O exercício da confiança - Elisabeth Cavalcante
Nesta semana quero abordar um dos temas mais importantes que o Mestre Osho enfoca em seus ensinamentos: a confiança. Quando ele fala em confiança refere-se não em confiar em alguém, mas em confiar na existência. Esta é, segundo Osho, a chave para nos libertarmos de toda espécie de angustia e ansiedade com relação à vida e ao futuro.
Ter confiança é ter fé na vida. Mas não essa fé frágil e vulnerável que cultivamos e que desaba diante do primeiro desafio que se apresenta.
De modo geral, tendemos a nos sentir injustiçados, infelizes e abandonados pelo divino, quando as coisas se tornam difíceis.
Enquanto não aceitarmos a verdade de que estamos aqui para crescer interiormente, e não desenvolvermos a capacidade de transpor obstáculos e sofrimentos, apoiados na força que emana de nosso verdadeiro ser, continuaremos presas fáceis do medo e da descrença na generosidade da vida. Desenvolver esta confiança absoluta de que a vida sempre nos socorrerá e nos trará aquilo de que necessitamos no momento certo, é um grande desafio. Uma lição a ser praticada diariamente.Mas é maravilhoso constatar o quanto essa mágica funciona, sempre que relaxamos e nos entregamos tranquilamente ao exercício de deixar que a existência nos surpreenda.
Para isso, é preciso estar atento e saber identificar suas respostas, perceber quando ela atua de modo a nos trazer algo de que precisamos no momento certo, nem um minuto antes.
Geralmente nos queixamos porque não recebemos em grande quantidade, sem perceber que nós, na maioria das vezes, é que insistimos em colocar nossa condição de felicidade em coisas que nada têm de essenciais, e sem as quais, se refletirmos seriamente, podemos tranquilamente viver.
A confiança é, em síntese, a consciência de que a vida tem leis imutáveis, e se direciona sempre de forma a trazer, a cada um, aquilo de que necessita para entrar em sintonia absoluta com a suprema harmonia universal. Esta consciência é o primeiro passo para que possamos nos entregar para receber e usufruir dos presentes que a vida nos reserva.
"Amado Osho,
Recentemente, ouvi-o dizer que a transcendência da miséria e da confusão da vida pode ocorrer ou através de uma entrega (let-go) ou através de uma luta - contanto que ambos sejam feitos com totalidade... Eu não tenho essa compreensão, e a minha vida parece ser uma confusa mistura de entrega e de luta. A entrega parece ser mais natural, e a luta parece ser mais responsável.
"Isso não é somente uma questão sua, é uma questão de todo mundo - uma mistura de entrega e de luta. Mas a sua entrega não é o que eu chamo de entrega; a sua entrega é simplesmente uma atitude derrotista. Basicamente você quer lutar, mas existem situações nas quais você não pode lutar, ou talvez você tenha chegado ao próprio fim da sua energia de luta. Aí então, para encobrir a sua derrota, você começa a pensar em se entregar. A sua entrega não é verdadeira, é falsa.
A verdadeira entrega não é contrária à luta.
A verdadeira entrega é ausência de luta.
E não se pode misturar a verdadeira entrega com atitudes de luta, pela simples razão de que a presença da entrega significa a ausência de uma atitude de luta. Como você poderia misturar algo que está presente com algo que está ausente? Assim como você não pode misturar luz e escuridão, por maior artista que você possa ser - você não pode misturar luz e escuridão pela simples razão de que a escuridão é somente uma ausência de luz. Você não pode trazê-las juntas; somente uma pode estar presente. Sendo assim, a primeira coisa a se lembrar é que a atitude básica de todo ser humano é a de lutar. Portanto, não pense nisso como particularmente um problema seu. Isso o ajudará imensamente a compreender que trata-se de um problema humano. Aí então, você pode manter distância e olhar para aquilo, observá-lo, compreendê-lo.
Lutar é uma atitude básica, porque isso alimenta o ego. Quanto mais você luta, mais o seu ego se torna mais forte. Se você sair vitorioso, o ego tem grande alegria. Você fica dando vida ao ego pelas suas vitórias. Mas, por outro lado, à medida que o ego se torna mais forte, o seu ser vai se afastando cada vez para mais longe de você.
