domingo, maio 03, 2009

Belo Deus e belo homem


03 Maio 2009 - 00h00
A Bicicleta
Belo Deus e belo homem

A bela mulher (ou o belo homem) vencem o belo Deus. Por vezes, o belo Deus vence o belo homem.
A beleza e o divino
- Gosto que digam de algumas mulheres, e da sua beleza, o que diziam das mais belas mulheres na antiga China: 'são capazes de derrubar dinastias'.
Capazes ainda de derrubar torres e de derrubar até a mais antiga das torres, como chamava Rilke a Deus. São muitas as mulheres, aliás, que venceram o duelo com o divino, atraindo até si homens que haviam jurado dedicar-se ao invisível. O invisível, por vezes, é incapaz de ser tão poderoso como o visível, ou o duas vezes visível - possível definição de beleza.
A beleza é, então, o duas vezes visível (algo de que Thomas Mann falava). Quem não viu à primeira, vê à segunda.
A bela mulher (ou o belo homem) vencem o belo Deus. Por vezes, o belo Deus vence o belo homem. Eis os dois resultados possíveis.
Para alguns, a beleza maior é, então, a do invisível. Não se vê, imagina-se. Porque o que os olhos podem ver, a imaginação pode exagerar; nunca um Apolo de carne e osso será portador de mais do que metade da beleza do Apolo divino, aquele que não se vê.
Escreve Hölderlin: 'O nome do que é Um e o Todo? - O seu nome é Beleza'.
E se apenas Deus é belo, todos os outros - mesmo aquelas mulheres capazes de derrubar dinastias – apenas podem ser uma carne que se esforça.
Parece-me, em suma, uma boa fórmula: belos são os deuses (o invisível), enquanto os humanos são apenas carne que se esforça.
Certamente - Certamente que a mulher não pensa com as glândulas (Simone de Beauvoir). Isso é uma provocação – disse a senhora Woolf.
Conhecer/desconhecer - Leonardo da Vinci dizia que 'o grande amor provém do grande conhecimento do objecto amado'. Quem conhecer pouco - alguém ou algo - só poderá amar pouco. Mas o amor é também não saber nada sobre o outro e o nada bastar. Duas teorias contraditórias que estão certas – disse a senhora Woolf.
Atenção à janela - O que se deita fora pela janela, nos momentos extremos: lixo, água suja, papéis – gritos.
Há um verso famoso de Rimbaud que garante:
'Eu jamais atiraria o amor pela janela.'
Mas é interessante também pensar na porta.
Ter cuidado, pois, com o que se atira fora pela janela ou pela porta principal da casa. Dois cuidados básicos.
Gonçalo M. Tavares

FONTE (imagem incluída): Correio da Manhã - Lisboa,Lisboa,Portugal
http://www.correiomanha.pt/
*****************

Um comentário:

  1. Voltando de viagem, passo por aqui para lhe deixar o meu abraço amigo.
    Gosto do seu blog.
    Brandão.

    ResponderExcluir