém daquele ano. Se aproveitava, o velhaco, da minha pressa, mo’de a reunião... Me atrasou, acabou levando um vantajão no negócio, mas me salvou a vida, o Seu Genésio...
E também mostrava, para quem quisesse ver, o relógio de algibeira um patacão de ouro, pateque, redondão e grosso com a bala de carabina, de chumbo, encravada bem no centro: Parece até milagre, mas o soldado chegou a me enfiar o pé por debaixo do pescoço... Eu ’tava de bruço’, e ele ia começando a me desvirar, no chão, a ponta de bota... Na horinha em que o Capitão Eucaristo gritou aquela abençoada ordem!
(Chapadão do Bugre, Capítulo 40, 1965.)

As Três Experiências (Clarice Lispector)


As Três Experiências
Clarice Lispector

Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou a minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos. "O amar os outros" é tão vasto que inclui até o perdão para mim mesma com o que sobra. As três coisas são tão importantes que minha vida é curta para tanto. Tenho que me apressar, o tempo urge. Não posso perder um minuto do tempo que faz minha vida . Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca.
E nasci para escrever. A palavra é meu domínio sobre o mundo. Eu tive desde a infância várias vocações que me chamavam ardentemente. Uma das vocações era escrever. E não sei por que, foi esta que eu segui. Talvez porque para outras vocações eu precisaria de um longo aprendizado, enquanto que para escrever o aprendizado é a própria vida se vivendo em nós e ao redor de nós. É que não sei estudar. E, para escrever, o único estudo é mesmo escrever. Adestrei-me desde os sete anos de idade para que um dia eu tivesse a língua em meu poder. E no entanto cada vez que eu vou escrever, é como se fosse a primeira vez. Cada livro meu é uma estréia penosa e feliz. Essa capacidade de me renovar toda à medida que o tempo passa é o que eu chamo de viver e escrever.
Quanto aos meus filhos, o nascimento deles não foi casual. Eu quis ser mãe. Meus dois filhos foram gerados voluntariamente. Os dois meninos estão aqui, ao meu lado. Eu me orgulho deles, eu me renovo neles, eu acompanho seus sofrimentos e angústias, eu lhes dou o que é possível dar. Se eu não fosse mãe, seria sozinha no mundo. Mas tenho uma descendência, e para eles no futuro eu preparo meu nome dia a dia. Sei que um dia abrirão as asas para o vôo necessário, e eu ficarei sozinha: É fatal, porque a gente não cria os filhos para a gente, nós os criamos para eles mesmos. Quando eu ficar sozinha, estarei seguindo o destino de todas as mulheres.
Sempre me restará amar. Escrever é alguma coisa extremamente forte mas que pode me trair e me abandonar: posso um dia sentir que já escrevi o que é meu lote neste mundo e que eu devo aprender também a parar. Em escrever eu não tenho nenhuma garantia.Ao passo que amar eu posso até a hora de morrer. Amar não acaba. É como se o mundo estivesse a minha espera. E eu vou ao encontro do que me espera.

POR QUE LER OS CLÁSSICOS - Ítalo Calvino, 1981


POR QUE LER OS CLÁSSICOS (Ítalo Calvino, 1981)
Comecemos com algumas propostas de definição. Os clássicos são aqueles livros dos quais, em geral, se ouve dizer: "Estou relendo... " e nunca "Estou lendo...". Isso acontece pelo menos com aquelas pessoas que se consideram "grandes leitores"; não vale para a juventude, idade em que o encontro com o mundo e com os clássicos como parte do mundo vale exatamente enquanto primeiro encontro.O prefixo reiterativo antes do verbo ler pode ser uma pequena hipocrisia por parte dos que se envergonham de admitir não ter lido um livro famoso. Para tranqüilizá-los, bastará observar que, por maiores que possam ser as leituras "de formação" de um indivíduo, resta sempre um número enorme de obras que ele não leu. Quem leu tudo de Heródoto e de Tucídides levante a mão. E de Saint-Simon? E do cardeal de Retz? E também os grandes ciclos romanescos do Oitocentos são mais citados do que lidos. Na França, se começa a ler Balzac na escola, e pelo número de edições em circulação, se diria que continuam a lê-lo mesmo depois. Mas na Itália, se fosse feita uma pesquisa, temo que Balzac apareceria nos últimos lugares. Os apaixonados por Dickens na Itália constituem uma restrita elite de pessoas que, quando se encontram, logo começam a falar de episódios e personagens como se fossem de amigos comuns. Faz alguns anos, Michel Butor, lecionando nos Estados Unidos, cansado de ouvir perguntas sobre Emile Zola, que jamais lera, decidiu ler todo o ciclo dos Rougon-Macquart. Descobriu que era totalmente diverso do que pensava: uma fabulosa genealogia mitológica e cosmogônica, que descreveu num belíssimo ensaio. Isso confirma que ler pela primeira vez um grande livro na idade madura é um prazer extraordinário: diferente (mas não se pode dizer maior ou menor) se comparado a uma leitura da juventude. A juventude comunica ao ato de ler como a qualquer outra experiência um s

GRANDE SERTÃO: VEREDAS - João Guimarães Rosa


GRANDE SERTÃO: VEREDAS
(João Guimarães Rosa)
Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvore, no quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mocidade. Daí, vieram me chamar. Causa dum bezerro: um bezerro branco, erroso, os olhos de nem ser se viu; e com máscara de cachorro. Me disseram; eu não quis avistar. Mesmo que, por defeito como nasceu, arrebitado de beiços, essa figurava rindo feito pessoa. Cara de gente, carão de cão: determinaram era o demo. Povo prascóvio. Mataram. Dono dele nem sei quem for. Vieram emprestar minhas armas, cedi. Não tenho abusões. O senhor ri certas risadas... Olhe: quando é tiro de verdade, primeiro a cachorrada pega a latir, instantaneamente depois, então, se vai ver se deu mortos. O senhor tolere, isto é o sertão. Uns querem que não seja: que situado sertão é por os campos-gerais a fora a dentro, eles dizem, fim de rumo, terras altas, demais do Urucaia. Toleima. Para os de Corinto e do Curvelo, então o aqui não é dito sertão? Ah, que tem maior! Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos; onde um pode torar dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador; e onde criminoso vive seu cristo-jesus, arredado do arrocho de autoridade. O Urucuia vem dos montões oestes. Mas, hoje, que na beira dele, tudo dá fazendões de fazendas, almargem de vargens de bom render, as vazantes; culturas que vão de mata em mata, madeiras de grossura, até ainda virgens dessas lá há. O gerais corre em volta. Esses gerais são sem tamanho. Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniões... O sertão está em toda a parte.
Do demo? Na gloso. Senhor pergunte aos moradores. Em falso receio, desfalam no nome dele dizem só: o Que-Diga. Vôte! não... Quem muito se evita, se convive. Sentença num Aristides o que existe no buritizal primeiro desta minha mão direita, chamado a Vereda-da-Vaca-Mansa-de-Santa-Rita todo mundo crê: ele não pode passar em três lugares, designados: porque então a gente escuta um chorinho, atrás, e uma vozinha que avisando: "Eu já vou! Eu já vou!..." que é o capiroto, o que-diga... E um Jisé Simpilício quem qualquer daqui jura ele tem um capeta em casa, miúdo, satanazim, preso obrigado a ajudar em toda ganância que executa; razão que o Simpilício se empresa em vias de completar de rico. Apre, por isso dizem também que a besta pra ele rupeia, nega de banda, não deixando, quando ele quer amontar... Superstição. Jisé Simpilício e Aristides, mesmo estão se engordando, de assim não-ouvir ou ouvir. Ainda o senhor estude: agora mesmo, nestes dias de época, tem gente porfalando que o Diabo próprio parou, de passagem, no Andrequicé. Um Moço de fora, teria aparecido, e lá se louvou que para aqui vir normal, a cavalo, dum dia-e-meio ele era capaz que só uns vinte minutos bastava... porque costeava o Rio do Chico pelas cabeceiras! Ou, também, quem sabe sem ofensas não terá sido, por um exemplo, até mesmo o senhor quem se anunciou assim, quando passou por lá, por prazido divertimento engraçado? Há-de, não me dê crime, sei que não foi. E mal eu não quis. Só que uma pergunta, em hora, às vezes, clareia razão de paz. Mas, o senhor entenda: o tal moço, se há, quis mangar. Pois, hem, que, despontar o Rio pelas nascentes, será a mesma coisa que um se redobrar nos internos deste nosso Estado nosso, custante viagem de uns três meses... Então? Que-Diga? Doideira. A fantasiação. E, o respeito de dar a ele assim esses nomes de rebuço, é que é mesmo um querer invocar que ele forme forma com as presenças!
Não seja. Eu, pessoalmente, quase que já perdi nele a crença, mercês a Deus; é o que ao senhor lhe digo, à puridade. Sei que é bem estabelecido, que grassa nos Santos-Evangelhos. Em ocasião, conversei com um rapaz seminarista, muito condizente, conferindo no livro de rezas e revestido de paramenta, com uma vara de maria-preta na mão proseou que ia adjutorar o padre, para extraírem o Cujo, do corpo vivo de uma velha, na Cachoeira-dos-Bois, ele ia com o vigário do Campo-Redondo... Me concebo. O senhor não é como eu? Não acreditei patavim. Compadre meu Quelemém descreve que o que revela efeito são os baixos espíritos descarnados, de terceira, fuzuando nas piores trevas e com ânsias de se travarem com os viventes dão encosto. Compadre meu Quelemém é quem muito me consola Quelemém de Gois. Mas ele tem de morar longe daqui, da Jijujã, Vereda do Buriti Pardo... Arres, me deixe lá, que em endemoninhamento ou com encosto o senhor mesmo deverá de ter conhecido diversos homens, mulheres. Pois não sim? Por mim, tantos vi, que aprendi. Rincha-Mãe, Sangue-d’Outro, o Muitos-Beiços, o Rasga-em-Baixo, Faca-Fria, o Fancho-Bode, um Treciziano, o Azinhavre... o Hermógenes... Deles, punhadão. Se eu pudesse esquecer tantos nomes... Não sou amansador de cavalos! E, mesmo, quem de si de ser jagunço se entrete, já é por alguma competência entrante do demônio. Será não? Será?
De primeiro, eu fazia e mexia, e pensar não pensava. Não possuía os prazos. Vivi puxando difícil de difícel, peixe vivo no moquém: quem mói no asp’ro, não fantaseia. Mas, agora, feita a folga que me vem, e sem pequenos dessossegos, estou de range rede. E me inventei neste gosto, de especular idéia. O diabo existe e não existe? Dou o dito. Abrenúncio. Essas melancolias. O senhor vê: existe cachoeira; e pois? Mas cachoeira é barranco de chão, e água se caindo por ele, retombando; o senhor consome essa água, ou desfaz o barranco, sobra cachoeira alguma? Viver é negócio muito perigoso...Explico ao senhor: o diabo vige dentro do homem, os crespos do homem ou é o homem arruinado, ou o homem dos avessos. Solto, por si, cidadão, é que não tem diabo nenhum. Nenhum! é o que digo. O senhor aprova? Me declare tudo, franco é alta mercê que me faz: e pedir posso, encarecido. Este caso por estúrdio que me vejam é de minha certa importância. Tomara não fosse... Mas, não diga que o senhor, assisado e instruído, que acredita na pessoa dele?! Não? Lhe agradeço! Sua alta opinião compõe minha valia. Já sabia, esperava por ela já o campo! Ah, a gente, na velhice, carece de ter sua aragem de descanso. Lhe agradeço. Tem diabo nenhum. Nem espírito. Nunca vi. Alguém devia de ver, então era eu mesmo, este vosso servidor. Fosse lhe contar... Bem, o diabo regula seu estado preto, nas criaturas, nas mulheres, nos homens. Até: nas crianças eu digo. Pois não é ditado: "menino trem do diabo"? E nos usos, nas plantas, nas águas, na terra, no vento... Estrumes... O diabo na rua, no meio do redemunho...Hem? Hem? Ah. Figuração minha, de pior pra trás, as certas lembranças. Mal haja-me! Sofro pena de contar não... Melhor, se arrepare: pois, num chão, e com igual formato de ramos e folhas, não dá a mandioca mansa, que se come comum, e a mandioca-brava, que mata? Agora, o senhor já viu uma estranhez? A mandioca-doce pode de repente virar azangada motivos não sei; às vezes se diz que é por replantada no terreno sempre, com mudas seguidas, de manaíbas vai em amargando, de tanto em tanto, de si mesma toma peçonhas. E, ora veja: a outra, a mandioca-brava, também é que às vezes pode ficar mansa, a esmo, de se comer sem nenhum mal. E que isso é? Eh, o senhor já viu, por ver, a feiúra de ódio franzido, carantonho, nas faces duma cobra cascavel? Observou o porco gordo, cada dia mais feliz bruto, capaz de, pudesse, roncar e engulir por sua suja comodidade o mundo todo? E gavião, corvo, alguns, as feições deles já representam a precisão de talhar, para adiante, rasgar e estraçalhar a bico, parece uma quicé muito afiada por ruim desejo. Tudo. Tem até tortas raças de pedras, horrorosas, venenosas que estragam mortal a água, se estão jazendo em fundo de poço; o diabo dentro delas dorme: são o demo. Se sabe? E o demo que é só assim o significado dum azougue maligno tem ordem de seguir o caminho dele, tem licença para campear?! Arre, ele está misturado em tudo.Que o que gasta, vai gastando o diabo de dentro da gente, aos pouquinhos é o razoável sofrer. E a alegria de amor compadre meu Quelemém diz. Família. Deveras? É, e não é. O senhor ache e não ache. Tudo é e não é... Quase todo mais grave criminoso feroz, sempre é muito bom marido, bom filho, bom pai, e é bom amigo-de-seus-amigos! Sei desses. Só que tem os depois e Deus, junto. Vi muitas nuvens
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TRABALHE MELHOR E GANHE MAIS - Conceição Trucom


