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Stan Lee: o mestre dos quadrinhos
Stan Lee fala ao Guia da Semana sobre Homem de Ferro, X-Men e suas outras criações
Por Fábio M. Barreto
Los Angeles
Há algumas décadas, falar com Stan Lee se limitaria a passar por uma aula sobre o mundo dos quadrinhos, as origens dos super-heróis e os grandes momentos dessa indústria. Porém, com a evolução do assunto em Hollywood e os seguidos sucessos de bilheteria, envolvendo algumas de suas criações (X-Men, Homem de Ferro, Hulk, entre outros), ele ganhou nova importância, ao poder avaliar e explicar muito do que seus "filhos" aprontam pelos cinemas, além, é claro, de suas próprias participações especiais na maioria das adaptações de seus personagens para as telonas.
Aproveitando o recente lançamento do DVD de Homem de Ferro (Paramount), Stan Lee recebeu o Guia da Semana para uma grande entrevista, envolvendo os melhores momentos de sua carreira. Confira a primeira parte desse bate-papo!
Homem de Ferro 2 ainda nem possui roteiro e já ganhou os noticiários por conta da entrada de Don Cheadle no elenco. Gostou da mudança?
Stan Lee: Terrance Howard fez um bom trabalho, mas tenho certeza de que alguém com a experiência e talento de Don Cheadle vai honrar, e muito, o filme e o personagem. Jon (Favreau) não vai deixar nada de ruim acontecer ao Homem de Ferro nesse aspecto. Então, podemos ficar tranqüilos.
O que você acha dos temas sombrios usados nas histórias de super-heróis?
Stan Lee: Certamente ninguém pode falar que temas sombrios são ruins, se você levar em consideração o sucesso do filme do Batman. É mais um caso de quando algo é bem feito. Aquilo foi feito de maneira magnífica, então não é o caso de "isso é bom" ou "isso é ruim", é o caso de "isso é bem feito". Um outro exemplo de um tema sombrio que foi bem feito: Sin City. Se você pega um tema sombrio e o trata de uma forma ruim, ou piegas, será uma bomba. E muitas vezes, acontece algo como, por exemplo, produzir um filme de faroeste que não tem sucesso e todos dizerem "ninguém quer ver faroeste". Mas daí é lançado algo como Os Imperdoáveis e todos falam "Todos adoram faroeste". Fez sucesso porque foi bem feito, e é a mesma coisa com temas sombrios.
Como você acha que conseguiu obter sucesso ao contar novas histórias para personagens famosos, sem copiar o que já foi feito, e mantendo-se fiel a eles?
Stan Lee: Eu acho que se eu der muitas informações, nossos concorrentes podem saber demais (risos). Não há segredo, eu nem sei qual seria a resposta para sua pergunta. Você apenas faz o seu melhor. Há um personagem, você o conhece, então surge uma história, ela funciona e então você aproveita a boa combinação. Aí, é preciso fazer outra (história), porque é uma série. Então, aqui está o problema: fazer uma história diferente da primeira, para as pessoas não pensarem que estão lendo sempre a mesma coisa. Mas tudo tem que se manter ligado à primeira fase. Os personagens precisam estar do mesmo jeito, o roteiro tem que ter o mesmo estilo, porque se a primeira fez sucesso, é porque é desse tipo de material que o público gosta. Então você precisa saber balancear. É difícil. Não acho que exista uma fórmula. É como nos velhos tempos, quando eu escrevia Homem-Aranha, X-Men, Hulk e Quarteto Fantástico, tinha que fazer uma nova história por mês. O problema era como criar algo novo, mas ao mesmo tempo igual ao que já havia sido lançado. É algo que você vai aprendendo com o tempo, e se tem sorte, consegue criar uma boa história. Se não tem, você bate com a cabeça na parede e nada surge.
Há muito tempo não são criados super-heróis tradicionais, com uniforme e tudo, nem na Marvel, nem na DC. Talvez o último que surgiu e fez sucesso foi o Spawn. Você saberia responder o motivo de não surgirem mais novos super-heróis nos quadrinhos como antigamente?
Stan Lee: De certa forma, Hellboy foi um novo (herói). Ele não usa um uniforme... mas ele é novo. O que acontece é que, quando falamos de cinema, se o estúdio vai investir US$ 50 ou US$ 100 milhões em um filme, eles preferem pegar algo que vai dar retorno, que já seja popular nos quadrinhos. Então, eles sabem que vão ter público. Eu não acompanho mais os quadrinhos, estou muito ocupado com a minha empresa, mas às vezes eu vejo só as capas de algumas revistas e acho que existem vários novos personagens. Existem diversos escritores, que estão sempre tentando criar algo novo, que serão o novo Batman, o novo Homem-Aranha, ou o que seja. Eles estão aparecendo, você precisa que esperar para que o público se canse dos X-Men, do Homem-Aranha, do Batman e do Super-Homem, para começar a ver coisas novas.
