Medalhistas festejam ganho de terreno e pedem melhoras
por GE
por GE
Feições delicadas, cabelos longos e presos, sorriso aberto, gritos estridentes e lágrimas nos olhos sob as sobrancelhas bem feitas. Esse é o perfil de 40% dos atletas brasileiros que subiram ao pódio durante a Olimpíada de Pequim. Na melhor participação feminina da história do País, as mulheres conquistaram seis das 15 medalhas da delegação nacional na última edição dos Jogos. Na véspera do Dia Internacional da Mulher (8 de março), as medalhistas que fizeram história na China comemoram o ganho de terreno, ao mesmo tempo em que reivindicam melhores condições.
O time feminino de vôlei e a saltadora Maurren Maggi conquistaram medalhas de ouro. As meninas do futebol ficaram com a prata. Para completar, a judoca Ketleyn Quadros, as velejadoras Fernanda Oliveira e Isabel Swan e a lutadora Natália Falavigna colecionaram bronzes. Se as brasileiras representassem um país, teriam ficado na 33ª colocação no quadro geral de medalhas, ao lado da Coréia do Norte e à frente de nações como Argentina, Portugal e Suécia.
Leia também:
Na China, as mulheres do País protagonizaram feitos históricos. Com seu bronze, a judoca Ketleyn Quadros foi a primeira brasileira a conquistar uma medalha olímpica em um esporte individual. Dias depois, Maurren Maggi ganhou o ouro de forma inédita e quebrou mais um paradigma. A vela é a modalidade que mais rendeu medalhas à delegação nacional na história dos Jogos (16, uma a mais que o judô). No entanto, Fernanda Oliveira e Isabel Swan são as únicas representantes do sexo feminino a triunfarem. Para completar, Natália Falavigna foi pioneira no taekwondo.
"Isso é resultado do espaço que está sendo dado às mulheres atualmente. Acho que os resultados, as vitórias e as medalhas estão aparecendo porque o número de mulheres praticando esporte de alto nível cresceu consideravelmente. Com o aumento desse número, há uma maior chance de bons resultados", diz a oposto Sheilla. Campeã olímpica em Pequim após vencer a seleção norte-americana na decisão, a jogadora foi repatriada pelo São Caetano nesta temporada ao lado das companheiras de seleção Mari e Fofão. No dia 11 de julho de 1900, em Paris, a tenista britânica Charlotte Cooper foi a primeira mulher a ganhar uma medalha de ouro olímpica. O próprio Barão de Coubertin, mentor dos Jogos modernos, não via com bons olhos a participação feminina na competição. Desta forma, uma atleta brasileira subiu ao pódio apenas em Atlanta-1996. Na ocasião, Jaqueline Silva e Sandra Pires disputaram a final do vôlei de praia contra as compatriotas Adriana Samuel e Mônica Rodrigues. Desde então, foram 16 medalhas, seis delas conquistadas em Pequim.Para Fernanda Oliveira, o feito das brasileiras na China reflete um movimento da sociedade em geral.
"Acho que isso aconteceu muito em função da maior participação das mulheres no cenário profissional, vai de encontro com a questão da maior presença feminina tanto no esporte quanto em outras profissões", apontou. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, a taxa de atividade das mulheres de 10 anos ou mais de idade em 1992, ano dos Jogos de Barcelona, era de 47,20%. Em 2007, um ano antes da Olimpíada de Pequim, a cifra subiu para 52,40%.
Na China, alguns homens que eram apontados como favoritos antes da competição tropeçaram. Então campeão olímpico, Rodrigo Pessoa encerrou sua participação apenas no quinto lugar. Dono do título mundial, João Derly também decepcionou no judô. Assim como o ginasta Diego Hypólito e o time de futebol masculino. "Não foi por isso que as mulheres apareceram mais. O esporte feminino vem evoluindo muito bem e chegou a hora de os grandes resultados começarem a aparecer. Foi isso que aconteceu em Pequim", diz a ponteira Mari.
As atletas que conquistaram medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim são provas da evolução do esporte feminino nacional. No entanto, as mulheres brasileiras ainda precisam lutar contra a falta de apoio e o preconceito. O futebol é a modalidade na qual a disparidade entre os gêneros fica mais evidente. "Os homens recebem atendimento preferencial, sim. E isso não é só na seleção brasileira. No mundo todo acontece", diz a lateral-direita do Olympique de Lyon, Simone Jatobá, presente na final olímpica diante dos Estados Unidos.
Nos dias após a conquista da medalha em Pequim, as atletas brasileiras que chegaram como verdadeiras anônimas para a disputa dos Jogos viveram momentos de celebridades e badalação. Longe dos holofotes, seis meses depois da competição, elas voltaram a conviver com a falta de visibilidade que beira o ostracismo. "Acho que isso não é maldade, mas o fato é que vivemos uma monocultura do futebol. Cabe a nós, atletas, conseguir o máximo de títulos para que não passe somente futebol na televisão", diz a lutadora Natália Falavigna.
FONTE: ESPN Brasil - Brazil
FOTO in http://blogln.ning.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário