segunda-feira, maio 05, 2008

Edinanci, 31 anos, e Mayra, 16: duas gerações, um objetivo


Edinanci, 31 anos, e Mayra, 16: duas gerações, um objetivo
Judocas têm boas chances de conquistar a 1.ª medalha feminina individual para o Brasil na história dos Jogos
Wilson Baldini Jr.

A paraibana Edinanci Silva tem 31 anos e vai disputar na China sua quarta Olimpíada. A gaúcha Mayra Aguiar, de 16 anos, vai estrear em Pequim na maior competição esportiva. Mas as duas têm muito em comum. Além de medirem 1,75 metro cada e terem nascido no mês de agosto - Edinanci no dia 23 e Mayra no dia 3 -, as judocas têm grandes possibilidades de conquistar a primeira medalha feminina individual para o Brasil na história dos Jogos.
“Já pensei nisso. Fiquei ansiosa e me dei mal”, disse Edinanci, que ontem conquistou o ouro na etapa brasileira da Copa do Mundo, em Belo Horizonte, na categoria até 78 quilos. Ela foi eliminada nas quartas-de-final dos Jogos de Atlanta-1996, Sydney-2000 e Atenas-2004. “Em 2000, estava obcecada pelo resultado e não lutei bem.”
Mayra, que pisa no tatame hoje, pensa de forma semelhante. “Terei muitas Olimpíadas pela frente. Não posso entrar no tatame pensando nisso. Mas é lógico que conseguir um grande resultado logo de cara seria importante”, observou a atleta do Sogipa, do Rio Grande do Sul, que treina com os campeões mundiais Tiago Camilo e João Derly. “O Tiago me aconselha e diz que uma medalha não é impossível, mesmo eu sendo tão nova.” Tiago Camilo foi prata em Sydney aos 17 anos.
Experiente, Edinanci diz saber o que precisa fazer desta vez para chegar à medalha. “Meu erro nas edições anteriores foi tentar mudar a tática de luta de um combate para o outro. Em Pequim, vou lutar da mesma forma do início até o fim”, observou a bicampeã pan-americana (2003 e 2007), dona de dois bronzes em Mundiais (1997 e 2003) e um ouro na Supercopa de Hamburgo (2007).
Uma das atletas mais fortes de sua categoria, Edinanci admite que precisa aprimorar a técnica. “Só a força não resolve. Enfrentei rivais rápidas e técnicas e perdi. Fica difícil acompanhar o ritmo de luta”, reconheceu a judoca, que chegou a lutar na categoria de peso absoluto (acima dos 78 quilos), com oponentes com mais de 120 quilos.
Para Mayra, que garantiu a vaga olímpica após o primeiro lugar na etapa de Varsóvia (Polônia) da Copa do Mundo, em março - melhor resultado do ano do judô brasileiro na Europa -, tudo é novidade. “Por causa dos treinos e das viagens para intercâmbio, precisei interromper os estudos”, contou a judoca, que cursa o 1º ano do ensino médio. “No ano que vem farei um supletivo para encerrar os três anos.” Ela pretende ser professora de Educação Física.
A gaúcha revela que seu maior problema é o regime. “Não posso comer muito chocolate e massa, que adoro, pois corro o risco de passar de peso.” Mayra compete na categoria até 70 quilos. Quando o assunto é namoro, a menina fica com o rosto vermelho. “Não dá tempo para namorar.”

FONTE: O Estado de São Paulo - São Paulo,SP,Brazil

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