quarta-feira, setembro 24, 2008

Bandeira de uma vida inteira

Bandeira de uma vida inteira
O Poeta da delicadeza irônica e da liberdade de movimentos tem A obra reeditada e o lançamento de inéditos,em prosa e verso, depois de quarenta anos de sua morte
Luiz Costa Pereira Junior
Manuel Bandeira escreve os versos que se chamarão Madrigal Melancólico. É 11 de junho de 1920. Tem 34 anos esse homem tímido e miúdo, de uma vibração terna e a experiência sustada pela sombra de uma tuberculose que prometia, qualquer hora dessas, levá-lo.

Talvez seja possível ver Madrigal Melancólico, ele mesmo, como um tratado de estilo de Bandeira, o poeta cuja morte completa 40 anos, oportunidade para a reedição de sua obra consagrada e o lançamento de inéditos, que têm agitado o mercado editorial.

Madrigal é um tipo de balada lírica comum às mães italianas que ninavam seus filhos ou aos pastores que matavam o tempo, acalentando seus rebanhos no século 14. Aquele milênio veria chamar de "madrigal" a uma estrutura poética flutuante, muitas vezes de 5 a 16 versos de 7 a 11 sílabas, mas que bem se prestava à composição musical.

Bandeira quer cantar, portanto. Canta a atração. Não para desenganar-se das juras de amor, como o adjetivo "melancólico" faria crer. Nem para fazer figura às virgens cem por cento. Porque Bandeira não canta uma atração em particular, mas "a" atração.
"O que eu adoro em ti,

Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.
A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza."
Atributo

Descarnado de propriedades acidentais, o que sobra de uma paixão? Um a um, o poema descarta predicados que vêm à mente. Se não é beleza, por certo será a inteligência. Se não esta, a presença de espírito, talvez o humor, decerto a graciosidade ou a lembrança da infância.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência.
Não é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso,
- Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.
O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento.
Graça aérea como o teu próprio pensamento.
Graça que perturba e que satisfaz.
O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi.
Não é a irmã que já perdi.
E meu pai.

Argumento do ritmo
Manuel Bandeira cerca cada atributo (a beleza, a inteligência, a graça, a lembrança querida), desenvolve as vias de força de cada qualidade antes de partir para a próxima resposta à questão que se propõe. Os versos que o poeta usa têm métrica livre, mas sente-se a rédea do ritmo, que, puxado pelo (falso) mote "O que eu adoro em ti,", se acelera a cada estrofe.

Até que, na cinza das horas, algo muda no poema.
O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida.
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti - lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.
A mudança do verso inicial da estrofe indica que algo diferente será dito em seguida. Bandeira destrincha qualidades opostas ao preparar o arremate: emocionais (o instinto maternal) e cerebrais (o apreço cultural à pureza, o impulso calculado rumo ao lascivo). Pois com elas mantém a tônica do poema sugerida nas estrofes anteriores, mas num ritmo que se precipita nos dois versos finais.

Essa ênfase, essa mudança de tom, a precipitação brusca provocada pela exclamação ("lastima-me e consola-me!"), abre terreno para o impacto da informação final: é a vida, pulsão vital, impulso da vontade; é o entusiasmo de ser que responde pelo êxtase que contagia - e o que de mais apaixonante haveria?

Essa "qualidade" (se a vida for qualidade), insinua o poeta, escuda a adoração, impede que o que se sente pelo outro se esgote em propriedades particulares que, no cotidiano, tendem a ser valorizadas. O poema faz uso retórico do ritmo, o momento em que se fundem informação vital e ápice declamativo, com a sensibilidade para preparar a chegada desse momento.

Sublimação

Muitas são as pérolas em Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho (1886-1968), no nível de Madrigal Melancólico. Algumas, no entanto, nunca viraram livro. Agora, a editora Cosac Naify começou a trazer a público os inéditos do autor.Lançará, a partir deste semestre, em edição caprichada, sua poesia amorosa desconhecida e uma nova leva de crônicas nunca reunida num só volume.

A edição com inéditos, de Elvia Bezerra, terá reproduções fac-similares de quatro poesias e dois bilhetes, desenhos do próprio autor e um estudo sobre o tema do amor em Bandeira. A coletânea ilustrada pretende fazer um painel biográfico do autor, entre o período de 1963 e 68, data de sua morte. Foi quando compôs até uma paródia de Vou-me Embora pra Pasárgada, para uma paixão de fim de vida.

- Os poemas mostram faceta não conhecida, a história de alumbramento que Bandeira viveu aos 78 anos, quando se apaixonou por uma mulher de 28.

Elvia identificou semelhanças entre a amostra do novo livro e ao menos três poemas de obras editadas pelo autor, como O Fauno.

- Há associação clara entre alguns dos inéditos e os conhecidos. A poesia de Bandeira tem muito de biográfica, embora na maioria dos poemas de amor que publicou ele tenha omitido a fonte de inspiração.

Dizia-se que ele sublimava paixões.
- Coisa nenhuma e nisso concordo com o crítico Ivan Junqueira. Gosto em Bandeira principalmente da delicadeza de seu erotismo. Ele é de um lirismo discreto, achava que a língua inglesa facilitava a tradução, porque nela mesmo a maior ternura não ficava "melada". Sua poesia era sensual até pela delicadeza que lhe era característica - diz Elvia Bezerra.

A pesquisadora acredita que Bandeira chegou a um grau de refinamento dessa delicadeza no erotismo em poemas como Arte de Amar ("Deita o teu corpo sobre outro corpo / Que os corpos se entendem / Mas as almas, não.") e Unidade, especialmente o último verso ("no momento fugaz da unidade"). É esse tipo de sutileza, defende Elvia, que permitiria ao leitor fruir vários níveis de leitura na obra bandeiriana.

Ritmo dissoluto

Manuel Bandeira é o poeta da delicadeza que procura liberdade de movimentos. Tal busca parece tê-lo levado, por exemplo, à experimentação formal (foi um dos precursores do Modernismo e trilhou do verso livre à forma fixa, passando pela poesia concreta). Levou-o também à predileção por certos temas, como o desconforto ante o confinamento, a lucidez no trágico e a cumplicidade com a morte. Mas, principalmente, o desejo de liberdade de movimentos parece ter levado o poeta à observação carinhosa sobre o que há de ordinário no mundo.

O poeta transforma fatos pessoais e a mazela cotidiana em matéria bruta de composição. O falho no ser humano é tratado por ele com a reserva permissiva de um confessor compreensivo. O fatídico é nele descrito com leveza, humor e resignação. É assim que, por uma causa de fé, Santa Maria Egipcíaca dá o corpo ao balseiro, para atravessar um rio. Que a dama branca (a morte) o visita. Que se torna amigo do rei de Pasárgada. Que uma notícia de jornal vira verso. Ou Irene, sua ama preta, entra no céu.

Um poema seu desenvolve quase sempre um espanto de observação, quando não pinça um momento fugidio, com a ironia travessa de um amigo discreto.
Em mais de uma ocasião, o crescendo de seus versos prepara a irrupção no ritmo, que não raro estala rente ao final do poema.
Assim eu quereria o meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação
Aqui, o penúltimo verso de O Último Poema, num trecho cuja extensão fora antecipada (autorizada) pelo segundo verso, prolonga a recitação e faz a retomada de fôlego funcionar no poema como uma apresentação calculada para a constatação final.

Referência

Manuel Bandeira costuma ser lembrado em vestibulares e compêndios literários pela importância histórica de sua poesia, como a de Os Sapos, crítica a "certos ridículos do pós-parnasianismo", apresentada na Semana de Arte Moderna, em fevereiro de 1922. Assim como Pneumotórax e Vou-me Embora pra Pasárgada, ou como Evocação de Recife ou Poética, pequenas grandes peças de uma engrenagem que ajudou a abrir caminho para o verso livre e para uma dicção poética à brasileira.
Estou farto do lirismo comedidoDo lirismo bem comportadoDo lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo

(...)

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
Bandeira, no entanto, tem asas mais amplas. É, por exemplo, um cronista cosmopolita e polivalente o que vemos flagrado em Crônicas Inéditas 1 (1920-1931), organizadas por Júlio Castañon Guimarães para a Cosac Naify. Se o ofício da escrita impõe ser sensato, Bandeira o será tanto por meio de ironia e coloquialidade quanto de gravidade e consistência.

- Sua prosa era bem diferente da idéia que hoje se faz de crônica. Seu texto reporta os fatos cotidianos, traz comentários à vida cultural do momento, a um passo da atividade crítica - diz Castañon.
Virada

