terça-feira, novembro 11, 2008

“Mamã África” morre na Itália


Miriam Makeba sofreu ataque cardíaco após concerto anti-mafia
“Mamã África” morre na Itália
A cantora sul-africana Miriam Makeba, conhecida como "Mama Africa", morreu domingo à noite na Itália ao sair do palco, depois de ter actuado num concerto de apoio a um jornalista ameaçado de morte pela mafia.Fonte da Clínica de Pineta Grande, em Castel Volturno, perto de Nápoles (no sul de Itália), disse que a cantora morreu pouco depois de ter dado entrada no local.

A agência noticiosa italiana ANSA referiu que Makeba terá sofrido um ataque cardíaco no final do concerto, em que participaram vários artistas e que foi dedicado ao jornalista e escritor italiano Roberto Saviano, ameaçado pela Camorra, a máfia napolitana.

"Ela foi a última a subir ao palco, depois de vários outros cantores. Houve uma chamada ao palco e, nesse momento, alguém perguntou aos microfones se havia um médico na assistência. Miriam Makeba tinha desmaiado", relatou.

Cerca de um milhar de pessoas assistiram ao concerto em Caltel Volturno, considerado um dos bastiões da mafia napolitana e onde seis imigrantes e um italiano foram abatidos em condições obscuras em Setembro passado.

Roberto Saviano é autor do best--seller "Gomorra", um livro sobre a Camorra que foi adaptado ao cinema e mereceu o prémio do júri no último festival de Cannes, além de ter sido escolhido para representar a Itália nos Oscares.

Convertida num dos símbolos da luta anti-"apartheid", Miriam Makeba, nascida em Joanesburgo em 4 de Março de 1932 e cujo título "Pata, Pata" a tornou conhecida em todo o mundo, sempre defendeu nas suas canções o amor, a paz e a tolerância.

A cantora, a quem chamavam "a imperadora da canção africana" deixou a África do Sul em 1959. Tentou regressar em 1960, por ocasião do funeral da mãe, mas o passaporte foi-lhe cancelado e não foi autorizada a entrar no país.

Viveu no exílio durante 35 anos nos Estados Unidos, França, Guiné e Bélgica antes do seu emotivo regresso a Joanesburgo em 1990, quando regressaram muitos exilados sul -africanos ao abrigo das reformas instituídas pelo então presidente FW de Klerk. "Nunca percebi porque é que não podia voltar ao meu país", disse Makeba, quando regressou: "Nunca cometi nenhum crime". Em 1976, proferiu nas Nações Unidas um discurso de denúncia do "apartheid" (segregação racial). Foi depois disso, que a rádio e a televisão governamentais sul-africanas se recusaram a emitir as suas canções. Foi casada com o trompetista Hugh Masekela e mais tarde com o activista Stokely Carmichael.

"Uma das nossas maiores cantoras de todos os tempos parou de cantar", lamentou em nota o ministro da Cultura da África do Sul, Nkosazana Dlamini Zuma. "Ao longo da sua vida, Mama Makeba comunicou uma mensagem positiva ao mundo sobre a luta das pessoas na África do Sul e a certeza das vitórias sobre as forças malignas do apartheid e do colonialismo através da arte de cantar", apontou Zuma.

Miriam começou a sua carreira em Sophiatown, uma zona cosmopolita de Johannesburgo muito rica culturalmente na década de 1950. Porém, os negros da área foram retirados à força pelo governo do apartheid (regime que vigorou entre 1948 e 1990). A cantora recebeu um Grammy em 1966 pela melhor gravação folk, com Harry Belafonte, pelo disco An Evening With Belafonte/Makeba. A obra tratava dos problemas enfrentados pelos negros sul-africanos durante o apartheid.

FONTE: Midiamax - Campo Grande,MG,Brazil

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