quarta-feira, março 26, 2008

SANTOS, MORTOS E ALGUNS VIVOS - José Viale Moutinho

La casa del lago
Rueda Palomares Agustin
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Conto de José Viale Moutinho:
SANTOS, MORTOS E ALGUNS VIVOS
Data: 26-03-2008

Homenagem a Soror Violante da Ilha.

Quando eu regressei à cidade do Funchal, não consegui reconhecê-la, mas efectivamente não me enganara no caminho. Muitos dias caminhara sobre as duras águas e todos os viajantes e mendigos, nas tabernas e nas pousadas, que encontrara pela ronda dos mares, me haviam dito que seguisse em frente, sempre em frente. E, então, houve uma altura em que as aves da Europa se sumiram e no céu apenas se viam farrapos de nuvens e um que outro desses homens estranhos com as suas, aliás não menos estranhas, máquinas voadoras. A minha missão, apercebia-me na meditação própria das grandes viagens a pé, era demasiado perigosa, mas seria mais fácil a entrada na cidade de um só missionário do que de um grupo, por muito espalhado que fosse. Não tardariam os esbirros do Ogre em se aperceberem do aspecto andrajoso e cansado de uns quantos de olhares turvos, vozes murmurantes, coincidindo aqui e ali, que ocultavam as suas armas nos cinturões e nas dobras das largas roupas de caminhantes. Acabariam por suspeitar de nós. Mesmo assim, alguém nas minhas costas, aos primeiros passos dentro da cidade, me perguntou o nome e consegui enredar a conversa até descobrir donde procedia a voz. Era o guarda de um palácio onde, soube mais tarde, se juntavam periodicamente os servos do Ogre para darem forma legal às suas arbitrariedades. Por isso, no momento de pronunciar o meu nome, emiti sons ininteligíveis, sorrindo bondosamente e levando as mãos ao coração. E ele, não querendo distrair-se demasiado comigo, nem passar por menos inteligente, acompanhou-me no sorriso, só que o dele era demasiado mecânico para o meu gosto, e aconselhou-me determinada pousada onde havia colchões de grande comodidade. Agradeci-lhe e segui caminho, entre os transeuntes que trajavam roupas coloridas, ainda que os seus rostos patenteassem infinita tristeza.
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Na Rua do Portão, que segue ao longo da muralha da cidade, olhei disfarçadamente as portas das pobres casas dos pescadores, e na sétima havia um desenho que me fez deter, uma pequena mão de sangue, como se uma criança ali quisesse assinalar o seu desespero, era o sinal combinado, mas, com precipitação, lamentei a falta de sentido clandestino daquele com quem me iria encontrar. Por uma questão de precaução, voltei a contar as casas e as portas, conferindo ser a sétima, baixei o olhar, agradecendo aos espíritos que naquele dia 2 de Novembro me protegiam dos esbirros do Ogre, e ao erguê-lo de novo, notei, mas já sem admiração, que a mesma pequena mão de sangue se multiplicara por todas as portas da rua, até ao Largo do Corpo Santo. Aí, sentado no chão, olhando-me com ar irónico, aí estava o meu velho amigo galego Pedro Gonçalves.
