Brasil trabalha em inventário de mais de 150 línguas originárias
Havana, 03 jul (acn) Os especialistas do Instituto Brasileiro do patrimônio histórico e artístico (IPHAN) começaram a árdua tarefa de realizar um inventário de todos os idiomas falados no país que, de acordo a estimados dos lingüistas, são mais de 150.
Havana, 03 jul (acn) Os especialistas do Instituto Brasileiro do patrimônio histórico e artístico (IPHAN) começaram a árdua tarefa de realizar um inventário de todos os idiomas falados no país que, de acordo a estimados dos lingüistas, são mais de 150.
“É uma tarefa hercúlea, e estamos apenas no início. Alguns estudiosos estimam que esse número pode chegar a até 180 ou 200 línguas”, disse à rede Tele-sul Márcia Sant'Anna, diretora do departamento de Patrimônio Imaterial do IPHAN.
A idéia de que o Brasil é um país com mais de 150 línguas deixa surpresos até os próprios brasileiros, disse Sant'Anna. O Brasil é visto a partir da unidade consolidada em torno da língua portuguesa imposta pelo colonizador, “mas isso é apenas parte da realidade”, acrescentou.
Os especialistas dividem as línguas faladas no Brasil em três grupos principais: indígenas, de imigração e afro-brasileiras.
“Uma das mais interessantes é o tálio”, disse Sant'Anna. “Tudo indica que provém de um grupo de dialetos da região italiana do Veneto. A língua é falada por cerca de três milhões de pessoas nos estados sulistas de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul”, disse a especialista.
Sant'Anna também salientou a pomerano e husrück, derivado do alemão e dialetos falados no sul, uma área onde imigrantes alemães deixaram a sua marca.
Entre as línguas dos afro-brasileiros, referiu a “gira da Tabatinga” e o “cafundó”. A primeira é falada em uma área de Minas Gerais (Sudeste), como um legado dos quilombolas, comunidades que foram formadas por escravos fujões. O cafundó, ao mesmo tempo, está localizado na cidade de Pirapora, no estado de São Paulo.
Além disso, existem dialetos ligados à liturgia do culto de candomblé - também de raiz africana - incluindo uma antiga forma de ioruba, de acordo com Sant'Anna.
As línguas indígenas supõem mais trabalho. Para conhecê-las é preciso chegar até populações remotas, mas a documentação lingüística e antropologia é precária e carece de especialistas.
“Temos o nheengatú , que é a língua da região amazônica, originada a partir do tupinambá, e os guarani, que, por sua vez, se divide em três famílias, mas são faladas em quase toda a metade sul do Brasil, a partir do Mato Grosso do Sul”, disse Sant'Anna.
O ponto de partida para a investigação foram outros estudos semelhantes, incluindo um feito no México.
“O México conseguiu fazer um mapa lingüístico completo, que foi um enorme trabalho. Essa experiência nos ajuda muito”, disse ele.
O panorama mostrado por Sant'Anna, no entanto, não significa que o português esteja em risco de ser substituído como uma língua nacional.
“Existe uma cidade no estado do Amazonas, São Gabriel da Cachoeira, que tem quatro línguas oficiais: português, nheengatú, tukano e baniwa/araucano. Mas, sem dúvida, a unidade nacional está no idioma português*”, disse a especialista. “Está muito longe o dia quando o Brasil tenha uma outra língua oficial além do português", disse ela.
O número exato de línguas faladas em todo o país é motivo de divergências. Estudiosos, no entanto, concordam que muitos deles, especialmente as indígenas, estão em risco real de extinção.
Sant'Anna estima que 60 idiomas estão em perigo, enquanto o lingüista Denny Moore, do Museu Emílio Goeldi, no Estado do Pará, estima que um quarto de todas as línguas indígenas estão em risco de desaparecer.