Castañon acaba de lançar, pela editora Globo, Por que Ler Manuel Bandeira, uma apresentação biográfica e literária para, segundo o autor, situar o leitor e mostrar que a poesia não era, em Bandeira, atividade isolada do cronista, crítico e tradutor. O pesquisador da Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio, vê uma virada de temas e de estilo nas crônicas bandeirianas a partir de meados dos anos 20.
- No início, ele abordava concertos, músicas e livros num texto próximo da crítica. Depois, os temas mudam, e ele vira o analista da cidade, do cinema. Seu estilo também muda, refletindo a passagem da concepção anterior, simbolista e de poesia metrificada, para o Modernismo.
Bandeira teria mantido a unidade de estilo de um momento a outro pelo cuidado com o idioma, avalia Castañon.
- Mesmo quando toma liberdades com o idioma, o conhecedor da língua se destaca. O Modernismo se instala em sua prosa na reprodução de falas do cotidiano, no apelo ao oral e ao humor, na incorporação de uma visão irônica sobre os fatos.
Apesar de feitas no calor do momento, as crônicas de Bandeira mantêm o interesse, não só pelo valor histórico, mas porque o tipo de reflexão e muitos dos fatos que o poeta retratou fazem eco até hoje. Na coluna "Música", de setembro de 1925, mostra-se cismado com os clichês da crítica de arte, que nos anos 20 costumava usar, de forma indiscriminada, certas expressões, como "forma" e "técnica".
"Existe na forma uma realidade ideal subjetiva que escapa a essa gente. Forma para eles é uma realidade tátil, nada mais. Arte, fabricação. Ouve-se freqüentemente dizer: Fulano tem muita técnica mas não tem sentimento. Esse Fulano, dizemos nós, poderá ter muito mecanismo, mas não terá técnica nenhuma se não tem sentimento. A técnica, como a arte, é essencialmente expressiva", escreve Bandeira.
As crônicas segredam até produções poéticas marginais. Em "Saudades dos telefones do Recife", de julho de 1929, ao comentar o fim da função das telefonistas na nova era da comunicação direta por fio, compôs o poema de circunstância "Comunicação Cortada", que não constava em livro e parece até antecipar a intermediação sacal dos serviços de atendimento ao cliente dos dias atuais:
- Número, faz favor?
- Meu bem, você cortou a comunicação!
- Queira desculpar, com que número estava ligado?
- Não sei, minha flor!
- Provavelmente chamarão depois.
- É possível, meu amor!
As questões de seu tempo, o cotidiano urbano em rápida mutação e a vida nas metrópoles de há um século ganham apreciação da delicadeza irônica de Bandeira, a que a nova safra editorial dá dimensão. Conhecia-se o Bandeira que usava a prosa como testemunho da consciência técnica do poeta. Em mais de um texto, o autor revelava detalhes da construção de seus poemas, oferecendo um painel dos recursos expressivos que empregava.
Suas crônicas, no entanto, mostram que Bandeira mantinha o espírito aberto. Até sobre o idioma. Em "Fala Brasileira", de Crônica da Província do Brasil, defende a ampliação de limites da retórica literária. "É que a linguagem literária entre nós divorciou-se da vida. Falamos com singeleza e escrevemos com afetação."
Bandeira advoga para a escrita uma tradição mais próxima da fala, "correta mas sem afetação literária, da sociedade brasileira culta". Para ele, uma expressão que muitos achem errada e abusiva pode até ter menor energia, menos concisão e elegância. Mas terá "muito mais caráter".
Era um homem assim, de dicção delicada, mas ousada.
Obra agita mercado editorial

Lançamentos, novas antologias e reedições ampliam horizonte da compreensão da obra de Bandeira
Embora a obra poética de Bandeira esteja (desde a festa dos 80 anos do poeta, em 19 de abril de 1966) agrupada e editada pela Nova Fronteira sob o título de Estrela da Vida Inteira, há três anos a agência literária Solombra, do Rio, tem diversificado a oferta de sua obra.
Essa a razão de o público brasileiro ter testemunhado a publicação recente de novas antologias, como A Aranha e outros Bichos (Nova Fronteira); Belo Belo e outros Poemas (José Olympio); Para Querer Bem (Moderna) e Bandeira de Bolso?(L&PM).?
Acaba de sair do forno As Cidades e as Musas (Desiderata), seleta temática organizada por Antonio Carlos Secchin, e a Nova Fronteira prepara?o infanto-juvenil As Meninas e o Poeta, reunião de poemas de circunstância.
O gás dado a Bandeira passa ainda pela reedição de obras fora de catálogo, como 50 Poemas Escolhidos pelo Autor e Crônicas da Província do Brasil (Cosac Naify); Seleta em Prosa e Verso e Alguns Poemas Traduzidos (José?Olympio),?e a edição, repaginada, de Berimbau e Outros Poemas (Nova Fronteira).
Iniciativas

No exterior, informa Alexandre Teixeira, da Solombra, foram há pouco publicados Estrella de la vida entera(Adriana Hidalgo Editora), na Argentina; e Vicente Huidobro e Manuel Bandeira, co-edição bilíngüe da Academia Chilena de la Lengua e da Academia Brasileira de Letras, com circulação no Brasil e no Chile.
A Solombra negocia agora a nova edição da Obra Poética (ou da Obra Completa), em papel bíblia, pela Nova Aguilar, e busca parceira para uma biografia do autor. Por fim, negocia com a Novo Século a reedição de traduções do autor, como O divino Narciso, de Sóror Juana Inéz de la Cruz, e A Máquina Infernal, de Jean Cocteau.
Prosa inédita
A mais animadora iniciativa, no entanto, parece ser mesmo a de tirar do baú obras inéditas, como as que Cosac Naify tem proposto. Entre inéditos e republicações, a editora trará este semestre Apresentação da Poesia Brasileira e Crônicas Inéditas 2, continuação do volume editado este ano com a prosa nunca fixada em livro pelo escritor (o primeiro volume traz mais de cem textos de 1920 a 31, o segundo, quantidade similar, de 1932 aos 40). Além de Crônicas da Província do Brasil, Poemas Religiosos e Alguns Libertinos ganhou as prateleiras com a editora. Já Andorinha, Andorinha e Flauta de Papel terão novas edições até o ano que vem.

FONTE (image include): Braganca Jornal Diario - sao paulo,SP,Brazil

Einstein no Brasil


Especiais
Einstein no Brasil
24/9/2008
Por Fábio de Castro
Agência FAPESP – Criada pelo Museu Americano de História Natural, em Nova York, a exposição Einstein ganhou uma versão brasileira que será aberta ao público nesta quarta-feira (24/9), em São Paulo, no Pavilhão Armando de Arruda Pereira, no Parque do Ibirapuera. Os organizadores esperam receber de 300 mil a 400 mil visitantes até o encerramento, no dia 14 de dezembro.

Apresentando objetos pessoais, fotos, cópias de cartas e manuscritos de Albert Einstein (1879-1955), a exposição aposta na interatividade e na tecnologia para explicar conceitos científicos relacionados às inúmeras contribuições do físico. Trazida pela primeira vez ao hemisfério Sul, a mostra foi inaugurada em Nova York em 2002 e já recebeu mais de 2 milhões de pessoas nos Estados Unidos, Turquia e Israel.
O espaço da exposição também abrigará, nos fins de semana, um amplo ciclo de palestras relacionadas ao tema, com organização da revista Pesquisa FAPESP. A mostra, instalada em uma área de 2 mil metros quadrados, foi trazida ao Brasil por intermédio do Instituto Sangari, com apoio de diversas empresas e instituições, incluindo a FAPESP. O orçamento, segundo os organizadores, ficou entre R$ 4,5 milhões e R$ 5 milhões.
O coordenador-geral da exposição é Marcelo Knobel, professor do Instituto de Física Gleb Wataghin da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e diretor científico do Instituto Sangari. Segundo ele, a versão norte-americana da exposição recebeu adaptações e acréscimos.
“Os painéis interativos foram elaborados pela equipe brasileira. Além disso, praticamente todos os textos foram recriados e ainda foram acrescentadas duas instalações que não existiam originalmente: a seção “Átomo” e a seção “Einstein no Brasil”, disse Knobel à Agência FAPESP.
A comissão científica foi formada por Carmen Prado, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), Nelson Studart, do Departamento de Física na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e Alfredo Tomalsquim, diretor do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), no Rio de Janeiro.
Uma exposição realizada pelo Mast também teve elementos integrados à mostra. “Incluímos diversos aspectos relacionados ao Brasil e melhoramos bastante também a parte relacionada ao legado de Einstein. O texto foi sintetizado, já que a versão original era bastante prolixa. Havia aspectos que interessavam mais ao público norte-americano e que foram atenuados, como a perseguição de Einstein pelo movimento anticomunista do macartismo”, explicou Knobel.
A mostra não se restringe à compreensão das teorias desenvolvidas pelo físico alemão, mas apresenta também diversas dimensões de sua vida, como as viagens, os casamentos, a atuação pacifista durante a Segunda Guerra Mundial e a luta contra o racismo.
“A exposição é voltada não só para quem gosta de física, mas também para quem se interessa por saber mais sobre o mundo em que vivemos. A idéia não é que o visitante saia dominando conceitos da física, mas que saia com número ainda maior de perguntas, estimulado a saber mais”, destacou Knobel.
O professor da Unicamp ressaltou que a física desenvolvida depois da revolução desencadeada pelas descobertas de Einstein ainda não é ensinada nas escolas. Segundo ele, o conteúdo oferecido no ensino médio parou na física de Isaac Newton.
“Não se aprende nada de física quântica ou de relatividade no ensino médio. No entanto, ainda que pareça incrível, a matemática utilizada para entender a relatividade não é tão complexa – ela pode ser toda demonstrada apenas com o teorema de Pitágoras. O que provoca um nó na cabeça são as conseqüências extraídas dessa teoria. Isso fica claro na exposição”, afirmou. Eclipse em Sobral O percurso da exposição é dividido em dez blocos temáticos, nos quais se entrelaçam aspectos biográficos e científicos relacionados a Einstein: “Vida e tempo”, “Luz”, “Tempo”, “Átomos”, “Energia”, “Gravidade”, “Guerra e paz”, “Cidadão global”, “Legado” e “Einstein no Brasil”.
Escolas e grupos de estudantes poderão agendar visitas monitoradas por educadores especializados. A exposição oferece um curso gratuito para os educadores, no qual são fornecidos subsídios teóricos para a preparação das visitas com os alunos e para o trabalho em sala de aula. No percurso da mostra foram montados dois Laboratórios do Aprendizado, nos quais os estudantes poderão participar de atividades que abordam alguns dos conceitos apresentados.
Um dos laboratórios permite ver, com o auxílio de microscópios, o movimento browniano descrito por Einstein em 1905. No outro laboratório são exploradas as propriedades da luz, por meio de experimentos de espectroscopia óptica.
Uma das curiosidades da exposição é a relação do Brasil com o episódio que tornou Einstein uma celebridade mundial. Em 29 de maio de 1919, a observação de um eclipse feita em Sobral, no Ceará, e na ilha de Príncipe, na África, mostrou que a gravidade do Sol agia como uma lente, desviando a luz das estrelas distantes que apareciam no céu em posições diferentes das originais. Era a confirmação de uma previsão feita por Einstein em 1916, corroborando a Teoria da Relatividade Geral.
De acordo com as informações da exposição, em 7 de novembro de 1919 o jornal Times, de Londres, anunciava: “Revolução na ciência. Nova teoria do Universo. Idéias de Newton derrubadas”. E Einstein, do dia para a noite, tornava-se mundialmente conhecido.
A mostra inclui objetos do acervo pessoal do físico, como fotos em momentos de lazer, ou recebendo o prêmio Nobel, além de reproduções das cartas trocadas com Sigmund Freud – nas quais Einstein exortava o psicanalista a juntar esforços e usar a influência política de ambos para lutar contra a guerra. Outra correspondência célebre foi com o também físico Niels Bohr, que em uma das cartas troca farpas com Einstein, referindo-se à celebre frase desse último: “Deus não joga dados”.
Trechos dos diários de Einstein são apresentados, incluindo anotações sobre sua visita ao Rio de Janeiro: “Deliciosa mistura étnica nas ruas. Portugueses, índios e negros em todos os cruzamentos. Espontâneos como plantas, subjugados pelo calor. Experiência fantástica. Uma indescritível abundância de impressões em poucas horas”, escreveu.
Estão presentes na exposição painéis explicativos e interativos sobre os conceitos relacionados a buracos negros, efeito fotoelétrico, reflexões sobre a luz e o tempo, gravidade, curvatura do espaço-tempo e a Teoria da Relatividade.
A instalação “Teia de luz” propõe ao visitante o desafio de atravessar uma sala cortada por feixes de luz sem tocá-los. Uma obra do artista Guto Lacaz demonstra que o ritmo com que flui o tempo depende do referencial e da velocidade do observador.
A instalação interativa “Máquina do tempo” exibe a variação da passagem do tempo proporcional à velocidade relativa do visitante que, ao fornecer a data de nascimento, pode observar em vários relógios que idade teria se estivesse viajando em diferentes frações da velocidade da luz.
Outro destaque, na seção “Legado”, é a “Harpa de Luz”, instalação da artista Rejane Cantoni que remete às inspirações artísticas provenientes das teorias de Einstein. A mostra apresenta também um painel com cartas escritas ao cientista por crianças de sua época. Museu nacional de ciências De acordo com o presidente do Instituto Sangari, Ben Sangari, a instituição planeja criar no Brasil um museu de história natural de classe mundial, nos moldes do existente em Nova York.
“O Brasil é um país que cresce rapidamente e já é um dos mais importantes do planeta. No entanto, é a única das grandes economias do mundo que ainda não tem um museu nacional de ciências. Estamos trabalhando para a criação do primeiro”, destacou.
Segundo Sangari, o museu, que deverá ser criado em São Paulo, seria não apenas um pólo de pesquisa e conhecimento, mas também uma importante fonte geradora de trabalho e de renda para a cidade.
“O impacto sobre o turismo seria considerável. O Museu Americano de História Natural é o terceiro local de maior visitação nos Estados Unidos, depois de dois parques da Disney. Em São Paulo, um museu desses poderia ser um ímã para o turismo na América Latina, já que seria o maior museu do continente”, afirmou Sangari.
Segundo Sangari, já há empresas interessadas em financiar o projeto. “A parte mais difícil é criar uma ponte para parcerias institucionais e internacionais que viabilizem o projeto, o que caberia a nós. Achamos que há condições para a criação de um museu monumental em São Paulo, que atrairia de 3 a 4 milhões de visitantes anualmente”, disse.
Mais informações: http://www.institutosangari.org.br/

