domingo, outubro 31, 2010

Mais que lenda, o fascínio do cangaço

Autor assina a primeira produção de história sobre o fenômeno de insurgência social de maior apelo popular do Brasil

Leidiane Montfort
Da Redação

Chamado por Gilberto Freyre de "mestre de mestres em assuntos de cangaço", o escritor Frederico Pernambucano reúne no livro Estrelas de Couro- A estética do Cangaço toda a gênese da identidade "cangacista". Além de recortes históricos, a obra apresenta uma escrita ritmada feita por alguém que se deixou encantar pelas jabiracas (lenços) de seda pura, pelos chapéus adornados e luvas de vaqueiro bordadas à perfeição. Cada detalhe é mostrado no livro. A publicação já virou referência no assunto, e o prefácio é assinado pelo grande escritor Ariano Suassuna.

Para Suassuna, o cangaço é o maior responsável pela sedução que o Sertão nordestino vem exercendo, por motivos diversos desde o início do século passado sobre várias gerações de escritores, sociólogos, historiadores e artistas brasileiros, de todas as regiões do Brasil. "A teoria de Pernambucano de Mello foi a única que explicou a mim próprio os sentimentos contraditórios de admiração e repulsa que sinto diante dos cangaceiros". O escritor de Auto da Compadecida e A Pedra do Reino vai além: "Estrelas de Couro é o livro que eu gostaria de ter escrito".

A obra resulta de um estudo profundo a que se dedicou Frederico Pernambucano desde 1997 a pedido da Fundação Bienal de São Paulo. A obra é um ensaio interdisciplinar, um livro de arte com mais de 300 fotos históricas reunidas pela maior autoridade no tema Cangaço - expressão do irredentismo popular brasileiro.

O livro é a primeira produção de história íntima sobre o fenômeno de insurgência social de maior apelo popular do Brasil. O autor mergulha no universo de sua cultura material e promove a leitura profunda do requinte e dos significados presentes nas poucas peças autênticas de uso dos cangaceiros, a exemplo do signo-de-salomão, da cruz-de-malta, da flor-de-lis, do oito contínuo deitado, das gregas, de variações sublimadas da flora local, e das tantas combinações possíveis de que se valia o cangaceiro na construção de um traje que atendia à vaidade ornamental de seu brado guerreiro e a anseios bem compreensíveis de proteção mística.

"Habitando um meio cinzento e pobre", destaca Pernambucano, "o cangaceiro vestiu-se de cor e riqueza. Satisfez seu anseio de arte, dando vazão aos motivos profundos do arcaico brasileiro. E viveu sem lei nem rei quase em nossos dias, deitando uma ponte sobre cinco séculos de história. Foi o último a fazê-lo com tanto orgulho. Com tanta cor. Com tanta festa".

Ficha Técnica: Título: Estrelas de couro: a estética do cangaço . Autor: Frederico Pernambucano de Mello. Prefácio: Ariano Suassuna. Gênero: História/Cangaço e cangaceiros/ Usos e costumes/ Ensaio interdisciplinar, capa dura, com mais de 300 imagens. 258 págs., R$ 150. (Com Assessoria)

FONTE: Gazeta Digital

http://www.gazetadigital.com.br/
 
FOTO: cumadremaria.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário