25/01/2008 - 09h01
Premiado drama romeno extrai poesia de tema árido
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SÉRGIO RIZZO
Premiado drama romeno extrai poesia de tema árido
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SÉRGIO RIZZO
do Guia da Folha
O ditador Nicolae Ceausescu chamava de "era de ouro" o período em que governou a Romênia, de 1965 a 1989. Seu comando chegou ao fim com a última das insurreições desencadeadas na Europa Oriental pela queda do muro de Berlim. Em companhia da mulher, Ceausescu foi executado.
O ditador Nicolae Ceausescu chamava de "era de ouro" o período em que governou a Romênia, de 1965 a 1989. Seu comando chegou ao fim com a última das insurreições desencadeadas na Europa Oriental pela queda do muro de Berlim. Em companhia da mulher, Ceausescu foi executado.
Ao batizar de "histórias da era de ouro" sua planejada trilogia sobre a vida cotidiana no país durante a ditadura, o diretor e roteirista Cristian Mungiu talvez pareça buscar apenas ironia. A impressão se desfaz com o tom incômodo do filme que inaugura a série, "4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias", premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2007.
Uma tentativa de aborto faz a trama caminhar, o que talvez baste para ter idéia da sensação angustiante vivida por uma jovem universitária, Otilia (Anamaria Marinca), disposta a ajudar a colega de quarto, Gabita (Laura Vasiliu), a interromper clandestinamente a gravidez indesejada.
É ao lado de Otilia, e não de Gabita, que o foco narrativo se posiciona. Esse procedimento, adotado com rigor por Mungiu em belos planos-seqüência (longas tomadas sem cortes), potencializa o drama ao criar lacunas e manter em estado de permanente suspensão o que estaria acontecendo a Gabita.
Além disso, ganha-se também em movimentação (Otilia é quem circula pela cidade) e dimensão ética.
O país sombrio recriado a partir dessa situação-limite espelha as agruras de um Estado policialesco e corrupto, bem como a situação de fragilidade imposta a seus cidadãos, mas o filme opera o milagre de extrair poesia de tamanha aridez. FONTE (photo include): Folha Online - São Paulo,SP,Brazil
Uma tentativa de aborto faz a trama caminhar, o que talvez baste para ter idéia da sensação angustiante vivida por uma jovem universitária, Otilia (Anamaria Marinca), disposta a ajudar a colega de quarto, Gabita (Laura Vasiliu), a interromper clandestinamente a gravidez indesejada.
É ao lado de Otilia, e não de Gabita, que o foco narrativo se posiciona. Esse procedimento, adotado com rigor por Mungiu em belos planos-seqüência (longas tomadas sem cortes), potencializa o drama ao criar lacunas e manter em estado de permanente suspensão o que estaria acontecendo a Gabita.
Além disso, ganha-se também em movimentação (Otilia é quem circula pela cidade) e dimensão ética.
O país sombrio recriado a partir dessa situação-limite espelha as agruras de um Estado policialesco e corrupto, bem como a situação de fragilidade imposta a seus cidadãos, mas o filme opera o milagre de extrair poesia de tamanha aridez. FONTE (photo include): Folha Online - São Paulo,SP,Brazil
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