Trabalhe melhor e ganhe mais - Conceição Trucom

Conheça alguns Segredos Orientais

Este texto não é meu. Recebi de uma amiga, gostei muito, acrescentei um pouco e resolvi compartilhar com os amigos do Vidanova.

Colocar em prática princípios de sabedoria milenar é o real significado da espiritualidade. Renove suas atitudes e prepare-se para atrair coisas boas para sua vida.
Quem gosta do que faz, faz bem!

O DESPERTADOR TOCA e sua vontade é continuar com a cabeça afundada no travesseiro, já que o dia vai passar arrastado e nada, absolutamente nada, conseguirá motivá-la. Está na cara que você não gosta mais do que faz - ou talvez nunca tenha gostado.
"Os empregos existem para preencher necessidades concretas. Mas hoje o mais importante é a satisfação pessoal", diz o badalado guru indiano Deepak Chopra em seu livro Conexão Saúde (Best Seller).
"A infelicidade no trabalho compromete toda a existência, tornando as pessoas mais propensas a doenças e à deterioração física".
Portanto, se está faltando prazer no seu dia-a-dia, é hora de dar uma guinada: mude de chefe, de departamento, de empresa ou até de carreira.

Use o tempo a seu favor!
SEGUNDO FLÁVIA Rodrigues, especialista em gerenciamento de tempo e professora da Brahma Kumaris, de São Paulo, uma organização indiana com escolas em 86 países, há quatro síndromes que provocam desperdício de energia e diminuem a produtividade.
Síndrome da mangueira solta: típica de quem tem muita energia e capacidade, se entrega a várias tarefas, mas não define metas e não termina nada;
Síndrome de Hardy (a hiena do desenho animado, que sempre repete "Ó vida, ó azar"): atinge os pessimistas de plantão, que reclamam demais, em vez de perseguir os objetivos;
Síndrome do crítico de poltrona: própria das pessoas que, apesar de terem capacidade e propósitos definidos, não encontram ânimo para ir à luta - e ficam paradas, criticando;
Síndrome da bicicleta ergométrica: é o mal do profissional que "pedala" sem parar, mas não sai do lugar. Ou seja, ele faz, faz, faz... Porém, nunca realiza nada importante. Todo o seu empenho é gasto nas pequenas tarefas de emergência que surgem durante o expediente.
Não importa com qual tipo você se identifica. "Priorize as tarefas de acordo com seus propósitos e suas metas individuais. E planeje, procurando prever os desafios".

"Quem sou eu?"
NÃO SE CANSE DE fazer essa pergunta. Se pretende crescer na profissão e na vida, vai precisar olhar para dentro de si, descobrir seus desejos, medos, interesses e também seus limites. No Oriente, o autoconhecimento é tido como o melhor caminho para alcançar a sabedoria. "Quando você descobre sua natureza essencial, quando sabe realmente quem é, encontra toda a sua potencialidade", diz Chopra. "É no conhecer-se que reside a capacidade de realização de todos os sonhos." Há várias maneiras de alcançar tal objetivo: exercitar o diálogo interior, estar em contato com a natureza, viajar, fazer terapia...

Controle-se, use a inteligência emocional!
MAU HUMOR de nenhum tipo combina com trabalho. "Exercitar a paciência, a flexibilidade e a tolerância é vital para aumentar seu senso de confiança e valor pessoal", diz o Dalai Lama em seu livro "A Arte de Lidar com a Raiva" da Editora Campus. A filosofia budista, adotada há dois anos pela gerente paulistana Vania di Matteo, de 29 anos, ajudou-a em muito a mudar o seu jeito de ser. "Eu era impulsiva e impaciente e me tornei uma pessoa bem mais calma. O budismo abaixou a minha adrenalina", conta. E Vânia só ganhou com isso. "Minha relação com as pessoas tornou-se mais próxima. Acho que é porque fiquei menos egocêntrica e aprendi a ouvir os outros."
Para que tanto apego?
APARECEU UMA NOVA oportunidade de trabalho, que parece atraente e compensadora, mas você tem medo de trocar o certo pelo duvidoso. Será que não está marcando bobeira? A sabedoria oriental prega que a raiz do nosso sofrimento está justamente no apego excessivo às coisas. "É preciso despertar e se conscientizar de que as coisas boas, e também as ruins, entram e saem de sua vida profissional", diz Ken Blanchard em seu livro "101 Ensinamentos de Buda para o Trabalho" (Campus). "Tudo é transitório, muda, passa."
Se esta nova oportunidade que surge apresenta coisas novas e muito para aprender já está valendo a pena. Quanto mais aprendemos, mais flexíveis, inteligentes e crescidos nos tornamos.
A mesmice e o apego nos tornam rígidos e limitados. Ou seja, nos emburrecem.

Tudo tem volta
VOCÊ FARIA qualquer negócio para subir na carreira? Antes de responder, pare e reflita. "A cultura oriental estabelece doutrinas rigorosas de conduta ética e moral para seus seguidores", diz o antropólogo e sociólogo zen-budista Tariq Kamal, diretor do Centro de Desenvolvimento Pessoal e Profissional, em São Paulo. "Os que não obedecem aos preceitos ficam sujeitos à lei do carma, que prevê que tudo o que se faz na vida, seja bom ou ruim, um dia voltará para você". No universo corporativo, não é diferente - e hoje, mais do que nunca, espera-se uma atitude ética dos profissionais. Quer dizer, basta uma escorregadela e sua imagem pode ficar manchada para sempre.

Pilha nova - RESPIRE!
DIGAMOS QUE você acaba de brigar feio com um colega de trabalho e está à beira de um ataque de nervos. Stanley Herman, autor do livro "O Tao no Trabalho" (Campus), diz que, em momentos como esse, respirar funciona como uma ducha revigorante, um resgate de energias. Não acredita? Experimente. Quando estiver aborrecida, preocupada ou desanimada no trabalho, feche os olhos e inspire profunda e naturalmente, massageando as têmporas. Em seguida, expire devagar, limpando a mente de todos os pensamentos. Repita o exercício dez vezes.