À medida que seu ego se torna mais forte, você vai perdendo a si mesmo. Você pode estar lutando e saindo vitorioso, não sabendo absolutamente que não se trata de um ganho, mas de uma perda. Ensina-se a todas as crianças a lutarem, de diferentes maneiras. A competição é uma luta, ser o primeiro da classe é uma luta, ganhar um troféu num jogo é uma luta... Essas coisas são preparações para a sua vida. Depois luta-se numa eleição, luta-se por dinheiro luta-se por prestígio. Toda essa sociedade está baseada em lutas, competição, briga, na colocação de cada indivíduo contra o todo. ...‘Entrega significa nenhuma competição, nenhuma briga, nenhuma luta’... simplesmente relaxar com a existência, aonde quer que ela conduza. Sem tentar controlar o seu futuro, sem tentar controlar as conseqüências, mas permitindo-as acontecerem... sem nem pensar nelas.
A entrega está no presente; as conseqüências estão no amanhã. E a entrega é uma experiência tão deleitosa... um total relaxamento, uma profunda sincronicidade com a existência... Para mim, ‘entrega’ quer dizer que você não mais está lutando por nada na vida, mas dando tudo para que a vida tome conta.... A entrega não foi ensinada às pessoas, porque ela vai contra toda a estrutura da sociedade - que é baseada na competição e na luta, onde todos são seus inimigos.... O mundo de miséria é criado, porque todo mundo está arrancando as coisas dos outros. Não se trata de uma existência pacífica, silenciosa, amorosa - nós ainda somos bárbaros e animalescos. ... A entrega é uma profunda compreensão do fenômeno de que nós somos parte de uma só existência. Nós não podemos produzir egos separados: somos um com o todo. E o todo é vasto, imenso. A sua compreensão ajudará você a seguir com o todo, aonde quer que ele vá. Você não possui uma meta separada do todo, e o todo não tem nenhuma meta. Ele não está indo a algum lugar. Ele está simplesmente acontecendo aqui.... E aí então, vem um silencioso relaxamento, fluência com o rio, desinteressado do aonde ele está indo, despreocupado de que você possa ficar perdido... nenhuma ansiedade, nenhuma angústia... porque você não está separado da totalidade, sendo assim, seja o que for que vá acontecer, vai ser bom.... Apenas deixe-a afundar dentro do seu coração, e você descobrirá uma nova dimensão desabrochando, na qual cada momento é uma alegria, na qual cada momento é uma eternidade em si mesmo".
Osho - Além da Psicologia
Elisabeth Cavalcante é Taróloga, Astróloga, Consultora de I Ching e Terapeuta Floral.
Nesta semana quero abordar um dos temas mais importantes que o Mestre Osho enfoca em seus ensinamentos: a confiança. Quando ele fala em confiança refere-se não em confiar em alguém, mas em confiar na existência. Esta é, segundo Osho, a chave para nos libertarmos de toda espécie de angustia e ansiedade com relação à vida e ao futuro.
Ter confiança é ter fé na vida. Mas não essa fé frágil e vulnerável que cultivamos e que desaba diante do primeiro desafio que se apresenta.
De modo geral, tendemos a nos sentir injustiçados, infelizes e abandonados pelo divino, quando as coisas se tornam difíceis.
Enquanto não aceitarmos a verdade de que estamos aqui para crescer interiormente, e não desenvolvermos a capacidade de transpor obstáculos e sofrimentos, apoiados na força que emana de nosso verdadeiro ser, continuaremos presas fáceis do medo e da descrença na generosidade da vida. Desenvolver esta confiança absoluta de que a vida sempre nos socorrerá e nos trará aquilo de que necessitamos no momento certo, é um grande desafio. Uma lição a ser praticada diariamente.Mas é maravilhoso constatar o quanto essa mágica funciona, sempre que relaxamos e nos entregamos tranquilamente ao exercício de deixar que a existência nos surpreenda.
Para isso, é preciso estar atento e saber identificar suas respostas, perceber quando ela atua de modo a nos trazer algo de que precisamos no momento certo, nem um minuto antes.
Geralmente nos queixamos porque não recebemos em grande quantidade, sem perceber que nós, na maioria das vezes, é que insistimos em colocar nossa condição de felicidade em coisas que nada têm de essenciais, e sem as quais, se refletirmos seriamente, podemos tranquilamente viver.
A confiança é, em síntese, a consciência de que a vida tem leis imutáveis, e se direciona sempre de forma a trazer, a cada um, aquilo de que necessita para entrar em sintonia absoluta com a suprema harmonia universal. Esta consciência é o primeiro passo para que possamos nos entregar para receber e usufruir dos presentes que a vida nos reserva.