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Na casa nº 7 da Rua do Portão, Pedro Gonçalves preparou o jantar para ambos e deu-me as primeiras indicações para o meu reencontro com a cidade. Havia alterações no Funchal desde a última vez que eu ali estivera. Oliveiros, o rosto legal da nossa organização, sufocara a um ataque cardíaco e a questão que se colocava era quem deveria emergir para o substituir. Com a sua morte, alguns elementos haviam desaparecido, tentando chegar à Europa, mas perderam-se no caminho e atingiram as povoações mais miseráveis da África. E o Ogre aproveitara tudo aquilo para reforçar o seu poder na Ilha, fazendo com que todas as povoações se comunicassem com o Funchal através de grandes túneis iluminados, onde ecoavam sons de Wagner, e contratara pintores em todo o mundo para transformarem as paredes daquelas cavernas nas paisagens mais díspares, como uma sucessão de gigantescas gravatas estampadas com a Torre Eiffell, as cataratas do Niagara, a Santa Sé, as Torres Gémeas, Buckingham, o Mosteiro da Batalha, os fiordes, o Menino que Mija, a Estátua da Liberdade feita em cacos, o Rapto de Ganimedes, a Guernica esfarrapada por dois skinheads, por aí fora. Há quanto tempo aqui não vinha, suspirou o recém-chegado, mal me lembrando que chegara a pé, caminhando sobre as águas, entre despojos doutros tempos, de que apenas sobrara o fogo de Santelmo, aquele misterioso eflúvio que surgia quando o viajante justo erguia a espada para se defender de uma matilha de ladrões. Por esse sinal era reconhecido como alguém intocável, que os próprios bandos respeitavam e ajudavam a vencer caminho, desde que fosse em prejuízo daquele Ogre ou de um outro ogre qualquer.
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Pedro Gonçalves abriu uma gaveta e mostrou duas chaves ao seu visitante. A terceira está na posse de Benedito, um amigo nosso, que foi ao Mercado dos Lavradores anunciar a tua chegada. Com as três chaves juntas poderemos conhecer as instruções que se encontram na arca guardada na sacristia ali da capela do Corpo Santo. Considerei que os dados estavam lançados e nada poderia impedir-nos. Encontrávamo-nos no cabo do calhau, por assim dizer, mas aquele pequeno cais de pescadores, sob o negrume do forte de Santiago, outrora batido pelas ondas, onde os namorados se beijavam, era agora apenas o começo ou o fim de uma caminhada sob a espessura das águas. Por detrás dos tabiques das barracas, noutros tempos, escutara o ressonar dos pescadores e discussões abafadas, o tinir das facas, que nunca mataram ninguém, e as palavras que não eram mais do que isso para uma besta sem par como era o Ogre. Agora, no Dia de Todos os Mortos, com toda a gente a tratar dos seus idos nos cemitérios arrumados, onde a terra aguentava para que eles não saíssem a clamar justiça, ali estava eu, com um ramo de flores, procurando confundir-me, vindo da Europa e do Dia de Todos os Santos, trazendo o terramoto de Lisboa embrulhado em papel de celofane. Em dois dias acotovelava santos e mortos e havia ainda muito Novembro pela frente.
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Benedito, tez enegrecida pela intempérie, um lenço embrulhado na mão direita, como o Pretinho das Malaçadas, o franciscano africano, com quem o confundem e por isso o fazem rir, aproximou-se de mim. Todavia, faltavam outros, receosos de que o que se prepara seja uma aventura e não um projecto bem estruturado, tanto mais que eu mandara dizer que cumpria as directivas da organização e que a iniciativa me estava vedada. Preferiam afastar-se a terem de suportar horas de reuniões rituais na cave do nr. 7 da Rua do Portão.
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Comíamos lapas, bebíamos vinho branco. Deus nem sempre esteve de boas relações com a sua igreja nesta cidade, meu caro Bartolomeu João, disse-me Benedito, obrigando-me depois a subir até ao alto das Angústias, onde eu tinha ideia da existência de um cemitério que explodira numas cargas químicas inominadas, transformando-se numa espécie de palácio carregado de todos os poderes e fantasias. Dali se evolara uma galáxia, suponho que poderei dizer galáxia, de nuvens negras povoada de flores desbotadas. Mas o que é que me estás a querer dizer, meu caro Benedito? Nunca se pretenda do Pretinho das Malaçadas uma resposta sem elipses. É, foi no dia da gloriosa Santana, a 26 de Julho, muitos anos antes de nós nascermos que aconteceu. E encerrou aqueles lábios grossos num mutismo sublinhado pelas pálpebras gordas baixas sobre as faces, dominando-as com longas pestanas. Anda lá, conta o que aconteceu no dia de Santana. Veio um raio do céu. Um raio do céu, sem mais nada, sem nuvens, nem tempestade? Benedito ergueu as mãos ao céu do Funchal e logo surgiram nuvens de temer, uma diante da outra, aproximaram-se e soltaram um raio, que foi fender um penedo que emergia das águas do mar. Foi assim. Estupefacto, vi como as nuvens desapareciam. O raio atingiu, contava ele, as casas de Tristão Gomes de Castro. Já viste como Deus se ofende a si próprio? Como assim, Benedito? Ora, não sabes nada destas coisas da tua terra, eu sei. Nas casas de Tristão Gomes de Castro abrigaram-se os padres jesuítas quando desembarcaram na Ilha da Madeira, e nestas mesmas casas viveu algum tempo o bispo da diocese. Estás a ver, as casas que deveriam ser santificadas, foram duramente castigadas. Mas isso foi no tempo em que a ilha ainda era cercada pelas verdadeiras águas do mar não por esta massa sem nome que pode ser calcorreada por pés descalços, onde se torna possível edificar albergues e tabernas. Ora, no tempo dos aviões, havia quem receasse de tal modo o voo, que, mal o aparelho começava a subir, já bebiam sofregamente uísque. Pois, e havia os nostálgicos da terra, com os focinhos colados às escotilhas, presumindo ver os anjos e arcanjos no mar e nas nuvens e assim adormeciam. Na ida iam encharcados de poncha, chegavam a Santa Catarina em táxis de Câmara de Lobos, aos tropeções, ouvindo-se palavras soezes em inglês e alemão, em norueguês e em português, bagagens espalhadas e misturadas. E os aviões descolavam quase como os helicópteros.
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Recordo-me da outra vez que aqui estive, procedendo do aeroporto de Santa Catarina, em determinada curva, a condutora, que se dizia enviada pela organização, e nunca cheguei a saber quem era, fez o pequeno automóvel sair da estrada e convidou-me a sair. Pouco passava da meia-noite e via-se a baía do Funchal no seu esplendor de luzes. Estava um vento frio. Tirei o casaco e passei-o para os ombros dela, abandonando a mão direita junto do seu rosto, depois de ter composto a gola. Porém, ela não se inclinou para mim, correspondendo ao gesto de ternura, apenas fixara os olhos na paisagem. Era muito bela, mas parecia talhada numa pedra de gelo. Pensei que deveria inclinar a cabeça e aproximar a minha boca da sua, procurando interpretar aquela saída do carro como um reencontro romântico, quando o céu se abriu sobre o Funchal. Como se o céu fosse de papel, rasgou-se e surgiu um rosto que não pude atribuir a nenhuma das divindades minhas conhecidas. Apenas me lembrei que um semideus tivera a sua gestação na barriga da perna de um deus, Hércules? Depois surgiram uns ombros poderosos. Estariam a dormir as gentes do Funchal? Quem mais estaria a ver aquilo que eu via? Quis comentar com a jovem, mas ela desaparecera, assim como o meu casaco e o automóvel, a minha bagagem, encontrando-me eu, só, cheio de frio, num descampado. Deveria correr pela estrada, chegar ao Funchal e anunciar a ameaça? Como receberiam o profeta? Estariam todos a dormir? Como exorcizar aquela imagem que rasgara o cenário do céu? Como reencontrar quem eu começava já a duvidar que fosse uma enviada da organização? E, sobretudo, como sair dali?
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Às dez horas da manhã, no Golden Gate, tomava o pequeno-almoço com o padre Fernando, pároco da igreja de Santa Maria do Calhau, a primeira igreja da cidade feita de pedra e adobe. Há quem diga que ela desapareceu há muito derrubada pela superior vontade da hierarquia da igreja católica, porém a vontade de Deus é que onde quer que esteja o padre Fernando essa igreja permaneça edificada. Connosco estava o capitão Hardy, um inglês octagenário que andava a escrever um livro sobre as suas aventuras contra os piratas franceses e marroquinos que se haviam atrevido a assaltar o Funchal. Oh, oh, eu dei-lhes guerra com o meu bergantim em todas as ribeiras desta cidade, eu só actuava nas ribeiras e nos invernos, embora tivéssemos destruído uma patrulha de Montluc no Ribeiro Seco, há séculos que eu defendo o Funchal. Só tardiamente fizeram o forte de S. Lourenço, agora é um palácio, mas aquilo foi feito quando os portugueses perderam o domínio dos mares. O alerta surgiu no momento em que um barco biscainho entrou no porto a atacar um barco português e não havia com que o defender. Ficou a lição. Ficou a lição. O capitão Hardy percorria a Ilha em side-car e ele recolhera-me na estrada do aeroporto, quando eu vira abrir-se o céu sobre o Funchal. Ao falar-lhe daquilo como de um fenómeno, tive de gritar, pois ele ia debruçado sobre a moto, com o capacete, demorou um bocado a responder-me com uma palavra, epifenómeno. O quê? Epifenómeno. E acelerou.
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No bar do Teatro Prazer Regenerado, conversávamos, Teresa Bruges, Sebastião Bragança e eu, fazendo horas para o recital da actriz Nancy Tracy, especialista em Shakespeare. Vivia no norte da Ilha desde que para ali acompanhara Fulgencio Baptista, de quem se tornara amante pouco depois da revolução cubana. Aliás, ele vivia no Reid’s e ela tinha uma mansão alugada nas cercanias de Porto Moniz. Quando Baptista se foi embora, a actriz ficou, enamorada de um tenente da Guarda Fiscal. Nancy, no dia 4 de cada Novembro, o seu aniversário, dava recitais de Shakespeare, mandando dizer no programa que era especialista. Acompanhava-a desde sempre um velho professor de violoncelo, Miranda Burnay, um seu admirador. Teresa Bruges jurava que nunca perdia um recital de Nancy Tracy, a quem chamava a Bruxa Inglesa de Porto Moniz. Aplaudia-a de pé, sobretudo quando ela declamava, ao som do violoncelo plangente do professor, muito seco e apertado no seu fraque, o soneto:


Sin of self-love possesseth all mine eye,
And all my soul, and all my every part;
And for this sin there is no remedy,
It is so grounded inward in my heart.
Methinks no face so gracious is as mine,
No shape so true, no truth of such account,
And for myself mine own worth do define
As I all other in all worths surmount.
But when my glass shows me myself indeed,
Beated and chopped with tanned antiquity,
Mine own self-love quite contrary I read,

Self, sof self-loving, were iniquity;
‘Tis thee (myself) that for myself I praise,
Painting my age with beauty of thy days.1

Quando me pediram a identidade, limitei-me a encolher os ombros. Sebastião Bragança assinara um papel que me comprometia, pelo que me prenderam alguns dias depois do recital de Nancy Tracy. Teresa Bruges levou-me uma caixa de pasteis de nata à delegação da Polícia Metropolitana, mas só me entregaram a encomenda no dia em que saí, e passei ali doze dias. Suponho que devo a minha libertação à antiga amante de Fulgêncio Baptista, que mobilizou as influências do seu jovem tenente da Guarda Fiscal. Benedito aconselhou-me que saísse nesse mesmo dia para as Canárias, onde me encontraria com um grupo de exilados. Deu-me um papel amarfanhado onde escrevera as instruções para o itinerário, com escala nas Desertas. Constava que a crosta marítima para aqueles lados não tinha a consistência que se verificava no sentido da Europa, pelo que teria de utilizar uma passarola voadora. Pedro Gonçalves dispunha-se a acompanhar-me como piloto. Porém, no papel amarfanhado apenas me recomendava cautela com os sonhos.
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A grande decepção que tive nesta viagem ao Funchal, quero registá-lo, foi não ter conseguido localizar na Rua dos Ilhéus a casa onde nasci e viveram meus pais, de que havia constância numa aguarela de Max Rohmer, que sempre se encontrava exposta no local mais visível das casas em que íamos vivendo na Europa, em Portugal e em França. A casa da Rua dos Ilhéus desaparecera e no seu lugar restava um buraco enegrecido, como se uma entidade musculadamente poderosa tivesse arrancado a casa dali e a tivesse engolido ou remetido para outro planeta. E recordei-me da noite da chegada de quando o céu se rasgou. Para mim, afinal de contas, o Funchal existia pela planta de Mateus Fernandes, como se eu nunca tivesse abandonado a segunda metade do século XVI. Os meus descendem do Surdo, que tem uma rua que desemboca no largo da igreja de S. Pedro, suas criadas eram as Pretas, que também estão na origem de um topónimo ali perto. Quem assassinou o Surdo? Quem enviou as pretas para S. Tomé no porão de um barco de turcos? A mesmíssima pessoa que, em determinada noite, encheu um saco de lona com as teclas de marfim de todos os pianos da colecção do notário Frederico de Freitas, que na Confeitaria Felisberta sempre se sentava numa cadeira thonet para ler os jornais que tardiamente lhe chegavam do continente. Na sua mesa do fundo, junto ao armário vermelho, o dr. Freitas examinou emocionado o diário madeirense de Isabella de França. E se uma das aguarelas originais que ilustram o manuscrito apresenta ainda hoje uma mancha de gordura, esta foi provocada por um descuido do coleccionador, que sobre ela fez cair, inadvertidamente, duas queijadas de leite de cabra. Imperdoável, Bartolomeu João, dir-me-ia Teresa Bruges, que dactilografou o manuscrito para o tradutor, o poeta Cabral do Nascimento.
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Com nova identidade, continuo a viver no Funchal. O padre Fernando apresenta-me como seu sacristão na igreja de Santa Maria do Calhau. Como sempre, a exemplo de todos, inútil, febril e pusilanimemente, conspiro. Já houve algumas revoluções na Ilha, naturalmente centradas no Funchal, porém acontece que, nessas ocasiões, o Ogre está sempre no estrangeiro e do continente chegam sempre pesados aviões com os bojos carregados de tropas especiais, soldados armados até aos dentes. Ouviram? Até aos dentes. E, depois, também aqui nada acontece, mesmo que aconteça. As cabeças mortas e a nossa própria organização não estão preparadas para assumir o poder, nem sei se lhe interessa o poder, pelo que vamos reformando ciclicamente os nossos métodos de luta, enquanto o Ogre toma as suas refeições numa bandeja de prata no caramanchão das estrelícias do jardim do seu palácio construído sobre o antigo campo santo das Angústias. Mas as ossadas estão incapacitadas, tal como a desaparecida carne, e o sangue dos vivos esbranquiçou e os homens, visitando os cemitérios com o fervor e as flores, com que adornam os jazigos, transformaram-se em duendes doentes e agora morrem muito mais devagar. Como eu, habituaram-se a usar o mês de Novembro com demasiado conformismo. Por isso são espoliados da própria confiança. O Pretinho das Malaçadas, quando eu lhe digo isto, ri-se e bebe sempre mais um copo de poncha, que ele próprio confecciona. Depois de um copo. Bebe outro, este à memória de Oliveiros. Ri-se, o malandro, enquanto Pedro Gonçalves reformula os planos para a independência da Ilha, mastigando as palavras, capital: Funchal. E Benedito, ocupando o ovo do side-car do capitão Hardy, pisca-me um olho antes de enfiar o capacete com óculos de lentes amarelas, para o circuito dos túneis a que chamam os furados do senhor Wagner.
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Eu, como quando vi o céu rasgar-se sobre o Funchal, sinto-me apenas só, tanto mais que todos os outros se foram embora. E conspiro, espetando alfinetes no retrato do Ogre que descubro na primeira página de um jornal, conspiro.

FONTE: Diário de Notícias - Funchal - Funchal,Madeira,Portugal

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