quinta-feira, maio 15, 2008

Brasil e França buscam diversificação antes de Pequim

Olimpíadas 2008/Judô - (15/05/2008 08:05:00)
Brasil e França buscam diversificação antes de Pequim
Marta Teixeira
São Paulo (SP) - Referência no judô internacional, a França seguiu o exemplo do Japão e escolheu o Brasil como parceiro de treinamento na reta final de preparação para os Jogos Olímpicos de Pequim. Até sexta-feira, o técnico Patrick Rosso e sua seleção trabalham em São Paulo, buscando acrescentar ao estilo francês um pouco das características brasileiras no tatame.
O principal foco é a técnica do newaza, ou de solo, mas os franceses esperam somar muito mais em sua preparação. "Viemos ao Brasil pela qualidade do judô. Eles treinam muito bem, são mais abertos que o judô francês e um pouco mais completos", justifica Rosso.
"Além do intercâmbio com a seleção brasileira, todas as manhãs vêm pessoas que praticam jiu-jitsu para treinar conosco, o que é muito interessante para nós", completa.
O Brasil também dedicou parte de seu programa de treinamento olímpico à complementação de estilos, treinando com as três principais 'escolas' técnicas do judô. "Objetivo maior em nosso treinamento era trabalhar com as três grandes escolas: o Japão, com seu estilo mais puro, de muita pegada no quimono; a Rússia, que luta de uma forma difícil para muitos de nossos atletas por agarrar muito, segurar as pernas; e depois a França, que pratica um judô de força e técnica", destaca o diretor-técnico internacional da Confederação Brasileira de Judô, Ney Wilson. "Estamos completando nosso ciclo, cobrindo todas as 'deficiências' que nossos atletas têm. Trabalhando com todas as escolas que julgamos importantes".
O Japão fez dois ciclos de treinamentos no Brasil no ano passado, antes dos Jogos Pan-americanos e do Mundial, também querendo explorar as passagens de chão brasileiras. Este ano, treinaram juntos na Ásia e voltam a se encontrar em junho para a disputa do Desafio Internacional, em Brasília (DF).
Os russos já foram adversários de outro Desafio Internacional e após a realização da Super Copa do Mundo na próxima semana, em Moscou, o Brasil reforça o ajuste ao 'estilo russo'. "Vamos competir e depois treinar durante uma semana juntamente com França, Azerbaijão e Japão", explica Ney Wilson.
A seleção brasileira viaja para a Rússia na próxima terça-feira. Somente dois atletas das equipes principais permanecerão no país: o pesado João Gabriel Schlittler e a meio-pesado Edinanci Silva, ambos lesionados.
João Gabriel teve comprovada uma lesão no ligamento cruzado do joelho direito e começou o tratamento nesta quarta-feira. Edinanci sofreu uma fissura na costela e será poupada pela comissão técnica.
Suas vagas serão ocupadas por Walter Santos e Claudirene Cezar, respectivamente.
Em definição -Nem todos os atletas franceses que estão treinando no Brasil têm confirmados seus nomes na lista que irá a Pequim. O campeão mundial dos pesados Teddy Riner está garantido, assim como o vice-campeão mundial até 81kg Anthony Rodriguez, o médio Yves-Matthieu Dafreville e o meio-pesado Fréderic Demontfaucon, mas para Sébastien Berthelot e Benjamin Darbelet o futuro ainda é nebuloso.
Os dois disputam a vaga de titular da categoria até 66kg e terão o destino definido apenas em julho, após o torneio de Braunschweig, na Alemanha. Segundo o treinador Rosso, a avaliação da dupla é constante.
"Nosso processo de definição é a concorrência. Há concorrência em tudo. Naquilo que demonstram durante os treinamentos, na determinação, no desejo, além das performances competitivas".
A situação ainda mais indefinida na categoria até 60kg, que ainda não tem indicações nominais à titularidade. "Haverá uma seletiva dentro de 15 dias e outra 15 dias depois. Em seguida, os escolhidos participarão do torneio na Alemanha e depois decidiremos", explica Rosso. Mas a Federação francesa não descarta a possibilidade de não enviar representante, apesar da classificação olímpica, caso nenhum atleta atinja a performance desejada.
Com vaga em seis das sete categorias possíveis do masculino, a França admite expectativas modestas para Pequim. "Com o resultado que tivemos no Rio, um ouro (Riner) e uma prata (Rodriguez), nossa meta é conseguir pelo menos duas medalhas (na China). Pouco importa a cor. Gostaríamos de mais, mas o objetivo são duas", confessa Rosso.
Segundo ele, o judô atravessa uma fase de transformações intensas com a ampliação e intensificação da concorrência internacional. "Há cada vez mais nações fortes como o Brasil, por exemplo. Além disso, com a divisão da ex-União Soviética, há muitos países que são fortes como Geórgia, Belarus, Rússia, Azerbaijão, Cazaquistão. O nível no judô está muito próximo. Você pode disputar um torneio hoje e ter um resultado e pouco depois o resultado ser completamente diferente. A universalização da modalidade é boa, mas para nós foi pior", diz sorrindo.
FONTE: Gazeta Esportiva - São Paulo,SP,Brazil
http://www.gazetaesportiva.net/

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