Diga adeus ao conforto e expanda a sua inteligência!
FAÇA UM POUCO como os monges budistas, que recebem as mais diversas tarefas e aceitam todas sem hesitar. "Executar apenas o que você domina restringe as chances de aprender e crescer", diz Gustavo Boog, consultor de empresas e um dos pioneiros na abordagem holística e espiritual no trabalho. "Saia da zona de conforto", sugere. "Você provavelmente descobrirá talentos que nunca desconfiou ter".
9) Siga o mestre!
VOCE ACABA DE SER promovida. Ao saber da boa notícia, fica radiante e apreensiva: além de assumir uma responsabilidade maior, terá de aprender como se virar sozinha, na raça. Que tal arrumar um mentor ou, como diriam os indianos, um guru? Ele é uma figura utilíssima. Dúvidas sobre qual o melhor próximo passo para a sua carreira? Consulte-o. Problemas com o chefe? Consulte-o. A grande vantagem: a escolha é toda sua. "Procure alguém que você admira e respeita", afirma a consultora de carreira Rosa Bernhoeft, autora de "Mentoring - Abrindo Horizontes, Superando Limites, Construindo Caminhos" (Gente). "Uma pessoa que tenha disposição para compartilhar sua visão e seus conhecimentos."
E lembre-se: Responsabilidade é SEMPRE uma oportunidade para crescer!
10) Mente afiada - MEDITE!
DISPERSÃO, ansiedade, desinteresse... Nada melhor do que a meditação para treinar e disciplinar a mente. A vice-presidente da Case Consultores, empresa do Grupo Catho, especializado em recrutamento e seleção de executivos, Dilza Muramoto, sabe disso por experiência própria. "Não abro mão de fazer uma pausa e meditar duas vezes por dia, geralmente durante meia hora, antes e depois do trabalho", afirma. "Desde que comecei, me sinto mais tranqüila, centrada e produtiva". Há inúmeras formas de meditação - e será preciso encontrar o seu método. No livro "Torne-se Mais Jovem, Viva por Mais Tempo" (Rocco), Chopra ensina um: inspirar pelo nariz enquanto pensa na sílaba "So" e expirar, também pelo nariz, pensando na palavra "Hum". Durante 20 minutos, não desvie seus pensamentos dessas palavrinhas.
11) Energias positivas - UAU!
"OS CHACRAS são os nossos centros de captação, armazenamento e distribuição de energia vital", explica o terapeuta holístico Frederico Araújo, de Belo Horizonte. "E eles precisam estar em harmonia". O melhor é que bastam medidas simples para restabelecer os fluxos energéticos obstruídos. Exemplos? Se o problema é dificuldade para se concentrar, assista ao nascer do sol e coma alimentos leves. Está faltando jogo de cintura? Trabalhe a flexibilidade do corpo e da mente com exercícios físicos e alongamento, dê mais atenção ao lazer e aos amigos.


12) Alto Astral diário
O BOM HUMOR e o POSITIVISMO são qualidades espirituais e sinais de inteligência e criatividade. Portanto busque mudar o contexto de sua vida. Deixe de acreditar nas afirmações do mundo: a vida é uma sucessão de problemas, e passe a sentir dentro da sua alma que: a vida é uma sucessão de desafios, grandes oportunidades para aprender e crescer.
O comum é pensar que ser feliz é só quando estamos diante de desafios "agradáveis", mas pense que muitas das dificuldades servem como instrumentos de maturação, ou avisos que sinalizam que estamos no caminho errado.
E só o bom humor nos deixa espaço para estar alertas e abertos para mudar rumos.
13) Quer um aumento? Quer mais respeito?
INSPIRE-SE no livro "Como Confúcio Pediria Aumento de Salário"?, de Carol Orsborn (Cultrix). Segundo a autora, sabe o que o filósofo chinês faria? Simplesmente batalharia para se tornar uma "pessoa apta a ganhar um salário maior". O livro sugere os passos para quem quer chegar lá:
Inicie o seu "ciclo de aumento de salário" bem antes da data em que deseja obtê-lo. Um bom começo é pesquisar a política de revisão de salários da empresa.
Se descobrir que tão cedo não terá direito a uma, mude de estratégia: solicite ao chefe uma avaliação do seu desempenho.
Faça com que ele "se torne um membro do seu comitê para aumento de salário". Agradeça os comentários e depois peça ajuda para estabelecer uma meta salarial, baseada na performance.
Mantenha-o informado sobre todos os seus progressos.
Apenas espere. Ele provavelmente ficará orgulhoso de poder fazê-la crescer na empresa.
14) Decoração da sorte
ADEPTOS DO Feng Shui, técnica milenar chinesa de harmonização de ambientes, garantem que tudo melhora na vida pessoal e profissional se o espaço físico que você ocupa é arrumado do jeitinho certo. "A escolha correta dos objetos e a maneira de organizá-los geram um impacto psicológico nas pessoas", diz Roberto Goldkorn, consultor de empresas e autor do livro "Feng Shui - Energia e Prosperidade no Trabalho" (Campus). Pôr uma luminária em cima da mesa, por exemplo, ajuda a pessoa a alcançar luz própria e se destacar. Posicionar a cadeira de maneira que você possa ver inteiramente o ambiente aumenta a sua sensação de segurança. E, para atrair prosperidade, sabedoria, positivismo e alegria decore sua mesa de trabalho com objetos amarelos e vermelhos. Para atrair serenidade e equilíbrio não esqueça do verde e das plantas.
Ah! Não esqueça dos bons aromas. O que você acha que atrairia com aromas suaves e agradáveis?