"Amado Osho,
Recentemente, ouvi-o dizer que a transcendência da miséria e da confusão da vida pode ocorrer ou através de uma entrega (let-go) ou através de uma luta - contanto que ambos sejam feitos com totalidade... Eu não tenho essa compreensão, e a minha vida parece ser uma confusa mistura de entrega e de luta. A entrega parece ser mais natural, e a luta parece ser mais responsável.
"Isso não é somente uma questão sua, é uma questão de todo mundo - uma mistura de entrega e de luta. Mas a sua entrega não é o que eu chamo de entrega; a sua entrega é simplesmente uma atitude derrotista. Basicamente você quer lutar, mas existem situações nas quais você não pode lutar, ou talvez você tenha chegado ao próprio fim da sua energia de luta. Aí então, para encobrir a sua derrota, você começa a pensar em se entregar. A sua entrega não é verdadeira, é falsa.
A verdadeira entrega não é contrária à luta.
A verdadeira entrega é ausência de luta.
E não se pode misturar a verdadeira entrega com atitudes de luta, pela simples razão de que a presença da entrega significa a ausência de uma atitude de luta. Como você poderia misturar algo que está presente com algo que está ausente? Assim como você não pode misturar luz e escuridão, por maior artista que você possa ser - você não pode misturar luz e escuridão pela simples razão de que a escuridão é somente uma ausência de luz. Você não pode trazê-las juntas; somente uma pode estar presente. Sendo assim, a primeira coisa a se lembrar é que a atitude básica de todo ser humano é a de lutar. Portanto, não pense nisso como particularmente um problema seu. Isso o ajudará imensamente a compreender que trata-se de um problema humano. Aí então, você pode manter distância e olhar para aquilo, observá-lo, compreendê-lo.
Lutar é uma atitude básica, porque isso alimenta o ego. Quanto mais você luta, mais o seu ego se torna mais forte. Se você sair vitorioso, o ego tem grande alegria. Você fica dando vida ao ego pelas suas vitórias. Mas, por outro lado, à medida que o ego se torna mais forte, o seu ser vai se afastando cada vez para mais longe de você.
À medida que seu ego se torna mais forte, você vai perdendo a si mesmo. Você pode estar lutando e saindo vitorioso, não sabendo absolutamente que não se trata de um ganho, mas de uma perda. Ensina-se a todas as crianças a lutarem, de diferentes maneiras. A competição é uma luta, ser o primeiro da classe é uma luta, ganhar um troféu num jogo é uma luta... Essas coisas são preparações para a sua vida. Depois luta-se numa eleição, luta-se por dinheiro luta-se por prestígio. Toda essa sociedade está baseada em lutas, competição, briga, na colocação de cada indivíduo contra o todo. ...‘Entrega significa nenhuma competição, nenhuma briga, nenhuma luta’... simplesmente relaxar com a existência, aonde quer que ela conduza. Sem tentar controlar o seu futuro, sem tentar controlar as conseqüências, mas permitindo-as acontecerem... sem nem pensar nelas.
A entrega está no presente; as conseqüências estão no amanhã. E a entrega é uma experiência tão deleitosa... um total relaxamento, uma profunda sincronicidade com a existência... Para mim, ‘entrega’ quer dizer que você não mais está lutando por nada na vida, mas dando tudo para que a vida tome conta.... A entrega não foi ensinada às pessoas, porque ela vai contra toda a estrutura da sociedade - que é baseada na competição e na luta, onde todos são seus inimigos.... O mundo de miséria é criado, porque todo mundo está arrancando as coisas dos outros. Não se trata de uma existência pacífica, silenciosa, amorosa - nós ainda somos bárbaros e animalescos. ... A entrega é uma profunda compreensão do fenômeno de que nós somos parte de uma só existência. Nós não podemos produzir egos separados: somos um com o todo. E o todo é vasto, imenso. A sua compreensão ajudará você a seguir com o todo, aonde quer que ele vá. Você não possui uma meta separada do todo, e o todo não tem nenhuma meta. Ele não está indo a algum lugar. Ele está simplesmente acontecendo aqui.... E aí então, vem um silencioso relaxamento, fluência com o rio, desinteressado do aonde ele está indo, despreocupado de que você possa ficar perdido... nenhuma ansiedade, nenhuma angústia... porque você não está separado da totalidade, sendo assim, seja o que for que vá acontecer, vai ser bom.... Apenas deixe-a afundar dentro do seu coração, e você descobrirá uma nova dimensão desabrochando, na qual cada momento é uma alegria, na qual cada momento é uma eternidade em si mesmo".
Osho - Além da Psicologia
Elisabeth Cavalcante é Taróloga, Astróloga, Consultora de I Ching e Terapeuta Floral.
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