terça-feira, agosto 19, 2008

UM OUTRO OLHAR SOBRE O NOSSO JUDÔ EM PEQUIM

Ketleyn Quadros em ação

UM OUTRO OLHAR SOBRE O NOSSO JUDÔ EM PEQUIM

O judô de escola japonesa, ou o judô mais tradicional como queiram chamar. Tomava como um dos seus princípios algo que dizia: "nunca te orgulhes de haver vencido um adversário, aquele que venceste hoje poderá vencerte amanhã, a única vitória que perdura é aquela obtida sobre a própria ignorância".

Lendo isto, sempre tive a impressão, que aqueles que competem impregnados por certa obcessão pela vitória, acabam se afastando das condições ideais para alcançar grandes resultados.

O Brasil foi a Pequim competir no judô seriamente curvado pela responsabilidade de trazer de volta um pote de ouro, mas não é atrás do ouro que corre o judô.

Alguém viu no judô brasileiro comportamento vergonhoso, algo que sugira falta de empenho, de compromisso com o próprio esporte, ou ficamos com aquela impressão curiosa de que, se tudo acontecesse de novo vários resultados poderiam ter sido diferentes?

Eu não sou cronista de judô, nem tampouco atleta com passado que possa me credenciar para o que quer que seja, aprecio o judô como quem aprecia a poesia, com sentimentos de apreciador.

Ideograma do vazio
Mas, para quem vem sendo despertado para a modalidade, e quer saboreá-la da forma que sinto ser a melhor, gostaria de trazer um pouco da história de um lendário samurai japonês chamado Miyamoto Musashi.

Musashi nasceu na aldeia de Miyamoto, província de Mimasaka, e se chamava Musashi Fujiwara. De seu pai, Shinmen Munisai, um pequeno fidalgo rural, teve as primeiras lições com a espada. Aos treze anos, travou seu primeiro duelo, vencendo o então famoso espadachim Arima Kibei.

Além de ter sido um duelista imbatível, Musashi também se dedicou a outras artes, como a caligrafia e a escultura, e chegou a escrever livros sobre esgrima e estratégia. Seu tratado mais conhecido é o Gorin No Sho (Livro dos Cinco Elementos).

Em seu Livro dos Cinco Elementos, capitulado no Livro do Vazio quase como um ápice na formação de um samurai, diz Musashi sobre "... o que não tem princípio e não tem fim. Atingir este princípio significa não atingir este princípio". Fala com isto que a concentração absoluta é na verdade o alheamento absoluto.

Nestes nossos tempos de cronômetros, táticas, de obrigar os adversários a cometer faltas, esta lição, dada pouco depois da descoberta do Brasil, tão parecida com conceitos modernos da psicanálise, aponta para um erro moderno na prática do judô.

O judoca, competindo, tem que estar totalmente concentrado, mas, nada obstante, alheio, o que não é possível na obcessão por resultados, adversários e cronômetros.

Musashi não conhecia psicologia desportiva, não tinha curso superior, mas era um artista, um guerreiro, e se manteve vivo com esta concepção.

Paisagem pintada por Miyamoto Musashi (1584-1645)

Saboreando o judô brasileiro nas Olimpíadas de Pequim, de vitórias e derrotas, júbilos e manifestações de pesar. Colhi, uma presença - ou seria uma ausência - que me fez sorrir tranquilo da convicção que tenho: "o olhar de Ketleyn Quadros".

Miyamoto Musashi, conce~ção do mangá vagabond
Para aquela jovem atleta mineira (que tem também um lindo sorriso), tudo estava ali, mas ela estava absolutamente só, e, quem a viu lutando, teve a absoluta clareza de que não haveria táticas, cronômetros e temores, mas uma guerreira, com um olhar milenar, sobre adversários e cenários que significavam tudo, mas nada significavam...

O sorriso de Ketleyn

Enfim ... quem não pode encontrar o que queria no judô brasileiro em Pequim, talvez pudesse ser beneficiado por um outro olhar.

FONTE: http://judoepoesia.blogspot.com/

2 comentários:

  1. Anônimo4:32 PM

    Che cosa ho quello per incitarlo per parlare con me? Gina

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  2. Anônimo4:32 PM

    Che cosa ho quello per incitarlo per parlare con me? Gina

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