15) Equilíbrio
IMAGINE UMA balança daquelas com dois pratos. Ponha num deles os encontros com seu namorado, os papos com os amigos, a academia, o cineminha... No outro, o trabalho. Segundo os orientais, os dois pratos devem ficar no mesmo nível, em perfeito equilíbrio, para você ser feliz e produtivo. Adepta da raja-ioga há dois anos, a médica paulistana Maria Fernanda Amary, de 31 anos, já aprendeu a lição. "Eu era uma workaholic típica: trabalhava 12 horas por dia e não encontrava tempo para nada. Me alimentava mal, só fazia exercícios quando dava, vivia cansada e estressada", conta. Além de parar de beber e de fumar e virar vegetariana, Maria Fernanda limitou seu expediente a oito horas e passou a se exercitar regularmente. "Agora tenho muito mais pique, inclusive para sair à noite", diz. Não é só: "Sinto que fiquei mais doce e amorosa com meus pacientes".
"O mal que me fazem não me faz mal; o mal que me faz mal é o mal que eu faço".

Com carinho,

Conceição Trucom é química, cientista e escritora sobre temas voltados para a Alimentação Consciente, Meditação e autoconhecimento.

NÓS - Maria de Fatima Delfina de Moraes


NÓS

Maria de Fatima Delfina de Moraes – RJ, 29/06/2006

O meu olhar de amor,
contempla-te – o corpo e a alma.

Somos malícia e carinho, doce suavidade
quando nossas almas se encontram.

Nossos corpos se reconhecem,
e nossas almas se beijam.

Já não há pudores, não há medo.
Já não há mais segredo.
Juntos somos coragem.

E não há arranjo,
não há mentira,
não há disfarce.
Juntos enfrentamos a bonança
e superamos a tempestade.

Somos amor, serenidade . . .
Juntos, somos verdade.

Students Impress


Students impress
29 June 2006
mailto:herts.advertiser@archant.co.uk

MARSHALSWICK students hit form at the prestigious British Judo Council Welsh Nationals in Hereford last weekend.

Four competitors from the club turned out and Jemma O'Dwyer led the way with an outstanding performance to defeat clubmate Amber Pell in the final of the junior under 50k group.

Marieke Stewart also competed in the under 50k event and fought well but had to withdraw after sustaining a head injury.

Finally rising star Adam Winchester bravely fought through a very large and competitive pool of judo players to win bronze in the boys under 35k group.

Fonte: Advertiser 24 - Herts, UK - http://www.hertsad.co.uk/

quarta-feira, junho 28, 2006

Dedicatória - Ana Akhmátova - Tradução de Aurora F. Bernardini e Hadasa Cytrynowicz


Dedicatória
Ana Akhmátova - Ucrânia 1889-1966
Tradução de Aurora F. Bernardini e Hadasa Cytrynowicz
Diante dessa dor curvam-se os montes,
O Grande rio já não corre,
Mas são fortes as trancas das prisões,
E atrás delas os "covis de forçados"
E uma angústia mortal.
Para quem sopra a brisa leve,
A quem enternece o pôr-do-sol —
Não sabemos, por toda parte iguais,
Ouvimos só o hediondo estridor das chaves
E os passos pesados dos soldados.
Levantávamos como para a missa da manhã,
Íamos pela cidade embrutecida,
Nos víamos lá, mais exânimes que os mortos,
O sol mais baixo e mais nublado o Nieva,
Mas a esperança ainda cantando ao longe.
A sentença...
as lágrimas irrompem,
De todos já afastada,
A vida arrancada do coração aos gritos.
Derrubada de costas, brutalmente,
Mas ela anda... Cambaleia... Só...
Onde estão as amigas prisioneiras
Dos meus dois anos de inferno?
O que elas vêem na tormenta siberiana,
O que tremeluz no halo da lua?
A elas, meu adeus de despedida.
(Março 1940.)
Réquiem, Art Editora, 1991 - S.Paulo, Brasil

Teu corpo seja brasa - Alice Ruiz


Teu corpo seja brasa
Alice Ruiz
teu corpo seja brasa
e o meu a casa
que se consome no fogo
um incêndio basta
pra consumar esse jogo
uma fogueira chega
pra eu brincar de novo

Scherzos - Alda Pereira Pinto


Scherzos
Alda Pereira Pinto
Ora, meu chapa, te esguia...
tu vives sempre implicando
com meu modo de viver.
Sou prosa, sei que sou prosa,
pois nada devo a ninguém
e por isso tu me acusas
de convencida e orgulhosa.

Se acaso escondo o meu jogo
de alguma amiga ou parenta
que quer dinheiro emprestado
tu vens logo xeretando
e chamar-me de avarenta

Se desejo ter o trato
que tem a nossa vizinha
mais feia que um chimpanzé
mas, granfa e sempre cheirosa,
e fico olhando a perua
do buraco da janela,
o meu humor envenenas
como se eu fosse invejosa.

Se a cozinheira me chama na hora agá da novela,
no momento em que o bacana
está cantando a boazuda
e eu raspo uma espinafrada
na chatona de galocha,
tu bancas o imaculado
de mãos postas: queridinha,
a ira é grande pecado!

De manhã, se acho bacana
ficar na cama um pouquinho
enquanto tomas café,
vens com a cara pendurada,
igual a um velho gagá,
entre os dentes resmungando:
preguiçosa, preguiçosa...

Quando vou ao restaurante,
só porque olho o cardápio
e prefiro um vatapá
com castanha e amendoim,
uma pizza, uma fritada,
um macarrão com almôndegas,
um arroz, uma salada
com creme de leite e vinho,
um pudim de chocolate
e por cima um cafezinho,
me olhas com olhar tão terno,
mas lá bem dentro de ti
tua voz grita: gulosa
vai comer assim no inferno.