Você foi um dos pioneiros em criar universos divididos. Personagens aparecendo em revistas de outros personagens e agora isso está acontecendo nos filmes. Era algo que você pensava e que poderia acontecer, ou você acreditava que cada personagem viveria no seu próprio universo?
Stan Lee: É uma coisa muito natural isso acontecer. Se você tem super-heróis, personagens, que vivem no mesmo mundo, não seria divertido colocar eles na mesma aventura? O público adora isso. O problema é que em termos de Marvel, os personagens estavam espalhados por vários estúdios. Homem-Aranha está na Sony, Homem de Ferro na Paramount... A partir do momento que um estúdio só controla mais de um personagem, por que não fazer? Nos quadrinhos, isso aconteceu por acaso. Eu escrevia cada revista separadamente, aí eu percebi que todos vivem em Nova Iorque, então eles deveriam se encontrar. Foi algo muito natural.
Durante anos, adaptações de quadrinhos da Marvel sofreram pra chegar até as telas, nem sempre com o resultado final satisfatório. O que aconteceu naquela época? Com a chegada dos Estúdios Marvel, o que muda nas adaptações?
Stan Lee: Eu acho que dinheiro é a resposta. No passado, o primeiro filme que deve ter sido feito foi Capitão América, com orçamento muito baixo. Deve ter custado uns 98 centavos (risos). O diretor era competente, mas nunca tinha feito um filme grande. Eles tiveram que contratar quem estava disponível. E filmar em um espaço curto de tempo, para não gastarem muito dinheiro. Mas talvez o maior problema é que a pessoa estava fazendo o filme também não era um grande fã dos quadrinhos. Alguns anos depois, vem o Homem-aranha. E o Sam Raimi é fã de quadrinhos, grande fã do Homem-Aranha e um excelente diretor. Ele queria fazer o filme há anos e teve a sua chance, recebendo um orçamento enorme, os melhores atores, uma ótima equipe e, por causa disso, conseguiu se manter fiel aos quadrinhos. Com o tempo, os estúdios viram que se gastassem, conseguiriam ter sucesso com os filmes da Marvel. Outro exemplo é X-Men, dirigido pelo Bryan Singer. Ele não era um grande fã dos quadrinhos, mas respeitava a história. Passou meses e meses conversando comigo e com mais algumas pessoas, leu praticamente todas as edições dos X-Men publicadas e realmente compreendeu a história. E claro, o filme foi um grande sucesso.
Antigamente, todos os personagens que você criou foram para editoras. Então, elas são donas deles. Mesmo assim, você sente orgulho ao ver os filmes e ver sua criação na tela?
Stan Lee: Com os filmes antigos, como Capitão América, eu sinto um pouco de vergonha. Mas eu vejo os filmes atuais e fico extasiado. Por exemplo, o filme do Homem de Ferro me orgulha muito, porque ninguém esperava que fosse fazer tanto sucesso como fez. Todos diziam que o Homem de Ferro não era um dos grandes heróis da Marvel, mas sempre acreditei que ele fosse. Uma coisa interessante sobre o Homem de Ferro: quando lançamos a revista, recebemos muitas cartas de mulheres, mais que qualquer outro personagem daquela época. Eu ficava confuso com aquilo, mas não era um mistério tão grande. Ele (Tony Stark) é bonito, glamoroso, rico e machão. Mas também tem um coração fraco, que precisa de cuidados (risos). Era o apelo perfeito para as mulheres, mas nasceu meio que sem querer, pois não pensei nisso quando escrevi. Funcionou muito bem, de qualquer modo.
Leia as matérias anteriores do nosso correspondente:
Roland Emmerich: diretor, produtor e roteirista
Mark Wahlberg: múltiplos talentos
John Moore: desbocado e comprometido com o entretenimento.
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Quem é o colunista: Fábio M. Barreto adora escrever, não dispensa uma noitada na frente do vídeo game e é apaixonado pela filha, Ariel. Entre suas esquisitices prediletas está o fanatismo por Guerra nas Estrelas e uma medalha de ouro como Campeão Paulista Universitário de Arco e Flecha.
O que faz: Jornalista profissional há 12 anos, correspondente internacional em Los Angeles, crítico de cinema e vivendo o grande sonho de cobrir o mundo do entretenimento em Hollywood.
Pecado gastronômico: Morango com Creme de Leite! Diretamente do Olimpo!
Melhor lugar do Brasil: There´s no place like home. Onde quer que seja, nosso lar é sempre o melhor lugar.
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FONTE (fotos incluídas): Guia da Semana - São Paulo,SP,Brazil
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Fiquei aqui por umtempo, tempo bastante prá ler um pouco mais você.
ResponderExcluirAbraço,
Mai
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