****DOS NOSSOS ARQUIVOS: De acordo com a opinião de antropólogos as línguas da matriz tupi foram fortes em termos de comunicação cotidiana no Brasil até a década de 40, quando o português definitivamente assumiu a supremacia lingüística da nação. Prova disso são os topônimos dessa origem que se estendem até territórios em que os tupis nunca puseram um pé, indicando claramente que esses nomes foram trazidos, algumas vezes, pelas bandeiras que, em séculos passados, se dedicaram à colonização do vasto território brasileiro.
A idéia de que o Brasil é um país com mais de 150 línguas deixa surpresos até os próprios brasileiros, disse Sant'Anna. O Brasil é visto a partir da unidade consolidada em torno da língua portuguesa imposta pelo colonizador, “mas isso é apenas parte da realidade”, acrescentou.
Os especialistas dividem as línguas faladas no Brasil em três grupos principais: indígenas, de imigração e afro-brasileiras.
“Uma das mais interessantes é o tálio”, disse Sant'Anna. “Tudo indica que provém de um grupo de dialetos da região italiana do Veneto. A língua é falada por cerca de três milhões de pessoas nos estados sulistas de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul”, disse a especialista.
Sant'Anna também salientou a pomerano e husrück, derivado do alemão e dialetos falados no sul, uma área onde imigrantes alemães deixaram a sua marca.
Entre as línguas dos afro-brasileiros, referiu a “gira da Tabatinga” e o “cafundó”. A primeira é falada em uma área de Minas Gerais (Sudeste), como um legado dos quilombolas, comunidades que foram formadas por escravos fujões. O cafundó, ao mesmo tempo, está localizado na cidade de Pirapora, no estado de São Paulo.
Além disso, existem dialetos ligados à liturgia do culto de candomblé - também de raiz africana - incluindo uma antiga forma de ioruba, de acordo com Sant'Anna.
As línguas indígenas supõem mais trabalho. Para conhecê-las é preciso chegar até populações remotas, mas a documentação lingüística e antropologia é precária e carece de especialistas.
“Temos o nheengatú , que é a língua da região amazônica, originada a partir do tupinambá, e os guarani, que, por sua vez, se divide em três famílias, mas são faladas em quase toda a metade sul do Brasil, a partir do Mato Grosso do Sul”, disse Sant'Anna.
O ponto de partida para a investigação foram outros estudos semelhantes, incluindo um feito no México.
“O México conseguiu fazer um mapa lingüístico completo, que foi um enorme trabalho. Essa experiência nos ajuda muito”, disse ele.
O panorama mostrado por Sant'Anna, no entanto, não significa que o português esteja em risco de ser substituído como uma língua nacional.
“Existe uma cidade no estado do Amazonas, São Gabriel da Cachoeira, que tem quatro línguas oficiais: português, nheengatú, tukano e baniwa/araucano. Mas, sem dúvida, a unidade nacional está no idioma português*”, disse a especialista. “Está muito longe o dia quando o Brasil tenha uma outra língua oficial além do português", disse ela.
O número exato de línguas faladas em todo o país é motivo de divergências. Estudiosos, no entanto, concordam que muitos deles, especialmente as indígenas, estão em risco real de extinção.
Sant'Anna estima que 60 idiomas estão em perigo, enquanto o lingüista Denny Moore, do Museu Emílio Goeldi, no Estado do Pará, estima que um quarto de todas as línguas indígenas estão em risco de desaparecer.
****DOS NOSSOS ARQUIVOS: De acordo com a opinião de antropólogos as línguas da matriz tupi foram fortes em termos de comunicação cotidiana no Brasil até a década de 40, quando o português definitivamente assumiu a supremacia lingüística da nação. Prova disso são os topônimos dessa origem que se estendem até territórios em que os tupis nunca puseram um pé, indicando claramente que esses nomes foram trazidos, algumas vezes, pelas bandeiras que, em séculos passados, se dedicaram à colonização do vasto território brasileiro.
FONTE: Agência Cubana de Notícias - Havana,Havana,Cuba
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