terça-feira, março 25, 2008

Percepção do mundo varia para ocidentais e orientais

Orient Door
Marta Eva LLamera
critique photo view portfolio (1039 images)
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Percepção do mundo varia para ocidentais e orientais
Internacional
25/03/2008 09:03:9
De que maneira você sabe como alguém está se sentindo? Para as pessoas em sociedades ocidentais, a tarefa é usualmente fácil: basta olhar no rosto do interlocutor. Mas para pessoas do Japão e outras sociedades orientais, não é tão simples, de acordo com um novo estudo, e a dificuldade relaciona-se não só com a avaliação do humor da outra pessoa mas com o de terceiros que porventura estejam presentes.

As diferenças podem representar traços culturais profundamente enraizados, sugerem os autores do estudo, segundo os quais "ocidentais talvez vejam emoções como sentimentos individuais, enquanto os japoneses as consideram indissociáveis dos sentimentos do grupo".

As conclusões baseiam-se num estudo de cerca de três dúzias de estudantes divididos em dois grupos - um japonês, um ocidental, aos quais foram exibidos diversos desenhos de cinco crianças. Os participantes foram informados de que os desenhos seriam usados em programas educativos de televisão, e que os pesquisadores queriam determinar até que ponto constituíam representações realistas.

Ocasionalmente as expressões de todas as crianças nas imagens eram as mesmas, mas era mais frequente que elas variassem. Os participantes foram convidados a observar o rosto de uma pessoa em posição central na imagem e a classificá-lo em termos de alegria, tristeza ou raiva, usando uma escola de zero a 10 pontos.

Os estudantes ocidentais não alteravam muito a sua avaliação sobre a expressão da figura central em função das expressões das demais figuras. Mas para a maioria dos participantes japoneses, esse factor gerava diferença mensurável. Caso a figura central estivesse com uma expressão feliz mas as demais parecem zangadas ou infelizes, os japoneses tendiam a atribuir menos pontos de felicidade à imagem dominante.

Caso todas as imagens apontassem felicidade, a figura central recebia mais pontos, no grupo japonês. Quando as imagens foram exibidas a dois outros grupos de estudantes que usavam equipamentos para acompanhar o movimento dos seus olhos, os pesquisadores constataram que os japoneses dedicavam mais tempo a observar as figuras de fundo nos desenhos.

O autor do estudo, Takahiro Masuda, professor assistente de psicologia na Universidade de Alberta, no Canadá, diz que "não sabemos exactamente o que isso representa". Ainda assim, o estudo enquadra-se bem a um extenso cabedal de pesquisas quanto às diferenças entre as formas ocidental e oriental de perceber o mundo que nos cerca.

Pesquisadores que estudaram quadros dos séculos XVI a XX, por exemplo, constataram que, em retratos ocidentais, o tema ocupa porção maior da imagem e é pintado de maneira a se destacar mais, de acordo com o estudo. Nos retratos orientais, os temas tendem a ostentar dimensões menores e a se destacar menos do fundo.

E essas diferenças persistem ainda hoje. Quando Masuda e outros pesquisadores forneceram câmaras a estudantes e pediram que eles tirassem retratos, os personagens-tema ocupavam mais espaço na moldura, em fotos tiradas por estudantes norte-americanos. Muitos pesquisadores sugerem que os leste-asiáticos adoptam visão mais holística do mundo.

O novo estudo sobre rostos pode reflectir também diferenças sociais, segundo Kristi Lockhart, professora de psicologia na Universidade Yale que estudou ambas as culturas. As sociedades ocidentais tendem a enfatizar a individualidade, e as orientais as necessidades do grupo.

Assim, um japonês que veja alguém feliz no meio de pessoas tristes sente estranheza, e pode ajustar a sua percepção sobre a felicidade daquela pessoa "porque o desejo natural dela deveria ser o enquadramento ao grupo, e não ser diferente", afirma Lockhart.

FONTE: Diário dos Açores - São Miguel,Açores,Portugal

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