FONTE (image include): Revista Pesquisa - São Paulo,Brazil

Saem vencedores do Jabuti


Terça-feira, 23 de setembro de 2008
Saem vencedores do Jabuti
A Câmara Brasileira do Livro divulgou ontem os três vencedores em cada uma das 20 categorias do Prêmio Jabuti, a mais tradicional premiação literária do Brasil, que completou 50 anos este ano. O vencedor da categoria Romance, confirmando uma expectativa que já havia se formado desde que a lista de finalistas de cada categoria havia sido divulgada, foi O Filho Eterno, de Cristóvão Tezza, dilacerante relato da convivência de um pai com seu filho com Síndrome de Down. O gaúcho Moacyr Scliar foi escolhido o terceiro colocado na categoria Biografia por sua obra misto de memória e biografia O Texto, ou: A Vida. A mesma categoria foi vencida por Marco Antônio de Carvalho, com Um Cigano Fazendeiro do Ar, relato sobre a vida de Rubem Braga — incluindo os meses que o maior cronista brasileiro passou em Porto Alegre.
Os melhores livros do ano nas categorias Ficção e Não-Ficção serão conhecidos na cerimônia de premiação, dia 31 de outubro, na Sala São Paulo. Foram analisadas 2.141 obras _ 4% a mais que em 2007, quando participaram 2.052 publicações. A premiação total do Jabuti 2008 é de R$ 120 mil _ que o primeiro lugar de cada uma das 20 categorias recebe R$ 3 mil. Os autores dos melhores livros do ano de Ficção e Não-Ficção recebem R$ 30 mil cada um.
O primeiro vencedor do Jabuti, foi o romance Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado. Nesses 50 anos, também foram premiados autores como Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, Celso Furtado, João Cabral de Melo Neto, Nélida Piñon, João Ubaldo Ribeiro, Ruy Castro, Milton Hatoum, Lygia Fagundes Telles, Cecília Meirelles, Otto Maria Carpeaux, Celso Lafer, Gilberto Freyre, Dalton Trevisan, Ferreira Gullar, Antonio Candido, Cassiano Ricardo, Milton Santos, Ruth Rocha, Haroldo de Campos, Raduan Nassar, Paulo Duarte, o patrono da Feira do Livro, Charles Kiefer, entre outros.
FONTE: Diário de Santa Maria (Assinatura) - Santa Maria,RS,Brazil

Postado por Carlos André Moreira às 19h58

Poesia chega às prisões


Poesia chega às prisões
Há 16 mins

A poesia está a ser levada a vários estabelecimentos prisionais do país numa tentativa de ajudar à integração social dos reclusos. Filipe Gomes gostava que os reclusos ficassem pelo menos com os versos na mente.

Filipe Gomes quer incentivar o gosto pela leitura aos reclusos de várias prisões portuguesas através da poesia com o objectivo de ajudar a integração social de quem está preso.
Durante a sua visita ao Estabelecimento Prisional de Braga, depois de perguntar se algum dos presos gostava de ler e, em particular, se gostava de poesia, Filipe Gomes perguntou aos reclusos se conheciam os versos de «Ser Poeta», de Florbela Espanca.
Com este tipo de iniciativas, Filipe Gomes pretende trabalhar a liberdade, a família, a justiça e o amor com momentos em que as palavras se fazem sentir no interior dos reclusos.
«Aquilo que me preocupa é motivar para a leitura da poesia, mas tentar mostrar alguns poemas que podem ser interpretados de uma maneira positiva e que, mesmo que não sejam entendidos naquele momento, se calhar podem ficar na memória», explicou.
Para além de Florbela Espanca, Filipe Gomes declamou poesias de Eugénio de Andrade, Charles Baudelaire e Mário Cesariny durante os 45 minutos em que esteve perante os reclusos desta prisão de Braga, que gostaram da iniciativa.
«Reavivei a ideia de que realmente a poesia é um bom fruto de acolhimento», afirmou um dos presos desta prisão de Braga depois da sessão de poesia feita por Filipe Gomes.

FONTE: TSF Online - Lisboa,Lisboa,Portugal

Frank Miller diz que Sin City 2 está perto de começar


Frank Miller diz que Sin City 2 está perto de começar
E comenta que não quer voltar para os quadrinhos tão cedo
23/09/2008

Marcelo Hessel
Recentemente, o quadrinista Frank Miller participou de uma coletiva em Roma, onde falou de The Spirit, adaptação para as telas dos quadrinhos de Will Eisner dirigida por Miller, e também de Sin City 2.
Segundo o blog BadTaste, Miller, que nos quadrinhos responde atualmente apenas por All-Star Batman & Robin, disse que não espera voltar aos gibis tão cedo. "Hoje em dia, não pretendo fazer novos quadrinhos, porque estou apaixonado demais com essa coisa de fazer filmes", comentou.
Sobre Spirit: "Eu adaptei a HQ aos tempos de mudança de hoje em dia, e agora o filme se parece com o trabalho que eu faço. Quando eu estava na cadeira do diretor, senti que Will Eisner estava atrás de mim, mesmo falecido".
E sobre a possível continuação de Sin City: "Eu só acredito que um filme virou realidade quando vejo o título na tela. Mas posso dizer que estou perto de começar Sin City 2 com Robert Rodriguez. Precisamos arrumar algumas coisas e vamos poder voltar à ação".
Enquanto as oficializações não saem, fiquemos com Spirit, que estréia em 25 de dezembro nos EUA. Por aqui, a data estabelecida pela Sony é 16 de janeiro de 2009.
Leia mais sobre Spirit

FONTE (image include): Omelete - Brazil

João Derly começa a busca por vaga em Londres-2012

João Derly foi recebido com festa em Porto Alegre apesar da decepção em Pequim
Foto: Lucas Uebel, Vipcomm

Jogos Olímpicos 09/09/2008 15h07min
João Derly começa a busca por vaga em Londres-2012
Judoca da Sogipa é uma das atrações do Troféu Brasil em Porto Alegre

Maior decepção do judô brasileiro nos Jogos Olímpicos de Pequim, o gaúcho João Derly inicia neste fim de semana a luta para garantir vaga nos Jogos Olímpicos de Londres-2012.
Derly confirmou presença no Troféu Brasil Interclubes, que será realizado neste final de semana em Porto Alegre. Será a primeira vez que ele competirá em sua cidade natal nos últimos dois anos.
— O judô é a minha vida. Gosto muito do que faço, mas não dá para negar que o fato de voltar a competir na Sogipa, diante de tanta gente que gosta de mim, é um incentivo extra — disse o gaúcho.
Além do bicampeão mundial, outra atleta que competiu em Pequim também vai disputar a competição: Mayra Aguiar. A judoca da Sogipa está animada com a possibilidade de lutar em casa:
— Acho que a torcida a nosso favor será grande.
O Troféu Brasil dá início ao processo que definirá a seleção brasileira que representará o Brasil em Londres. O vencedor de cada categoria garante presença no primeiro ciclo de seletivas.
Por esse motivo, o número de inscritos na competição é recorde. Um total de 376 atletas (251 homens e 125 mulheres), de 73 clubes diferentes, foram inscritos no Troféu Brasil.
João Derly e Mayra Aguiar também usarão a competição como preparação para o Mundial de Judô por Equipes, que será disputado no dia 5 de outubro, em Tóquio, no Japão.

