Negros e belos

Fernanda Accorsi

Na Semana da Consciência Negra em que se discute a história do negro no Brasil e a presença do afrodescendente na sociedade, o Núcleo de Educação de Maringá apresenta a Mostra Fotográfica "Olhares em Preto e Branco", da professora Janete Aparecida Ferreira. As fotografias foram impressas em banners, acompanhadas de frases de Bob Marley, Nelson Mandela, Clara Nunes e Machado de Assis, que funcionam como espécie de legendas para cada uma das 16 imagens, expressando a espontaneidade, a música e a beleza que Janete almejou retratar.

A exposição é uma parceria entre a Universidade Planetária do Futuro e o Governo do Estado do Paraná e fica em Maringá até a próxima sexta-feira, depois segue para o Rio de Janeiro. Janete explica que quis mostrar um outro olhar sobre o negro, para isso visitou Recife, São Paulo, inclusive, na capital paulista, a área, na região central da cidade, conhecida como Cracolândia, onde um grupo de negros desenvolve trabalhos sociais, e depositou um olhar otimista sobre a realidade encontrada ali.

"A ideia foi mostrar algo diferente do que é visto na televisão. A fotografia é assim, te permite olhar com tempo e sensibilidade para criar outro olhar", destaca. "A ideia foi mostrar algo diferente do que é visto na televisão. A fotografia é assim, te permite olhar com tempo e sensibilidade para criar outro olhar", diz a professora e fotógrafa, que também é membro da Associação Indígena de Maringá.

A pequena estrutura física da exposição é recompensada pelo grande número de pessoas que têm acesso à entrada do Núcleo de Educação, que fica na movimentada Avenida Carneiro Leão, no Centro. Conforme o público caminha pela calçada já consegue absorver alguns detalhes das fotos expostas, enquanto os profissionais da educação, que visitam o Núcleo constantemente, podem apreciá-las com mais calma, percebendo o registro dos afrodescendentes.

Para chegar às 16 imagens de crianças, homens e mulheres que compõem a exposição, Janete viajou por todo o Brasil e fez três mil fotografias. Pesquisadora da área da semiótica, ela já está acostumada a registrar a etnografia espontânea dos brasileiros. Em 2008, fez uma mostra fotográfica sobre o povo Guarani, no Rio de Janeiro.

"Consideramos beleza o padrão europeu, isto é, loiro, magro, do olho azul. Daí a relevância de afirmar que somos um povo multicultural e marcado pela invisibilidade social. Não há uma única foto minha que ilustre a tristeza, o sofrimento e a dor desse povo", analisa.

Alem da exposição de Janete, a cidade também está com outras três exposições com a temática da Consciência Negra. Exposição de Tecidos e Vestimentas Africanas, no Shopping Mandacaru Boulevard traz roupas típicas de vários países africanos.

A mostra "Leituras além do Atlântico e Índico", no Museu da Bacia do Paraná, apresenta livros publicados por africanos e literatura afro-brasileira e a Mostra Zumbi dos Palmares, no térreo da Prefeitura de Maringá, apresenta esculturas feitas por crianças e adolescentes do Centro Social Marista Irmão Beno Tomasoni sob a coordenação do artista plástico e educador Tadeu dos Santos. As três mostras vão até o dia 30, sendo que as duas primeiras fazem parte do Projeto Abrindo Gavetas.

Para ver

"Olhares em Preto e Branco" segue até 26 de novembro, no Núcleo de Educação de Maringá, na Avenida Carneiro Leão, 93. O horário de visita é das 8h às 17h

FONTE: odiario.com

http://www.odiario.com/
http://www.odiario.com/dmais/noticia/367469/negros-e-belos.html