domingo, maio 25, 2008

Meirelles é aplaudido na abertura de Cannes


FESTIVAL
Meirelles é aplaudido na abertura de Cannes
O filme de Fernando Meirelles, Blindness, baseado em livro de José Saramago, teve recepção fria em sessão para a imprensa, mas foi aplaudido pelo público
diretor brasileiro Fernando Meirelles e sua equipe foram saudados ontem com mais de cinco minutos de aplausos, logo após a exibição de Blindness, na sessão de abertura do 61º Festival Internacional de Cinema de Cannes. Antes, em uma sessão exclusiva para a imprensa, o longa-metragem foi recebido com silêncio.

À noite, Blindness, adaptação do romance Ensaio Sobre a Cegueira, do escritor português José Saramago, foi exibido para os jurados e o público em geral. Desta vez, foi aplaudido. Meirelles, a atriz norte-americana Julianne Moore, a brasileira Alice Braga, o ator mexicano Gael García Bernal e os demais membros do elenco abriram o evento em grande estilo.

Blindness não é um filme fácil. O próprio livro de Saramago é uma obra muito complexa. O escritor cria uma metáfora, porém sob essa aparência, o filme tem uma base brutalmente realista, e deve ter sido este o fator decisivo para que o diretor de Cidade de Deus fosse chamado por um produtor canadense para dirigir a adaptação.

Meirelles lembrou que há 10 anos tentou comprar os direitos autorais. Mas Saramago lhe disse não, porque o cinema seria contrário ao espírito do livro. Segundo ele, o cinema mata a imaginação, o cinema mostra a cegueira branca, metafórica, que atinge seus personagens (e a humanidade em geral), está na contramão desta tendência realista-naturalista.

Foi o produtor canadense Niv Fichman quem convenceu o escritor, premiado com o Prêmio Nobel de Literatura, a vender os direitos. O filme voltou às mãos de Meirelles e ele assumiu a co-produção internacional. Juliane Moore disse na coletiva que via em Blindness o futuro do cinema no mundo globalizado. Em toda a equipe, existem somente três norte-americanos, os atores Mark Ruffalo, Danny Glover e ela.

Todos os demais, o que inclui elenco e técnicos, são uma fusão de pessoal do Brasil, do México, do Japão e do Canadá. A história não é muito diferente da de outros filmes fantásticos. Um vírus, ou qualquer outra causa, infecta algumas pessoas, que vão perdendo a visão.

Só que, em vez de ingressar num mundo de sombras, elas ingressam num mundo de excesso de luz, a tal cegueira branca. São confinadas e aí o filme chega ao ponto. Quando a ordem estabelecida entra em colapso, a barbárie se estabelece. Apenas uma mulher, a personagem de Julianne Moore, consegue enxergar.

Para Meirelles, seu longa-metragem é sobre a barbárie. Para o roteirista Don McKellar, é sobre a luta das pessoas para manter a dignidade. Existem elementos do livro O Senhor das Moscas, de William Golding; e dos filmes O Anjo Exterminador, de Luis Buñuel, e de Os Filhos da Esperança, de Alfonso Cuarón, que integra o júri presidido por Sean Penn. A fotografia de César Charlone, o som e as interpretações saltam a uma primeira visão. (das agências de notícias)
FONTE (photo include): O POVO Online - CE,Brazil

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