Tu me chamas fogueteira,
sapeca, luxurienta,
sem motivo, à-toa, à-toa,
porque já de longa data
tu pifaste, meu querido,
e eu prossigo, e muito boa.

És anjinho e eu carrego
os pecados de satã,
mas não te darei pelota.
Para mim só é pecado
ser bucho, ser idiota,
é querer comprar um teco
e não ver na bolsa a nota,
é guardar grande desejo
de chapoletar alguém
e em vez disso dar-lhe um beijo,
é ter um bom apetite
e só comer vegetais,
é vontade de mandar
todo dia uma brasinha
e ficar de olhinhos baixos
com ares de pomba-rola
num altar de uma santinha.

E, que o bom Deus me perdoe
se estou dizendo heresia,
pecado é ficar zanzando
pela vida dando murros,
é dormir noites inteiras
sem os prelúdios do amor,
é trabalhar no pesado
suando tal qual os burros.

Se tua achas que ao meu lado
estás, por teres pecado
numa outra encarnação,
cumprindo uma triste sina,
te manca, meu bobalhão,
dá meu desquite e vai ver
tua avó lá noutra esquina.
Pedra viva, Editora Pongetti, 1972 - Rio de Janeiro, Brasil

Rumo - Alda Lara


Rumo
Alda Lara

É tempo, companheiro!
Caminhemos...
Longe, a Terra chama por nós,
e ninguém resiste à voz
Da Terra...

Nela,
O mesmo sol ardente nos queimou
a mesma lua triste nos acariciou,
e se tu és negro e eu sou branco,
a mesma Terra nos gerou!

Vamos, companheiro...
É tempo!

Que o meu coração
se abra à mágoa
das tuas mágoas e ao prazer dos teus prazeres
Irmão
Que as minhas mãos brancas se estendam
para estreitar com amor as tuas longas mãos negras...
e o meu suor se junte ao teu
suor, quando rasgarmos os trilhos
de um mundo melhor!

Vamos! que outro oceano nos inflama...
Ouves? É a Terra que nos chama...
É tempo, companheiro!
Caminhemos...

Soneto - Adélia Fonseca


Soneto
Adélia Fonseca
Ainda um ano, filha, hoje se escôa
do tempo na ampulheta, que não cansa;
e nem sequer mitiga uma esperança
a dôr de te perder, que me magôa.

O alígero tempo, quando vôa,
os males nos apaga da lembrança;
mas do martírio meu não há mudança
nos agudos espinhos da corôa.

Antes, para agravar-me a desventura,
da vida apenas na ridente aurora,
rouba-me a morte inexorável, dura,

teu filhinho adorado, a quem, outróra,
beijei mil vêzes, louca de ternura,
e que, louca de dôr, pranteio agora!

Amor é um carpinteiro


Amor é um carpinteiro
Adelaide de Castro Alves Guimarães
Amor é um carpinteiro
Que ri com ar de matreiro,
Cerrando forte e ligeiro
Na tenda do coração...
Com toda a proficiência
Põe pregos de resistência,
Ferrolhos na consciência,
Tranca as portas da razão

More judo joy


More judo joy

28 June 2006
STRATFORD Judokwai's young stars made their mark once more, this time at the recent junior and youth championships held in Crawley, Sussex.

The six members managed a five-medal haul with 15-year-old Shaun Falzon leading the way with his gold in the under-55k category.

Julia Zebala, 11, was in fantastic form as she won the girls' under-36k section while 10-year-old Hayley Willis secured the club another gold in the under-32k group.In the boys' under-66k category, clubmates James Falzon and Paul Willis were pitted against each other in the bronze medal play-off.

Falzon was victorious on this occasion while Willis had to settle for fifth but the last of the Stratford entrants, 11-year-old Jordan Chappell, picked up another medal for the club by finishing third in the under-30k.

Fonte: Romford Recorder - Romford, England, UK - http://www.romfordrecorder.co.uk/

JUDOCA ANA ABREU EM ALTA NO CAMPEONATO DA EUROPA


Judo

Judoca Ana Abreu em alta no Campeonato da Europa
28-06-2006 10:41:00

A atleta do Judo Clube do Algarve (JCA) Ana Abreu obteve a melhor classificação entre as sete judocas portuguesas presentes no Campeoato da Europa de Sub-17, alcançando o 9º lugar, na categoria de –63kg.
As atletas do Judo Clube Algarve participaram este fim de semana no Campeonato da Europa de Esperanças, em representação da Selecção Nacional e apesar de nenhuma judoca portuguesa ter subido ao pódio, a melhor classificação foi para a algarvia Ana Abreu,que obteve a 9ª posição, entre as melhores 25 atletas da Europa, na categoria de -63kg. Marta Cachola (-57kg), também do JCA, participou no Europeu mas não venceu qualquer combate, enquanto Rita Maurício (-52kg) foi impedida de entrar na competição pois pesava mais 50 gramas para além do peso permitido.
Judo Clube Algarve conquista Torneio de Albufeira
No passado dia 25 de Junho decorreu a segunda edição do Torneio Cidade de Albufeira, no qual o Judo Clube do Algarve se sagrou vencedor por equipas, colocando um total de nove atletas no primeiro lugar do pódio.
Na segunda posição por equipas ficou o Clube Recreativo Alturense e o último lugar do pódio foi ocupado pelo Judo Clube de Portimão. Neste torneio participaram cinco clubes da Associação Distrital de Judo do Algarve Judo Clube de Albufeira (10 atletas), Judo Clube do Algarve (25 atletas), Judo Clube de Portimão (11 atletas), Clube Recreativo Alturense (21 atletas) e um clube da Associação de Judo de Beja, a secção de judo dos Bombeiros Voluntários de Alvito (6 atletas).
O JCA sagrou-se vencedor da segunda edição deste torneio, tendo já vencido a primeira edição realizada no ano passado, sendo que a Taça Cidade de Albufeira só será entregue ao clube vencedor por três anos consecutivos, pelo que o JCA está em boa posição para conquistar o troféu em causa.
Fonte: Observatório do Algarve - Faro, Portugal - http://www.observatoriodoalgarve.com/