João Derly foi recebido com festa em Porto Alegre apesar da decepção em Pequim

Foto: Lucas Uebel, Vipcomm

FONTE (photo include): Diário de Santa Maria (Assinatura) - Santa Maria,RS,Brazil

Em sua quarta edição, festival traz um leque de apresentações culturais sinalizando a pluralidade musical do país


Varadouro 2008
23-Set-2008
Em sua quarta edição, festival traz um leque de apresentações culturais sinalizando a pluralidade musical do país

O Festival Varadouro chega à sua quarta edição com o patrocínio da Petrobrás, reforçando o conceito de diversidade cultural. Filiado à ABRAFin e parceiro do Circuito Fora do Eixo, o Festival em 2008 será realizado nos dias 26 e 27 deste mês, no estacionamento do Arena da Floresta, a partir das 18 horas. O Varadouro mais uma vez impulsiona a integração da América Latina através das manifestações integradas da cultura e assume definitivamente o papel de propulsor na discussão dos problemas sócio-culturais e ambientais que atingem o planeta através de sua programação que envolve debates, palestras e oficinas de conscientização, capacitação e potencialização de talentos. O Festival é uma realização do Catraia Coletivo de Cultura com patrocínio da Trama Virtual, Cerveja Sol e Governo do Acre e parceria do Ministério da Cultura.

Durante os dois dias serão mais de vinte bandas, entre acreanas, nacionais e da América Latina, de vários estilos e propostas, como Los Porongas, Filomedusa, Hey, Hey, Hey (RO), Linha Dura (MT), os veteranos do Cordel do Fogo Encantado (PE), e os bolivianos da Atajo e os peruanos da Bareto, além de diversas outras atrações musicais.
Além da música, esta edição do Festival agrega a Semana Varadouro, iniciada no último dia 20, com a realização de oficinas e palestras gratuitas de artes visuais, produção cultural, jornalismo, dramaturgia, audiovisual e radiodifusão, moda e marketing cultural, com intuito de capacitar pessoas para os diversos segmentos que integram as cadeias produtivas da cultura. A Semana termina no dia 28, com o II Campeonato Varadouro de Skate. Com isso, o Festival Varadouro, pretende fazer jus ao conceito: abrir caminhos.
A música inventiva do Cordel do Fogo Encantado

O Cordel do Fogo Encantado se apresenta no Festival Varadouro no dia 27 como uma das principais atrações. O Cordel que nasceu como espetáculo cênico-musical em Arcorverde (PE), terra natal de Lirinha, vocalista e panderista, dos percussionistas Emerson, Nêgo Henrique e Rafa Almeida e o violonista Clayton), misturava a tradição musical do sertão - o toré indígena (herança da tribo Xucuru), o samba de coco, o reisado, a embolada e a música dos cantadores - e a poesia popular de nomes como Chico Pedrosa, Manoel Filó, Manoel Chadu, Inácio da Catingueira e Zé da Luz.
Foi em 99 que o Cordel estreou participando do Rec-Beat, festival organizado anualmente durante os quatro dias de Carnaval. O primeiro álbum veio em 2000, com produção do percussionista Naná Vasconcellos. Saíram em turnê pelo Sudeste, promovendo o disco, chamaram a atenção de crítica e público, lotando teatros no Rio e São Paulo.
Nas excursões pelo cinema participaram da trilha sonora de Deus é Brasileiro, de Caca Diegues e Lirinha (vocalista), interpretou “O Amor é Filme”, em Lisbela e o Prisioneiro, de Guel Arraes.
O segundo trabalho, “O Palhaço do Circo Sem Futuro”, veio em 2002, de forma independente, foi produzido pelo grupo e lançado no primeiro semestre de 2003. A lona do circo foi desarmada. Depois de percorrer praticamente todo o país com o espetáculo que rendeu indicações às mais respeitadas premiações musicais, o Cordel do Fogo Encantado lança seu terceiro disco: “Transfiguração”.
A base continua a mesma: três percussões, um instrumento harmônico e a força da poesia como motivo da reunião. A maturidade musical se traduz no aprofundamento de novas descobertas sonoras de instrumentos. A percussão é levada para um ambiente mais contemporâneo, trazendo o frescor de uma música inventiva e não meramente reprodutora de ritmos existentes.
“Transfiguração” é, entre os álbuns do grupo, o que apresenta maior diversidade musical. A única participação especial é de BNegão, na faixa “Pedra e Bala (ou Os Sertões)”. Repleto de referências, o disco propõe um passeio pelos universos de Graciliano Ramos, Ítalo Calvino, Nietzsche, Euclides da Cunha, Ana Cristina César, o beatnik de Jack Kerouak, além de Bertolt Brecht e José Celso Martinez Corrêa.
Cordel do Fogo Encantado, La Pupunã e Mercadorias e Futuro no Varadouro

O Festival Varadouro não é meramente um espaço para o rock in roll, segundo definem seus criadores. Reunindo um mix arrojado de atividades, o projeto além de trabalhar a formação com oficinas e palestras, promove o intercâmbio e apresenta shows com bandas que sinalizam a diversidade cultural no país. Entre os grupos que passeiam por essa pluralidade musical, que irão se apresentar ao público acreano figuram o Cordel do Fogo Encantado (PE) e o La Pupuña (PA).
Para marcar melhor essa diversidade cultural proposta como conceito, o Festival Varadouro apresenta em sua programação o espetáculo ‘Mercadorias e Futuro’, escrito e interpretado por José Paes de Lira, o Lirinha, vocalista do grupo Cordel do Fogo Encantado. A peça com apresentação no dia 25, às 20 horas, no Teatro Plácido de Castro é um projeto paralelo e experimental do músico dentro de outra linguagem. Com co-direção assinada pela atriz Leandra Leal, Mercadorias e Futuro é uma performance que une texto, som, luz e improviso.
Sobre Mercadorias e Futuro - Na peça, Lirinha interpreta Lirovsky, um vendedor de livros que inventou uma parafernália de máquinas em forma de carrinho para ajudar em seu ofício. Dessa aparelhagem, dispara sons, imagens e luz, pondo em cena um aparato de recursos tecnológicos contemporâneos. São equipamentos que ele mantém ao alcance do corpo, ativando um arsenal de áudios pré-gravados que, junto com os improvisos, se convertem na trilha sonora do espetáculo. “Mercadorias e Futuro” é sobre arte, comércio e direito autoral, sobre a dificuldade de unir arte e negócios, sobre como trabalhar e ganhar dinheiro.
Livovsky é um comerciante de registros proféticos, dotado da ciência de colecionar a poesia das predições e de caçar as inscrições do que está por vir. Possuidor do dom de estudar, de decifrar e de narrar mensagens que anunciam o futuro, é também detentor do direito divino de transformar essa narrativa na mercadoria que oferece ao público. No exercício de sua função de vendedor, Lirovsky ocupará o palco como se ocupasse uma feira, à semelhança dos antigos que vendiam poesia metrificada pendurada em cordões, o que hoje denominamos “literatura de cordel“ Além do aparato tecnológico de som e luz, e, claro, das citações dos profetas que compõem o livro, Lirovsky recorre à obra de outros poetas, não ficcionais, para fortalecer seu argumento de vendedor. Aí entra a estética do improviso, decorrente da herança poética do autor, com citações de falas de poetas como Zé da Luz, Manoel Filó e Lourival Batista.
Rock, merengue, surf music, brega e a guitarrada do La Pupuña O grupo paraense se apresenta na primeira noite do Varadouro, dia 26, sexta-feira, juntamente com bandas do Acre, Tocantins, Rio Grande do Sul, São Paulo e Pará. Misturando rock, merengue, surf music, brega e, é claro, a guitarrada paraense, o La Pupuña traz Adriano Sousa (bateria), Marcio Goés (baixo), Diego Muralha (guitarra), Luiz Félix (guitarra e percussão), Rodolfo Santana (teclado) e Ytanaã Figueiredo (voz e percussão). A banda surgiu exatamente no ponto em que o deslumbramento com os tiozões do Mestres da Guitarrada veio à tona, quando o Brasil passou a conhecer o trabalho de Aldo Sena, Curica e Mestre Vieira, que, amplificando suas guitarras em linha direta no som, sem o auxilio de pedais, amplificadores caríssimos e guitarras com timbres específicos, conseguiram colocar os ouvidos mais atentos perto da caixa de som e fazer o pezinho bater no ritmo irresistível para uma dança. Movidos por esse espírito, os estudantes de música partiram para um projeto de pesquisa chamado Guitarrada – a música instrumental com sotaque paraense, que tinha como base justamente o trabalho do trio de senhores. Depois disso, foi só a tentativa de adicionar ao seu som as influências que trazem Dick Dale, The Clash, Pink Floyd, Buena Vista Social Club etc. O La Pupuña é hype em Belém, eles tocam quase todos os dias da semana em diversos bares da cidade. Tem sido assim desde que Belém descobriu essa fusão inteligente e experimental que coloca os pupuñeros rodeados de mulheres dançando num clima de sensualidade que faria Rick Martin morrer de inveja.
Programação Festival Varadouro 2008

DIA 26 SEXTA FEIRA

Tk7dois1 (AC) – 19h00
Boddah Di Ciro (TO) – 19h30
Blush Azul (AC) – 20h00
Marlton (AC) – 20h30
La Pupuña (PA) - 21h00
Yaconawás (AC) – 21h30
Ecos Falsos (SP) – 22h00
Survive (AC) – 22h30
Pata de Elefante (RS) – 23h00
Los Porongas (AC)– 23h30
Atajo (Bolívia) – 00h00
DIA 27 SÁBADO

Ashaninka (AC) 18h00
Hey, Hey, Hey (RO) 19h30
Silver Cry (AC) 20h00
Calango Smith (AC) 20h30
Cabocrioulo (AM) 21h00
Diego de Moraes e o Sindicato (GO) 21h30
Nicles (AC) 22h00
Linha Dura (MT) 22h30
Bareto (Peru) 23h00
Filomedusa (AC) 23h30
Cordel do Fogo Encantado (PE) 00h00
Jeronymo Artur (Comunicação Catraia)
Rose Farias (FEM)Fonte: Trama Virtual
SERVIÇO

Quando: 26 e 27 de Setembro, a partir das 18 horas
Onde: no estacionamento do Arena da Floresta

FONTE (photo include): Página 20 - Rio Branco,AC,Brazil

“La poesía es inútil para la sociedad del espectáculo”


Entrevista: Rodolfo Alonso/Escritor

“La poesía es inútil para la sociedad del espectáculo”

El poeta y traductor argentino que participará en el Encuentro Internacional de Escritores habla para MILENIO Diario de Monterrey de su relación con la literatura mexicana.

