terça-feira, dezembro 08, 2009

Ilustrador mineiro cria versão em HQ de 'O corvo' com texto de Machado de Assis


08/12/09 - 07h30 - Atualizado em 08/12/09 - 07h30
Ilustrador mineiro cria versão em HQ de 'O corvo' com texto de Machado de Assis
Quadrinho de Luciano Irrthum chega às livrarias pela editora Peirópolis.Poema é um dos mais populares de Egar Allan Poe, nascido há 200 anos.
Diego Assis

A ave falante imortalizada em um dos mais célebres poema de Edgar Allan Poe acaba de pousar nas estantes das livrarias brasileiras. Publicado pela editora Peirópolis, "O corvo - em quadrinhos" é ilustrado pelo mineiro Luciano Irrthum a partir de tradução de Machado de Assis. Editado pela primeira vez em 1845, nas páginas do jornal "New York Evening Mirror", o poema conta a história de um homem perturbado pela perda da mulher amada, Lenora. Rodeado de livros - Poe afirmaria depois que o personagem era um estudante -, ele tenta cair no sono em uma noite fria de dezembro quando ouve alguém batendo à porta de seu quarto. Ao perceber que não há ninguém à porta, o personagem abre então as janelas quando, de repente, um corvo entra voando pelo quarto. Intrigado com a presença da ave, ele passa a interrogar o animal, mas só o que escuta como resposta é: "Nunca mais" (em inglês, a expressão "Nevermore", que rima com "Lenore", o nome do amor perdido). Recheado de simbolismos e do romantismo macabro que ajudou a fazer a fama de Poe, cujo bicentenário de nascimento se comemora este ano, "O corvo" é um prato cheio para adaptações ilustradas. A meada agora desfiada por Luciano Irrthum teve início poucos anos depois da publicação original do poema, com versões desenhadas por grandes nomes da ilustração como John Tenniel, Gustave Doré e o pintor impressionista Édouard Manet.

Nunca mais?

Mas é o seu próprio tratamento para a obra que o quadrinista mineiro diz estar tentando aperfeiçoar com esta nova versão de "O corvo", que no posfácio do livro Irrthum relata ser sua terceira tentativa - a primeira em um fanzine xerocado em 1995, e a segunda, também publicada no circuito underground, uma versão abrasileirada do poema ambientada em uma favela carioca. "É difícil dizer o que mais gosto do trabalho de Poe. Simplesmente, não tem coisa ruim escrita por ele. Mas acho que a escolha de 'O corvo' para a primeira versão foi pelo fato de ser o poema mais conhecido dele e de uma densidade quase insuportável. No bom sentido, claro", afirma Irrthum. "A segunda versão foi uma brincadeira mesmo, tirando sarro do poema."

Possivelmente a mais ambiciosa das três tentativas, "O corvo - em quadrinhos", lançado agora, se sai bem ao traduzir as rimas densas do texto original em uma HQ de 46 páginas, colorida e - por que não dizer - pop. "Tentei, pelos desenhos, fazer ficar uma coisa agradável de se ler. Usando as ilustrações para inserir referências de outros contos de Poe ou ressaltando a figura da ave agourenta", conta o mineiro. A estratégia é bem-vinda e vai ao encontro de outras iniciativas recentes de transpor clássicos da literatura para a linguagem dos quadrinhos, como "Dom Quixote" por Caco Galhardo, "Os lusíadas" por Fido ou "A metamorfose" por Peter Kuper. "Acho isso ótimo. Publicações assim atingem públicos diferentes. Neste caso do Poe, os que gostam de HQ e não conhecem o Poe vão conhecê-lo. E os que gostam de Poe mas não ligam muito para HQs vão conhecer também", argumenta Irrthum. Nascido em 1809 e morto em 7 de outubro de 1849, nos Estados Unidos, Edgar Allan Poe é considerado um dos pioneiros da literatura fantástica, tendo influenciado autores como H.P. Lovecraft e Arthur Conan Doyle. Além de poemas como "O corvo" e "Annabel Lee", Poe também era conhecido por seus contos de mistério e detetive como "O gato preto" e "Os crimes da Rua Morgue".

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FONTE (imagem incluída): G1.com.br

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