Não ter apego aos resultados : Bel Cesar


Não ter apego aos resultados : Bel Cesar
Esta semana, definimos o calendário das atividades da Sede e do Sítio Vida de Clara Luz: meditações do Budismo Tibetano, aulas de Yoga, Cabala, Astrologia e os Dias de Plantio Coletivo. Sem dúvida, quando definimos espaço e tempo para nossas atividades, sentimos que demos um passo importante para realizá-las. No entanto, a consciência de que imprevistos acontecem nos ajuda a cultivar um estado mental de flexibilidade e soltura. Assim, sofremos menos quando temos que nos adaptar às mudanças de planos que surgem "do nada".
Os Lamas são mestres em nos treinar a manter um estado de abertura diante do inesperado: eles mudam seus planos, geram um caos declarado na vida de quem organiza e participa de suas atividades mas, ao final, quase todos concordam que tudo ocorreu da melhor forma. Isto ocorre porque eles nos incentivam a incluir o autoconhecimento e o desenvolvimento interior nos desafios e frustrações que surgem a cada momento. Não consigo deixar de comentar o quanto isso é trabalhoso e nem sempre agradável. A boa notícia é que, ao lidar com os desafios com abertura e flexibilidade, ganhamos força vital assim que digerimos nossas frustrações. Eu diria que ocorre mais ou menos assim: surge o imprevisto e sentimos uma forte emoção negativa como irritação e ansiedade. Então, respiramos e lembramos que nosso desconforto é devido às nossas próprias expectativas. Respiramos outra vez e nos sentimos um pouco melhor ao passo que reconhecemos nosso desconforto emocional como um processo natural decorrente de nossa resistência em lidar com as mudanças. Somos habituados a não querer fazer esforço. Uma vez que aceitamos incluir o inesperado, começamos a nos sentir revigorados e gradualmente nos abrimos para uma nova postura diante do ocorrido. Pema Chodron, em seu livro The Wisdom of no Escape (Shambhala Edition), escreve um capítulo intitulado Desconforto. Ela diz que Sawang Osel Mukpo Rinpoche contava que seu pai gostava de mudar a disposição dos móveis do quarto dele para ficar mais complicado para ele pegar as coisas de que necessitava. Em vez de arranjar tudo de um jeito que ficasse à mão, ele preferia estar alguns centímetros mais longe dos objetos que precisava pegar. Pois ele sabia que o desconforto podia mantê-lo desperto e atento. O que os Lamas Tibetanos estão nos querendo dizer é: sejam agradáveis ou não as experiências da vida, temos que lidar igualmente com todas elas. Portanto, o melhor é aprendermos a não implicar com os desconfortos que surgem dos imprevistos. O segredo parece estar em lidar diretamente com cada situação sem julgá-la de acordo com as vantagens que ela poderá ou não nos trazer.Durante um congresso sobre a Morte e o Morrer, escutei Guelek Rinpoche dizer: "Temos constantemente medo de não estarmos preparados para lidar com a nossa morte, porque em geral procuramos controlá-la assim como tentamos controlar os eventos de nosso dia-a-dia. Acreditamos que seja possível nos preparar para tudo que está por vir em nossa vida. Estamos sempre buscando controlar os resultados futuros. Mas, como não podemos fazer o mesmo com a nossa própria morte, nos sentimos impotentes diante de sua imprevisibilidade". Por isso, os Lamas nos incentivam a não abandonarmos nossas práticas espirituais, pois são elas que nos mantêm abertos e confiantes para o que der e vier.
Quando acompanhamos uma pessoa no seu processo de morte, muitas vezes mantemos nossas rezas e visualizações de cura mesmo quando a pessoa já está em coma. Nesses momentos, não temos mais como avaliar o resultado de nossas atitudes. Por isso, "não ter apego aos resultados" é uma das regras que sempre busco seguir quando acompanho um paciente em estado terminal. Afinal, o que conta é a nossa intenção. Se ela é clara e positiva, não temos porque duvidar de que fizemos o melhor que podíamos. Muitas vezes na vida, ocorre o mesmo. Agimos de determinada forma e depois ficamos sem saber "no que deu". Só nos resta, então, rever e confiar na pureza de nossas intenções...


Bel Cesar é terapeuta e dedica-se ao atendimento de pacientes que enfrentam o processo da morte.Autora dos livros Viagem Interior ao Tibete, Morrer não se improvisa e O livro das Emoções pela editora Gaia