quarta-feira, abril 16, 2008


Canto à liberdade da poesia dos combatentes pela independência lidos em sessão livre
Obras de Neto, Jacinto e Cardoso relembradas em tertúlia no Kilamba
ADRIANO DE MELO

As mensagens que durante anos ajudaram a despertar e a forjar a consciência nacionalista de várias gerações de angolanos ontem e hoje, através dos versos de escritores como Agostinho Neto, António Jacinto e António Cardoso foram recordados em tertúlia, numa sessão artística realizada no Centro Recreativo e Cultural Kilamba, em Luanda, com o intuito de realçar o valor literário e estético da poesia destes três cantores da liberdade.

Segundo o musicólogo Jorge Macedo, a grandeza do talento desta célebre tríade de artistas da palavra granjeou para sempre admiração de iminentes homens de letras, estudiosos e críticos renomados, no país e no estrangeiro.

“O Poeta Maior, Agostinho Neto, de quem o país apaixonou-se pela sua obra poética, servida por fulgurantes figuras de estilo e uma estética de alto valor literário, é um símbolo desta incontestável conquista, que continuará inscrita nos anais da história nacional com letras de ouro”, disse.

Promovida pela Associação dos Jovens Escritores de Angola e o Núcleo dos Estudos Literários, o encontro homenageou, com intervenções sumárias, declamação de poesia, música e trova, estas três figuras históricas de renome no contexto do património cultural literário angolano.

Para o historiador Cornélio Caley analisar o trabalho desenvolvido por estes três escritores nacionalistas é um processo fundamental, particularmente neste período de reconstrução nacional, “em que mais precisamos de ser vistos como nós mesmos, tal como acontece com outros povos do mundo”.

“Agostinho Neto é um símbolo nacional pelo que fez pela pátria angolana. Num momento em que pairavam no ar incertezas sobre o país e não se vislumbrava o futuro da nação, Agostinho Neto surgiu como o guia do povo. O seu pensamento político, histórico, sociológico e filosófico está transmitido, sobretudo, no seu livro de poesia “Sagrada Esperança”. Como sabemos, ele escreveu quase toda a sua poesia na prisão, mas envolvido de esperança o que a torna num canto à liberdade dos angolanos”, aclara.

Considerando a obra de Neto, como uma epopeia angolana, por traduzir o sentimento dos nacionais nos momentos de opressão, Cornélio Caley avançou que a poesia do Poeta Maior não deve ser analisada com base nos cânones tradicionais aceites como poéticos.

FONTE: Jornal de Angola - Luanda,Luanda,Angola

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