terça-feira, dezembro 02, 2008

Revista Coyote 18

15/11/2008 18:13:00
Revista Coyote 18
Por Rodrigo Garcia Lopes
Revista COYOTE lança novo número, tendo como destaques um dossiê com a escritora Márcia Denser, ensaio de Michel Houllebecq, fotos de Iatã Cannabrava, a poesia de Joca Reiners Terron e traduções de Wyslawa Szymborska, Paul Éluard e Jack Kerouac.
"Pode haver derrota mais execrável do que quando se é corroído por dentro pelas secreções ácidas da sensibilidade até que perdemos nossa silhueta, dissolvidos, liquefeitos? Ou quando a mesma coisa acontece na sociedade em nossa volta, e mudamos nosso próprio estilo para ficarmos parecidos com ela?". Yukio Mishima sintetiza, no editorial do número 18 da revista editada em Londrina (PR), o espírito de revolução permanente de nossas sensibilidades e da nova edição da Coyote.
Coyote 18 resgata o talento e a lucidez furiosa da escritora Márcia Denser. Como escreve Ademir Assunção na apresentação do dossiê: "Prosa densa, labiríntica, poética [...]. A cada livro, seu texto (e, principalmente, o subtexto) vem funcionando como uma broca de prospecção, cavoucando cada vez mais fundo os conflitos humanos".
A prosa brasileira está representada também na edição pelo cearense Pedro Salgueiro e pelo pernambucano Alberto Lins Caldas. Já a poesia contemporânea exibe sua riqueza e variedade nos poemas de Joca Reiners Terron, Beatriz Bajo, Celso Borges e Zhô Bertholini.
A revista apresenta ainda a poesia da polonesa Wislawa Szymborska (traduzida por Regina Przybycien), prêmio Nobel de 1996, e incrivelmente ainda inédita em livro no Brasil, bem como um conjunto de poemas de um dos fundadores do movimento surrealista, Paul Éluard (traduzido por Eclair Antonio de Almeida) e, pela primeira vez no Brasil, haikus de Jack Kerouac (em tradução de Rodrigo Garcia Lopes). O próprio escritor norte-americano assim se referia aos haikus: "Acima de tudo, um haiku deve ser bem simples e livre de qualquer truque poético e pintar um quadro e ainda assim ser tão leve como o ar, gracioso como uma Pastorella de Vivaldi". Veja alguns exemplos:


O LIVRO DOS HAIKUS
Jack Kerouac (Estados Unidos)
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes

Na cadeira
Decidi chamar o Haiku
Pelo nome de Pop

In the chair / I decided to call Haiku / By the name of Pop

Crepúsculo – pássaro
na cerca
Meu contemporâneo

Dusk—the bird / on the fence / A contemporary of mine

Esses pássaros sentados
lá fora na cerca —
Todos vão morrer.

Those birds sitting/ out there on the fence —/They´re all going to die.

Noite perfeita de lua
arruinada
Por brigas de família

Perfect moonlit night/marred/ By family squabbles

Grilos – gritam
por chuva –
Mais uma?

The crickets—crying/ for rain—/ Again?

Os gatos, de cara
com alguma coisa nova,
Olhando na mesma direção

The housecats, amazed/ at something new,/ Looking in the same direction

Lavando o rosto
com a neve
Sob a Ursa Menor

Washing my face/ with snow/ Beneath the Little Dipper

Perfeito círculo redondo
a lua
No centro do céu

Perfect circle round/ the moon/ In the center of the sky

Em toda parte além
da Verdade,
Azul do espaço vazio

Everywhere beyond/ the Truth,/ Empty space blue

O pássaro voou
e a distância ficou imensa-
mente branca

Bird was gone/ and distance grew/ Immensely white

O mosquito, tão
sozinho quanto eu
Nessa casa vazia

The fly, just as/ lonesome as I am/ In this empty house

* Poemas retirados do livro Book of Haikus. New York: Penguin Books, 2003

* * *
O escritor francês Michel Houllebecq marca presença em ensaio poético "Manter-se Vivo: Méthodo", traduzido por Sandra Stroparo, em que afirma: "Nas feridas que ela nos inflige, a vida se alterna entre o brutal e o insidioso. Conheça essas duas formas. Pratique-as. Adquira um conhecimento completo. Distinga o que as separa e o que as une. Muitas contradições, então, serão resolvidas. Sua palavra ganhará em força e em amplitude".
O fotógrafo Iatã Cannabrava assina a capa e o ensaio fotográfico da edição, "Uma Outra Cidade", com imagens da periferia de São Paulo. O número fecha com o cartum de Paulo Stocker para o "Movimento Contra Malhação de Judas".Em seus seis anos de atividade, Coyote prossegue abrindo espaço para novos autores, resgatando e apresentando nomes importantes das letras e das artes, de épocas e lugares diferentes, instigando a reflexão e a criação literária. A revista é patrocinada pelo PROMIC (Programa Municipal de Incentivo à Cultura) da cidade de Londrina.
COYOTE é editada pelos poetas Ademir Assunção, Marcos Losnak e Rodrigo Garcia Lopes. Projeto gráfico de Marcos Losnak. Tem periodicidade trimestral e distribuição nacional (em livrarias) pela Editora Iluminuras.

COYOTE 18 // Primavera de 2008
52 páginas - R$ 10,00
Uma publicação da Kan Editora.
PATROCÍNIO: PROMIC - PROGRAMA MUNICIPAL DE INCENTIVO À CULTURA SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA DE LONDRINA (PR)
ONDE ENCONTRAR?
Vendas em livrarias de todo o país pela Editora Iluminuras – fone (11) 3031-6161

Pode ser adquirida também na internet pelo Sebo na Bac:

FONTE (image include): http://www.cronopios.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário