quinta-feira, maio 07, 2009

De Maledetti a Benedetti


Quarta-feira, 06 de maio de 2009
De Maledetti a Benedetti
Dia desses o nosso leitor Augusto perguntou aí nos comentários do blog se estávamos a par do fato de que o mestre uruguaio Mario Benedetti estava internado em estado grave. Sim, este blog soube e vinha acompanhando as notícias, mas não teve tempo de colocar nada aqui — até porque raramente publicamos notícias dessa natureza neste site, as notícias mais inconstantes ficam muitas vezes para o portal da Zero Hora.com mesmo ou para o jornal impresso. Mas topei com um texto que poderia ser apropriado para lembrar a todos que Benedetti teve alta e já está em sua casa, depois de 12 dias de internação — em condição "estável, lúcido, não requerendo outros cuidados além dos que já recebia", de acordo com o comunicado do hospital. Benedetti, de 88 anos, havia sido hospitalizado por problemas digestivos que provocaram infecção e hemorragia no cólon. Benedetti é o padroeiro de um certo existencialismo latino-americano com obras melancólicas e comoventes como A Trégua (que tem duas edições atuais no Brasil, uma em bolso pela L&PM e uma em formato normal pela Alfaguara) e Gracias por el Fuego (edição de bolso pela L&PM). Seu último livro editado no Brasil (tá bom assim, Francesco?) é Primavera em um Espelho Partido, também pela Alfaguara.
Benedetti é uma figura tão importante e querida pelos seus leitores que provocou uma manifestação espotânea de afetividade mesmo do sisudo e austero nobel português José Saramago, que escreveu em seu blog a seguinte entrada, segunda-feira dia 4:
O susto foi grande, Mario Benedetti estava no hospital e o seu estado era considerado grave. Ángel González foi-se-nos quase sem aviso, numa fria madrugada de Janeiro. Que agora fosse a vida de Benedetti a estar em perigo lá no seu distante Montevidéu era algo que a preocupação aqui despertada não se resignava a aceitar. E, contudo, nada podíamos fazer. Enviar telegramas, à antiga usança? Mandar recados por algum amigo? Rezar uma oração pelo seu pronto restabelecimento, se com isso não fôssemos provocar a ira laica de Mario? Pilar encontrou a solução. Que era em verdade Mario Benedetti, que havia sido ele em toda a sua vida, muito mais que as múltiplas profissões exercidas? Poeta. Então arranquemos os seus poemas à imobilidade da página e façamos com eles uma nuvem de palavras, de sons, de música, que atravesse o mar atlântico (as palavras, os sons, a música de Benedetti) e se detenha, como uma orquestra protectora, diante da janela que está proibido abrir, embalando-lhe o sono e fazendo-o sorrir ao despertar. Aos médicos alguma coisa se ficou a dever, reconheçamo-lo, mas nós, todos os que ao redor do mundo demos a nossa contribuição pessoal, juntando poemas de Benedetti aos poemas de Benedetti, tivemos também a nossa parte no trabalho. Mario Benedetti está melhor. Leiamos então um poema dele.
FONTE: Zero Hora - Porto Alegre,RS,Brazil
http://www.clicrbs.com.br/
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