Escritor, editor y traductor argentino (Buenos Aires, 1934). Es una de las voces más reconocidas de la poesía latinoamericana contemporánea. Fue el más joven de la legendaria revista de vanguardia Poesía Buenos Aires. Es autor de más de 25 libros. Fue el primer traductor de Pessoa en América Latina. Ha traducido al español a Ungaretti, Duras, Pavese, Éluard, Drummond de Andrade, Apollinaire, Pasolini, Manuel Bandeira, Baudelaire, Valéry, Mallarmé, entre otros.

Alonso es traductor del libro Poesía en general, publicado recientemente por Alforja y la Dirección de Publicaciones de la UANL. Invitado por Conarte, participará en el Encuentro Internacional de Escritores a realizarse en Monterrey del 1º al 4 de octubre. Antes, el lunes 30, participará como comentarista del libro Réquiem del poeta brasileño Lêdo Ivo, a las 20:00 en el vestíbulo del ex Palacio Federal.

¿Cómo te vinculaste con la literatura mexicana?

¿Y cómo hubiera podido no vincularme, cómo hubiera podido intentar considerarme latinoamericano sin haber conocido lo que se ha escrito en México? Desde muy joven también tuve la suerte de ser fraternalmente acogido en legendarias publicaciones como El Corno Emplumado, la Revista Mexicana de Literatura.

¿Qué imágenes pasaban por tu cabeza mientras traducías a Lêdo Ivo?

Traducir poesía resultó siempre para mí, y sin habérmelo propuesto, casi como una operación alquímica. De algún modo, para nada apenas racional, uno debe dejarse convertir en el otro, ser el otro, hacer realidad palpable y concreta aquel `Yo es Otro’ con que Rimbaud nos iluminó siendo casi un niño al escribir su célebre Carta del Vidente. De modo que cuando me entregué a traducir a Lêdo no tenía otras imágenes que las palpables y concretas encarnadas en la lengua de Lêdo Ivo que yo debía dejar fluir a través mío, por mi propia lengua.

Has incursionado en la poesía, la narrativa, la traducción y el ensayo, ¿en qué género te mueves como pez en el agua?

La poesía siempre me ha colmado a la vez de fraternidad y de exigencia, de dolores de parto y de goces momentáneos, pasajeros pero, al mismo tiempo, capaces de reiteración. Y me refiero a la poesía en todas sus formas, a la poesía que no es apenas un género literario sino, como bien dijo Tristán Tzara, “una manera de vivir”. A la poesía, que no se acota en su escritura o en su traducción, sino que fluye también en toda prosa que no sea prosaica, menor, banal, opaca.

¿Los escritores salvan el idioma o lo contaminan?

Una y otra cosa. Y casi nunca voluntariamente. A veces incluso lo salvan al contaminarlo. De todos modos que quede bien claro que no creo de ninguna manera en un poder peculiar o superior de los escribas sino que, por el contrario, como no me canso de decir, la lengua viva sólo puede venir de abajo, del humus mismo de la vida, orgánica, seminal. Y es más, me parece del todo evidente que nunca hubo una gran poesía, por más supuestamente elitista, cultivada o cortesana que pareciese, que no estuviese ineludible y hasta secretamente unida, por oscuros meandros, con una gran lengua viva hablada por un pueblo, por una comunidad.

¿No te parece que hay mucha violencia en el mundo, qué papel juega la poesía ante esto?

De nada le sirve a un humillado, a un torturado, a un saqueado, que hoy algún poeta lo denuncie, lo convierta en tema. Pero, y misteriosamente al mismo tiempo, esas palabras contagiosas y vivas, vivas y solitarias, solitarias y solidarias, son la evidencia indestructible de que la violencia no perdurará.

¿Los lectores de poesía se hacen cada vez más invisibles?

¿Y es que acaso no lo fueron siempre? La poesía no necesita que se compre su último modelo: una línea indeleble de poesía viva en la memoria es suficiente para toda la vida. La poesía es inútil para la sociedad de mercado, para la sociedad del espectáculo.
Margarito Cuéllar
FONTE (photo include): Milenio Monterrey - Monterrey,Nuevo León,Mexico

Poesía y flamenco se funden en Antequera de la mano del “Romancero Gitano”


Cultura
Poesía y flamenco se funden en Antequera de la mano del “Romancero Gitano”
Fecha: 23 Septiembre 2008
Fuente: Lorena Sánchez
El Ballet Flamenco de Andalucía junto a Cristina Hoyos presentaron este viernes 19 de septiembre en la Plaza de Toros de Antequera un gran espectáculo que recoge varios poemas del escritor andaluz Federico García Lorca.

Desde más de media hora antes, el público llegaba al coso antequerano para poder tener la mejor localidad para disfrutar de un espectáculo que encantó a todo el mundo. Bajo el título de unos de los romanceros más famosos de Lorca “Romancero Gitano” el espectáculo mostró que el flamenco se une con la poesía de una manera directa, llegando a transmitir de forma sencilla cada una de las palabras que conforman sus poemas, cada uno de los sentimientos que empujan a los personajes que forman parte ya, de la literatura de nuestro país.

La representación comenzó con un prólogo donde se pudo ver cómo se formaba el cuadro flamenco que permaneció en el escenario hasta el final, para seguir con la puesta en escena de los poemas “Romance de la luna, luna”, “La monja gitana”, “La casada infiel”, “La reyerta”, “Prendimiento de Antoñito el Camborio”, “Muerte de Antoñito el Camborio”, “Romance de la guardia civil española”, “Romance de la pena negra” –actuación de Cristina Hoyos– y el famoso “Romance sonámbulo” el mismo con el que se iniciaba todo.

Grandes bailaores que fueron subiendo el calor en el público, por sus movimientos e interpretación geniales, sobre todo, cabe destacar junto a Cristina Hoyos, a Mariano Bernal quien en sus dos interpretaciones como Antonio Vargas Heredia, el Camborio, entusiasmó a los asistentes.

FONTE: El Sol de Antequera - Málaga,Spain

terça-feira, setembro 23, 2008

I CONGRESSO MUNDIAL DE BIOÉTICA E DIREITO ANIMAL


22/09/2008 14:00
Por: Laerte Fernando Levai laertelevai@uol.com.br
- Promotor de justiça em São José dos Campos/SP
I CONGRESSO MUNDIAL DE BIOÉTICA E DIREITO ANIMAL
Acontecerá durante os dias 08 a 11 de Outubro de 2008 na Universidade Federal da Bahia o maior evento de Bioética e Direito Animal do Brasil. O I CONGRESSO MUNDIAL DE BIOÉTICA E DIREITO ANIMAL será realizado pelo Ministério Público do Estado da Bahia, Universidade Federal da Bahia e Instituto Abolicionista Animal no Pavilhão de aulas da Federação com abertura na Reitoria dia 08 sob a música da orquestra sinfônica da UFBA.

Este evento contará com a participação de grandes nomes do cenário mundial como Professor Peter Singer, fundador e o primeiro presidente da International Association of Bioethics (IAB). Professor da Princeton University, nos Estados Unidos e autor dos livros: Liberação dos Animais e Ética Prática; Professor Steven Wise, primeiro professor de Direito Animal dos Estados Unidos e ensinou em Universidades como: Harvard Law School, Vermont Law School, John Marshall Law School; e o professor Favre ensina Direito dos Animais, Direito Ambiental da Fauna Silvestre e Direito Ambiental Internacional na Faculdade de Direito da Michigan State University. Ele tem atuado na defesa jurídica dos animais desde o começo da década de 80.

Além de outros como a Professora Maria do Céu Patrão Neves, professora Catedrática de Ética da Universidade dos Açores com formação acadêmica específica na área da Bioética, tendo realizado um pós-doutoramento no Kennedy Institute of Ethics, em Georgetown University (Washington, D.C.).

Inscrições e programação via internet. Maiores informações favor acessar:

Contatos com imprensa:

Salvador/BA:Heron Santana - heron@mp.ba.gov.brProfessor de Direito Ambiental e Direito Constitucional da Graduação e da Pós-graduação do Curso de Direito da UFBA, mestre em direito econômico e ciências sociais tem se destacado na luta pelos direitos animais, tendo sido o primeiro a escrever, no Brasil, tese de doutoramento em Direito Animal com o título Abolicionismo Animal. É promotor de justiça do Meio Ambiente de Salvador/BA, onde atua, junto com associações de proteção animal, em prol da defesa de qualquer forma de crueldade contra os animais. É coordenador, juntamente com Luciano Santana, da Revista Brasileira de Direito Animal. Em 2006 foi eleito presidente do Instituto Abolicionista Animal, instituição que vem somar esforços na libertação dos animais, dando suporte jurídico e fundamentação filosófica, assim como apoio técnico na formulação e ajuizamento de ações em defesa dos interesses dos animais.

Rio de Janeiro/RJ:

Daniel Braga Lourenço - dblourenco@hotmail.com
graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC/RJ. É mestre em “Direito, Estado e Cidadania” pela Universidade Gama Filho – UGF/RJ e especialista em Direito Ambiental pela Fundação Getúlio Vargas – FGV/RJ. Possui MBA em Direito Econômico e Empresarial também pela Fundação Getúlio Vargas – FGV/RJ e em Direito do Petróleo pelo CP/COPPE. Atualmente é Professor de Direito Ambiental do Curso Praetorium (Rio de Janeiro) e de Direito do Petróleo do Instituto Catarinense de Pós-Graduação – ICPG. É associado ao Animal Legal Defense Fund – ALDF (Professional Volunteer) e Diretor Jurídico do Instituto Abolicionista Animal – IAA. Integra o Conselho Editorial da Revista Brasileira de Direito Animal e da Editora Evolução, e integra o Conselho Consultivo da Revista Eletrônica Pensata Animal (http://www.sentiens.net/).

FONTE: Última Hora - Campo Grande,MS,Brazil

Literatura: Homenagens são "a mais mortal das doenças" - António Lobo Antunes


Literatura: Homenagens são "a mais mortal das doenças" - António Lobo Antunes
2008-09-18 22:00:14
Lisboa, 18 Set (Lusa) - O escritor António Lobo Antunes classificou hoje qualquer homenagem como "a mais mortal das doenças", ao receber as insígnias de Comendador da Ordem das Artes e das Letras francesas, numa cerimónia realizada na embaixada de França em Lisboa.
"Os prémios, as homenagens, as condecorações são talvez a mais perigosa doença da vida, e a mais mortal, porque corremos o risco de ficar satisfeitos com o nosso trabalho", disse António Lobo Antunes, depois de receber a condecoração das mãos do embaixador francês em Lisboa, Denis Delbourg.
"É um autor ao mesmo tempo difícil e popular, universal", declarou o diplomata francês antes de entregar as insígnias, uma faixa com uma medalha.
Assistiram à cerimónia os escritores portugueses Vasco Graça Moura e Rui Cardoso Martins, o escritor timorense Luís Cardoso, o ex-Presidente da República Mário Soares e o psiquiatra Daniel Sampaio - o amigo que levou o manuscrito do primeiro romance de Lobo Antunes, "Memória de Elefante", à editora Dom Quixote, em 1979.
Também dois dos seus irmãos estiveram presentes, Manuel Lobo Antunes, secretário de Estado dos Assuntos Europeus, e Miguel Lobo Antunes, presidente do conselho de administração da Culturgest, bem como o ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, que chegou atrasado e felicitou António Lobo Antunes no final da cerimónia.
Sobre a distinção atribuída ao escritor - "um homem que se revelou depois da profissão de médico um genial trabalhador da Língua Portuguesa" - Pinto Ribeiro disse que "tem um grande significado, porque é um processo de afirmação da identidade portuguesa".
Apesar de admitir que "é bom" ter leitores noutros países, António Lobo Antunes sublinhou: "É para os portugueses que eu escrevo, [Portugal] é o meu país e cada vez gosto mais do meu país".
"E julgo que de cada vez que um artista português é reconhecido em qualquer outro país, é o nosso povo, é o nosso país todo. Temos recebido tão pouco e merecemos tanto", observou.
Depois de receber o Prémio Camões (2007), o Prémio José Donoso (2006), o Prémio da Feira Internacional do Livro de Guadalajara (2008, antigo Prémio Juan Rulfo) e o Prémio Terenci Moix (2008), Lobo Antunes considerou "muito incómodo" o facto de existir "uma unanimidade" em torno da sua obra.
"As unanimidades são sempre de desconfiar. Então, é melhor uma pessoa começar a perguntar 'o que é que eu terei feito mal?'", sustentou.
A distinção de Comendador é a mais elevada da Ordem das Artes e das Letras francesa - que inclui ainda os graus de Cavaleiro e Oficial - e é atribuída pelo Governo francês a personalidades da área da Cultura por méritos excepcionais.
Criada em 1957, a Ordem das Artes e das Letras de França já foi entregue a mais de uma dezena de portugueses, entre os quais Amália Rodrigues, Manoel de Oliveira, Agustina Bessa Luís, João Bénard da Costa, Júlio Pomar (Comendadores), Lídia Jorge, Luís Miguel Cintra, Eduardo Lourenço (Oficiais) e Mísia, José Saramago, José Manuel Castello Lopes e Maria de Medeiros (Cavaleiros).
Nascido em Lisboa, o romancista de 66 anos já publicou quase três dezenas de obras, a primeira das quais o romance "Memória de Elefante", em 1979, e a mais recente, "O Meu Nome é Legião", em 2007, a que se seguirá, em Outubro deste ano, "O Arquipélago da Insónia".
"Poder continuar a escrever - essa é a única recompensa que me interessa. O resto não é importante", rematou Lobo Antunes.
ANC.
Lusa/fim
keywords: cultura LITERATURA PREMIO CULTURA França

FONTE: Visão Online - Laveiras,Portugal

Un omaggio alla poesia di Leonard Cohen


23 Settembre 2008
Carlo Gandolfo

Un omaggio alla poesia di Leonard Cohen
Nel buio dell'Arcimboldi salgono sul palco Philip Glass e altri sei musicisti.Il teatro è pieno e la curiosità è molta. L'evento è senz'altro particolare: uno dei più discussi compositori mette in musica le poesie e i disegni di uno dei più celebri cantautori internazionali. Cosa può uscire da due sensibilità musicali così diverse, che niente hanno in comune se non forse una certa ossessiva ammirazione per gli archi e soprattutto i violini? L'uno - Glass - ha costruito la sua poetica sul minimalismo e sulle ripetizioni iterative, arrivando a costruire una musicalità quasi frattale e comunque estremamente razionale; l'altro - Cohen - l'ha costruita sulla malinconia, affrontando in ballate e chanson le passioni e le oscurità degli individui, sfiorate con soffusa delicatezza e permanentemente avvolte in ruvida grazia.

Ma per quanto la celebrità di Cohen sia dovuta essenzialmente alla sua musica, è nella poesia che risiede l'essenza della sua arte.

E con profonda ammirazione e un po' di irriverenza, è questa arte che Philip Glass ha voluto regalarci.

Lo scenario è semplice: due tastiere in mezzo al palco, gli altri musicisti dietro e come sfondo un collage di disegni di Cohen a tratteggiarne i profili e le tematiche; il disegno centrale rappresenta un autoritratto di Jikan, "il silenzioso": il nome con cui Cohen si faceva chiamare negli otto anni del suo soggiorno nel monastero buddista di Mount Baldy. tale ritratto poi si rivelerà essere un monitor sul quale scorreranno altri disegni profondamente autobiografici. Sotto il monitor una porta.Il palco resta buio, si sente una voce registrata di Cohen che legge il prologo: "I know she is coming / I know she will look / And that is the longing / And this is the book", attaccano gli archi, e lo spettacolo entra nel vivo.

Quel che seguirà sarà un insieme preciso e molto ben studiato di armonie, pattern ritmici, luci, coreografie, immagini proiettate sul palco e simboli.

La complessità di insieme presenta allo spettatore una biografia intensa e a tratti ironica del cantautore canadese.

Una poltrona, simbolo ricorrente in Cohen, resta in ombra in un angolo della scena per accogliere a volte Glass, a volte altri musicisti, caricandone significativamente l'assenza dal palcoscenico.

Lo spettacolo prosegue con geometrie armoniche perfette che a volte riescono anche a diventare un po' noiose, anche i coristi ed i musicisti si muovono sulla scena seguendo coreografie altrettanto geometriche.
Come il pubblico inizia a perdere la concentrazione, i toni tornano ad essere ironici e vivaci; molto divertente "Puppet Time", con i quattro coristi che di strofa in strofa variano posizione sul palco accompagnati da uno splendido contrabbasso, e poco dopo una lieve sfumatura di Gershwin colora "How Much I Love You", sfogandosi poi in un'elastica ma poderosa "Babylon": la musica è al suo culmine ed un brioso assolo di violino lo sottolinea.

Passa qualche minuto e il palco si accende di rosso, la musica incalza con energia e di nuovo il violino spicca: "This Morning I Woke Up Again".

Lo spettacolo torna un po' a spegnersi in una spirale ipnotica ed è di nuovo l'energia del violino a ridestare la platea, animando la lunga "You Came to Me This Morning", già nota ai conoscitori di Cohen per aver dato luce alla "A Thousand Kisses Deep" in "Ten New Songs".

Qui è ancora più evidente la distanza tra i due musicisti: dove Cohen accarezzava sensualmente la sua notturna malinconia, Glass la intinge in un misurato lirismo dandole uno spessore completamente differente.

"Epilogue - Merely A Prayer" conclude il concerto come un vero epilogo teatrale. I musicisti ringraziano e ricevono i meritati applausi.

Nell'aria rimane una vaga sensazione di ipnosi. I cancelli della musica si chiudono ed il dubbio che resta è se il Leonard Cohen che Glass ci ha voluto far vedere sia in realtà soprattutto una parte di noi. I temi, le parole e soprattutto l'ironia con la quale Glass ce lo ha voluto mostrare hanno un carattere troppo universale per appartenere ad un uomo soltanto. E - adesso che lo spettacolo è finito - quest'uomo è troppo distante da quel che il cantautore canadese ci ha mostrato di sé. Monsieur Cohen - ci dica - dove è finito il suo cappello?

Come il pubblico inizia a perdere la concentrazione, i toni tornano ad essere ironici e vivaci; molto divertente "Puppet Time", con i quattro coristi che di strofa in strofa variano posizione sul palco accompagnati da uno splendido contrabbasso, e poco dopo una lieve sfumatura di Gershwin colora "How Much I Love You", sfogandosi poi in un'elastica ma poderosa "Babylon": la musica è al suo culmine ed un brioso assolo di violino lo sottolinea.Passa qualche minuto e il palco si accende di rosso, la musica incalza con energia e di nuovo il violino spicca: "This Morning I Woke Up Again".Lo spettacolo torna un po' a spegnersi in una spirale ipnotica ed è di nuovo l'energia del violino a ridestare la platea, animando la lunga "You Came to Me This Morning", già nota ai conoscitori di Cohen per aver dato luce alla "A Thousand Kisses Deep" in "Ten New Songs".

