sábado, outubro 09, 2010

Teresa Jardim publica livro na 'Assírio & Alvim'

Teresa Jardim: explorando as linguagens, das artes plásticas à poesia.
'Jogos radicais' é a obra que reúne 33 poemas da também artista plástica madeirense

Luís Rocha
 
A artista plástica madeirense Teresa Jardim, docente na área de artes visuais na Escola Secundária de Francisco Franco, é a autora de um livro de poesia que já está a circular nas livrarias, publicado na editora 'Assírio & Alvim', de Lisboa, conhecida por incluir no seu catálogo nomes sonantes da literatura portuguesa como Herberto Helder, José Agostinho Baptista, José Tolentino Mendonça (estes também madeirenses), Gastão Cruz, Nuno Júdice, Fiama Hasse Pais Brandão e outros. A obra intitula-se 'Jogos Radicais' e foi apresentada pela editora da seguinte forma: "Com um discurso poético marcado pela relação estreita com o mundo das imagens, este livro é a fulgurante estreia de Teresa M. G. Jardim na cena poética nacional".

O livro é marcado por várias referências aos livros e ao "acto de ler", por um certo cunho memorialista e por meditações baseadas em pensamentos e observações do quotidiano.

Teresa Jardim admite "as referências a livros, a imagens, ao quotidiano e à memória". Estes elementos "aparecem como peças soltas, em torno das quais vou construindo os poemas".

Todo o livro, diz, tem a ver com essas questões, talvez aparentemente banais, mas que se apresentam, sob diversos aspectos, na vida quotidiana, marcando também a memória da autora.

O título, 'Jogos Radicais', é justificado por Teresa Jardim pelo facto de os poemas que constituem o livro terem sido elaborados ao longo "de um largo tempo", emergindo de um conjunto mais amplo de textos; o título funciona como estrutura, como ponto de ligação de todos eles.

"Isso tem a ver, de certa forma, com o processo de escrita, com o que foi, para mim, a escrita desse conjunto de textos. O nome, de per si, já diz muito, remete para o aspecto lúdico, e para o processo de procura, uma procura feita na espera, estando atenta a tudo (...) aguardando até as coisas terem um sentido para mim ou entender-lhes ou sentido... Apesar do poema ser uma construção, para mim é também uma clarificação. Deixo-me ir atrás do próprio poema, deixo-me mais frágil, mais sujeita à própria estruturação do poema, àquilo que o poema me diz ou me obriga a entender", explica.

A poesia reflecte, naturalmente, também as suas ideias: "A própria poesia é também pensamento", sublinha, uma forma de conhecimento. "Há coisas que se aclaram no fazer do texto. Para mim há muito de perigoso nisso: percorrer caminhos que são aparentemente banais mas que são complexos", porque os poetas se colocam numa situação de fragilidade, "nessa ficção que vamos construindo e que, no fundo, passa a ser a nossa realidade, torna-se realidade, porque o que está escrito, está escrito".

Teresa Jardim sente que na escrita se expõe tanto como na pintura. Há muito tempo que lida com linguagens, pictóricas ou literárias. É, aliás, a autora de numerosos textos para catálogos de exposições de artes plásticas. O exercício da escrita e as artes visuais surgiram-lhe paralelamente e sem esforço, em duas formas de expressão nas quais nunca se sentiu limitada, muito pelo contrário.

"Não faço distinção de facilidade ou de dificuldade entre elas. São ambas essenciais. Há uma certa dualidade, uma tensão entre as duas: no fundo, abordam coisas idênticas, materializando-se de formas diferentes", refere.

Para a nossa interlocutora, publicar este livro agora na 'Assírio' reveste-se de um significado especial.

"Entre outras editoras, foi fundamental em algumas coisas que gosto... Produziu algo de que gosto muito, os livros, mas com um cuidado muito particular com a estética do livro enquanto objecto. Sinto-me particularmente feliz por isso, também no caso de 'Jogos Radicais'".

FONTE: Diário de Notícias - Funchal
http://www.dnoticias.pt/i

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