Qui è ancora più evidente la distanza tra i due musicisti: dove Cohen accarezzava sensualmente la sua notturna malinconia, Glass la intinge in un misurato lirismo dandole uno spessore completamente differente."Epilogue - Merely A Prayer" conclude il concerto come un vero epilogo teatrale. I musicisti ringraziano e ricevono i meritati applausi.Nell'aria rimane una vaga sensazione di ipnosi. I cancelli della musica si chiudono ed il dubbio che resta è se il Leonard Cohen che Glass ci ha voluto far vedere sia in realtà soprattutto una parte di noi. I temi, le parole e soprattutto l'ironia con la quale Glass ce lo ha voluto mostrare hanno un carattere troppo universale per appartenere ad un uomo soltanto. E - adesso che lo spettacolo è finito - quest'uomo è troppo distante da quel che il cantautore canadese ci ha mostrato di sé. Monsieur Cohen - ci dica - dove è finito il suo cappello?

FONTE (image include): LoudVision - Milano,Italy

quarta-feira, setembro 17, 2008

'Noite Auta, Céu Risonho' será exibido hoje no TCP


'Noite Auta, Céu Risonho' será exibido hoje no TCP
16/09/2008 - Tribuna do Norte

“Tua vida é uma página da história/ Do teu eu, vivido e experimentado...Se tua visão, acaso, é notória, é que há muito tu tens caminhado...” Esses são versos do poema “A Página” de Auta de Sousa, retirado do livro “Horto”, o único publicado na vida da potiguar que faleceu aos 25 anos vítima de tuberculose. Sua história pouco registrada e com reconhecimento até do escritor Olavo Bilac, poderá ser vista no documentário “Noite Auta, Céu Risonho”, da diretora e pesquisadora Ana Laudelina Ferreira, que será exibido hoje, às 19h, no Teatro de Cultura Popular (anexo à Fundação José Augusto).

O filme é uma produção da Tv Universitária em parceria com o Núcleo Câmara Cascudo de Estudos Norte-rio-grandenses, realizado através do Programa BNB de Cultura 2008. “A realização do documentário só foi possível com essa parceria. Natal carece de suporte para o cinema e a TVU disponibilizou câmeras, material de gravação e toda a edição da obra”, contou a produtora Dayanne Oliveira, que participou de todo o processo do filme desde o roteiro até a finalização.

Professora do departamento de Ciências Sociais da UFRN, Ana Laudelina teve a idéia de fazer o documentário depois de defender sua tese de doutorado “Auta de Souza: representações culturais e imaginação poética”. “Ana começou a pensar no filme quando percebeu a ausência de documentos sobre Auta, reafirmando a importância dela como escritora e figura humana”, disse a produtora.

A pesquisadora passou quatro anos de sua vida em estudo profundo sobre a história de vida de Auta. Entre indas e vindas à Macaíba – cidade Natal de Auta - Laudelina encontrou o historiador Anderson Tavares, um importante pesquisador das obras de Auta, cujo acervo é rico e possui parte dos documentos da família de Auta, um material importante que subsidiou o filme. “O documentário tem o objetivo de estimular as pessoas a conhecerem a biografia e obra da poetisa, que é rica em reflexão sobre diferentes temas como sociológicos, históricos e filosóficos que a memória da poetisa pode provocar”, disse.

Como Auta não podia ir mais à escola devido ao seu estado de saúde - pelo agravamento da tuberculose – ela passou a escrever suas impressões sobre o mundo em folhas avulsas que resultou em livros, sendo apenas “O Horto” publicado, com prefácio do escritor Olavo Bilac. Esses escritos e sua visão sensível sobre o mundo e a sociedade serviram de gancho para as gravações que começaram em fevereiro e terminaram em junho.
Preparação e orçamento

Com um valor consideravelmente baixo -R$ 20 mil – para o longo tempo de gravação – quatro meses - o filme contou com a participação de profissionais do Rio Grande do Norte, como a roteirista Bernadete Lago, o preparador de elenco Lenilton Teixeira, a atriz Marinalva Moura, crianças da Escola Municipal Auta de Souza em Macaíba, entre outros.
Os poemas e textos de Auta são narrados no filme pela voz de Tarcísio Gurgel e pela jornalista Josimey Costa. “A gente optou por trabalhar com off, e Marinalva (quem faz a Auta), fez a parte da interpretação”, conta a produtora. “No roteiro a gente usou a licença poética, alguns historiadores dizem que ela teve um romance João Leopoldo, que era de Macaíba e o irmão dela proibiu, optamos por usar essa versão defendida por Câmara Cascudo”.

Para compor a personagem, o diretor Lenilton Teixeira fez diferentes tipos de pesquisa tanto gestual como oral de Auta de Souza. “Além da preparação que acontecia antes das gravações, ele trabalhava diariamente antes de cada cena. Posso dizer que foi uma preparação intensa”.

A pesquisa de figurinos feita por Kátia Dantas também foi demorada e detalhista. “Como tínhamos poucas fotografias de Auta (apenas quatro) tivemos que pesquisar as imagens da época”, disse a produtora.

Ao assistir o vídeo o expectador tem a oportunidade de conhecer alguns dos poemas que compõem os cancioneiros da poetisa, tanto o tradicional como o contemporâneo, este último interpretado por músicos como Alvamar Medeiros e Mirabô Dantas. “Além de Mirabô e Alvamar, o filme conta com a participação de Ângela Castro”, lembra.
Serviço

Hoje, 19h lançamento do documentário “Noite Auta, Céu Risonho” no Teatro de Cultura Popular. (Anexo à Fundação José Augusto, av Jundiaí, Tirol).
FONTE (photo include): Tribuna do Norte - Natal - Natal,Brazil

Só a noite é que amanhece - Alphonsus de Guimaraens Filho

Com Mário de Andrade, em 1944: recorte de uma foto do mestre modernista em Belo Horizonte com um grupo de mineiros.
Em cima: Hélio Pellegrino, Alphonsus de Guimaraens Filho, Otto Lara Resende e Alexandre Drummond. Embaixo: Oscar Mendes, Mário de Andrade e João Etienne Filho. (Foto do Arquivo Otto Lara Resende/Instituto Moreira Salles)
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Só a noite é que amanhece
Alphonsus de Guimaraens Filho

À VONTADE

(trecho final)

Não seja por isto, noite.
Melhor é que desças. Com toda a tua treva.
E entre nós — embora ressabiados e feridos — até que poderás ficar à vontade.
Pois de qualquer modo há em ti um frêmito vôo informulado,
grande ave de asas cegas…
Somos teus, como sabes, todos te pertencemos, constrangidos embora.
Mas não seja por isto.
A casa é tua — como nestes domínios é hábito dizer aos amigos —
e poderás ficar à vontade.
De Transeunte (1963-1968)
FONTE (photo include): POESIA.NET

terça-feira, setembro 16, 2008

João Derly é ouro no Troféu Brasil Interclubes

Cap Roig at night I
By:
Alex Tremps View Full Portfolio (91 images)
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João Derly é ouro no Troféu Brasil Interclubes
JB Online
PORTO ALEGRE - O bicampeão mundial de judô João Derly, conquistou o ouro da categoria meio-leve no VII Troféu Brasil, disputado neste final de semana em Porto Alegre (RS). Competindo pela equipe Oi/Sogipa, o resultado de Derly ajudou ao clube do Rio Grande do Sul a ser o campeão do torneio, com cinco medalhas de ouro durante a competição.
- Foi muito bom voltar a lutar na Sogipa, já fazia dois anos que eu não lutava aqui e voltar a sentir esse calor da torcida é sensacional. Esse lugar e essa torcida me dão força. O título serviu para levantar a moral e, agora, vou com tudo para o Mundial por equipes no mês que vem!, afirmou Derly.
Como vencedor da categoria meio-leve, Derly garantiu presença no primeiro ciclo de seletivas para a Olimpíada de 2012. Agora, o judoca tem novos compromissos pela Seleção Brasileira. Ele foi convocado para integrar o time que disputará o Mundial de Equipes, que será disputado no dia 5 de outubro, em Tóquio, no Japão.
[19:21] - 15/09/2008

FONTE: JB Online - Rio de Janeiro,RJ,Brazil

Putin 'to teach Sarko judo'


Putin 'to teach Sarko judo'
Tuesday, September 16, 2008

Russian Prime Minister Vladimir Putin could soon be training Nicolas Sarkozy in judo after agreeing to pass on some of his black belt skills to the French president. "He (Sarkozy) is interested in martial arts and we have decided to do some training together," Putin was quoted as saying in an interview with French newspaper Le Figaro published on Saturday.
The 55-year-old Putin's prowess in the martial art of judo is well documented and videos of him wearing his black belt and throwing opponents to the ground are easy to find on the Internet.
Sarkozy, 53, was not previously known to have an interest in martial arts. He has often been photographed jogging.

FONTE (photo include): Metro - London,UK

Quem destruiu Anita Malfatti? Jardel Dias Cavalcanti


Eu desconfio do meu passado.
(Mário de Andrade)

O modernismo brasileiro não passou de um aborto. E Anita Malfatti, a menina prodígio que era a única manifestação real de arte moderna no nosso país, e que estava sendo gerada no útero do provincianismo paulista de início de século XX, foi destruída tão logo colocou suas primeiras asinhas avançadas de fora. Perdemos a única chance de realmente sermos modernistas. O que sobrou foi apenas a arte programática-ideológica-nacionalista, envernizada com um pseudomodernismo de artistas medianos, se não medíocres, como Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral e Portinari.

A exposição de Anita Malfatti, realizada no final de 1917 (ano da Revolução Russa, registre-se de passagem), caiu sobre a cidade de São Paulo como uma bomba. Com cerca de 50 telas "expressionistas", de uma modernidade desconcertante para os padrões artísticos da época, a artista oferecia às nossas paragens o que havia de mais radical em termos de experiência plástica: uma pintura que se pretendia uma experiência da linguagem (da forma e da cor) e não mais uma narrativa mimética do mundo.

A pintura era para ela um problema que se resolvia sob os auspícios da autonomia do artista e da arte, livre de qualquer mediação que não fosse o próprio fato/fazer artístico em si mesmo. Neste sentido, e só neste, pode-se falar em modernidade da arte. Vindo de uma experiência internacional onde conheceu a arte fauve e o expressionismo alemão, além do modernismo nos Estados Unidos, Anita se identificou imediatamente com a força de uma pintura de caráter experimental, forjada numa prática em que a autonomia do fato plástico era o princípio criador.

Anita cumpria corajosamente com suas telas essa premissa básica da arte moderna. Deu a cara à tapa ao expor seus trabalhos num Brasil caipira... e foi violentamente estapeada. Inicialmente pelo conservadorismo de Monteiro Lobato, depois pelo agenciamento ideológico-nacionalista de artistas como Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Oswald de Andrade, tão culpados quanto Lobato pela adesão da artista a uma arte mais convencional e programática.

Monteiro Lobato passou erradamente para a história como o único responsável pela decadência da obra de Anita, fruto do ataque que fez num artigo enfurecido chamando aquelas obras e todo o modernismo de "paranóia ou mistificação", apelando para uma crítica muito parecida com a dos nazistas que classificavam a arte expressionista de arte degenerada, de loucos, praticada por artistas que não passavam de doentes mentais. O resultado do artigo do autor de Idéias de Jeca Tatu foi a devolução de quadros já vendidos na exposição, a perda de alunos pela artista e seus constrangimento artístico-social. Mas pior do que o ataque de Lobato, que a confrontava claramente, foi o contato da artista com os modernistas, que envolvendo-a numa suposta proteção a cooptaram para seus interesses ideológico-políticos de criar uma suposta arte verdadeiramente brasileira, menos radical, como veremos abaixo.

A exposição de 1917 foi visitada também por Mário de Andrade, que foi repreendido pela própria artista que o encontrou rindo de suas obras. Foi o primeiro encontro entre as duas personalidades que se tornariam grandes amigos depois. Para o parnasiano Mário de Andrade daquela época, a exposição de Anita era uma aberração. Sentindo-se culpado pelo acesso de riso incontido diante da artista e de suas obras, e sob o efeito da repreensão de Anita, Mário se desculpou enviando a ela um poema parnasiano. Como se pode ver, Mário nada entendeu da sofisticação e revolução artística de Malfatti.

Posteriormente, Mário iria defender a artista e agregá-la ao grupo modernista, inclusive convidando-a a expor suas obras na Semana de 22. Aliás, as únicas obras realmente modernistas da exposição. Essa amizade e apoio vão se converter numa espécie de constrangimento ideológico ao qual Anita se sentirá obrigada a se submeter diante do nacionalismo social do ambiente sob o qual nosso pseudomodernismo estava se desenvolvendo.

É sintomático, nesse sentido, uma carta de Mário endereçada a Anita no qual qualifica a obra de Tarsila como "as melhores pinturas modernistas que conheço", dizendo que a artista havia encontrado o caminho de uma arte genuinamente brasileira, "brasileira mas brasileira de verdade", "com tipos e santos nacionais" e com "um gosto forte de manacá e abacaxi". Realmente, essas pinturas de Tarsila não passam disso, verdadeiros abacaxis ideológicos. E esta carta de Mário tem como objetivo tentar indicar, indiretamente, um rumo para a pintura de Anita: tornar-se ela também esse abacaxi. Como podemos ver em quadros como Baianas e As bem-aventuranças, ou nos retratos que ela pintou posteriormente, por exemplo, o fato se deu.

Não resta dúvida de que Mário de Andrade tenha defendido Anita. Defesa esta que não pressupõe entendimento da arte de Malfatti como a responsável pela revolução que se iniciara na arte brasileira, mas como anotou Marta Rossetti Batista, a biógrafa de Anita, Mário "encontrava dificuldades para compreender a estranha e masculina liberdade com que Anita Malfatti jogava na tela, espontânea e violentamente, formas e cores". Mário de Andrade "nunca aceitaria completamente as deformações mais gritantes e os maiores exageros de proporções, portanto, os aspectos mais abstratizantes, interpretativos e desligados do 'real', dos trabalhos expressionistas de Anita Malfatti".

Outro fato importante na regressão de Anita foi seu contato com o professor de pintura de Tarsila e amigo de Lobato, o acadêmico Pedro Alexandrino, que representava a negação de tudo o que Anita "aprendera, acreditara e produzira". Eis o conselho que Lobato dava aos jovens artistas e que Anita acabou acatando: "freqüentai Pedro Alexandrino, tomai como norma de vida mental seu ódio a tudo o que é falso, charlatanesco, burlesco, idiota, cúbico ou futurístico".

A amizade com Tarsila, dentro do grupo modernista, também garantiu aspectos conservadores à obra de Anita, que no fim da vida parecia estar copiando os péssimos trabalhos da viajada caipira do interior paulista. Tarsila nunca foi moderna, desde o início de sua carreira abominou as novidades da arte européia de vanguarda e mesmo odiou e desqualificou o poema modernista "Paulicéia desvairada", de seu amigo Mário de Andrade, quando ele o lera para ela no seu atelier. Tarsila disse que naquela época voltou de Paris num navio de luxo "trazendo uma caixa de pintura com muitas tintas bonitas, muitos vestidos elegantes e pouca informação artística". Isso é notório em sua obra. Por isso passou a vida a pintar seu Brasil interiorano e rural, com procissões religiosas, árvores, bichos e pedras numa adesão à crença num Brasil exótico ou pintando as chaminés, viadutos e trilhos de uma São Paulo em processo de industrialização, mas que em suas melancólicas telas não lembram minimamente a potência do futurismo europeu.

Quando Tarsila mete-se a artista social, pinta o programático, simplório e insuportável quadro Os operários, em 1933, dando ouvido aos clamores de Di Cavalcanti que proclamava que "o artista é um proletário, deve, portanto, compreender o proletariado, aderir a seus objetivos sociais e políticos e a realidade social impõe à visão artística um maior conhecimento do país e de seu povo".

Quanto ao suposto modernismo de Portinari, deixo a palavra com Tadeu Chiarelli: "tanto quanto Almeida Jr. e Di Cavalcanti, Candido Portinari foi um artista preocupado em representar a realidade exterior de seu universo circundante, fiel à etnia de seus personagens, sua condição social, enfim, à realidade física e humana do país. Um artista de extração fundamentalmente naturalista/realista, apesar de certas distorções expressivas presentes em seu trabalho". Ou seja, outro conservador... envernizado de modernista. É basicamente dentro desse quadro de referências artístico-ideológicas marcadas pelo desejo de construir uma arte de temática social, preocupada com a afirmação de uma certa particularidade nacional, buscando a superação de um estado colonial, que redundaria num projeto de envernizamento modernista (disfarçado de antropofagia), que Anita tentará manter-se como artista. Mas as pressões do ambiente são tão grandes que respirar por conta própria torna-se um problema.

Quem sobreviveria com um projeto artístico autônomo, preocupado com questões de interesse apenas estéticos, num ambiente tão ideológico como esse da primeira metade do século XX brasileiro? Não seria Anita a sobreviver. E com ela naufragou a possibilidade de se criar no Brasil uma arte realmente modernista como a que existiu na Europa, nas formas revolucionárias do expressionismo, dadaísmo, surrealismo, futurismo, cubismo, suprematismo e construtivismo. Somente um artista do peso de Lasar Segall, vindo da Rússia e passando pela Alemanha, naturalizando-se depois brasileiro, conseguiu manter-se no seu próprio rumo, mesmo em certo momento sendo contaminado pelos colegas modernistas, chegando a tingir de verde suas telas, retratando bananeiras e desqualificados sociais, mas retomando em seguida sua pintura universal e preocupada com os destroços da alma humana de uma forma nada provinciana.

Apesar de Oswald de Andrade ter voltado da Europa com o Manifesto Futurista debaixo do braço, não tivemos modernismo no Brasil e aqueles a que chamamos modernistas foram os principais culpados pela destruição da obra de Anita, a pequena, mas maravilhosa estrela cadente moderna que incendiou num rápido lampejo o ambiente artístico da recém-industrializada e culturalmente caipira cidade de São Paulo.

O legado modernista ao Brasil foi uma faca de dois gumes. Como disse Jorge Coli, "os modernistas nos deixaram óculos nacionais". Ao casar arte e ideologia nacionalista, acabou por nos forçar a ter uma tradição que não consegue pensar a arte por si mesma, descuidando de seu aspecto principal em nome de uma participação política e de um entendimento da nossa realidade nacional. O resultado pode ser visto, por exemplo, no Cinema Novo, rico em idéias e pobre em estética, e toda a nossa sucessão de fracassos artísticos, vangloriados aqui por serem produtos internos (brutos), mas indiferentes ao resto do mundo.

O brado de Schiller, de que "na verdadeira obra de arte a forma mata o conteúdo", não se ouviu por aqui. Ou se ouviu, e se criticou tanto, no Concretismo, única arte brasileira que atingiu um caráter universal. Mas isso é assunto para um próximo papo, entre você e eu, caro leitor. Por enquanto, choremos sobre as cinzas brilhantes de Anita Malfatti.

Para ir além

Anita Malfatti no tempo e no espaço, de Marta Rosseti Batista.
Um jeca nos vernissages, de Tadeu Chiarelli.
― A querela do Brasil, de Carlos Zilio. ― Modernidade e modernismo no Brasil, de Annateresa Fabris.
― "Ficou antigo ser moderno?", por Jorge Coli (Revista Bravo de março de 2008).

Londrina, 16/9/2008

FONTE (image include): Digestivo cultural - São Paulo,SP,Brazil