domingo, março 30, 2008

Infinito particular

The Emily Dickinson Room
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30/3/2008
Infinito particular
Poemas de Emily Dickinson saem das gavetas e chegam à internet; professor pesquisa sua obra há mais de 20 anos
Daniela Fenti


Da Agência BOM DIA
Nos anos 1950, quando Carlos Daghlian cursava o ensino médio, era comum encontrar livreiros, que batiam de porta em porta. E foi assim que o jovem teve o primeiro contato com os poemas da norte-americana Emily Dickinson, traduzidos por Olívia Krähenbühl.


No curso de letras anglogermânicas na USP de São Paulo, novamente teve acesso a seus textos – desta vez na versão original – o que motivou-o a escolher como tema de sua tese de livre-docência, em 1987, “A Obsessão Irônica na Poesia de Emily Dickinson”.


Vinte e um anos depois, o assunto ainda é pungente em sua vida. O professor titular aposentado em literatura americana da Unesp de Rio Preto gerencia desde outubro do ano passado uma página virtual com informações sobre a autora. É possível ter acesso a referências bibliográficas de livros, capítulos, poemas, reportagens, artigos e teses, publicados no Brasil e em Portugal.


“Toda pessoa que se propõe a estudar obras estrangeiras deve conhecer o que os outros estudiosos fizeram. O objetivo do site é facilitar a busca para os principiantes”, explica.


Uma das principais características da poetisa é a escrita de textos curtos e densos. De acordo com Daghlian, muitas vezes dois versos equivalem a um ensaio.


Além disso, Emily costumava usar letras maiúsculas, fugindo ao padrão da língua culta.


“Ela viveu em um período romântico, mas já produzia obras modernas”, define.


Outro fato curioso é a falta de títulos em suas produções. Por isso, as citações são feitas em números de acordo com as coleções de poemas e cartas editadas por Thomas Johnson, na década de 1950, e por R.W. Franklin, na década de 1990.


Em terras brasileiras, o primeiro a traduzí-la foi Manuel Bandeira, em 1940, seguido por Cecília Meireles, em 1954. Posteriormente, Maria Julieta de Andrade, filha de Carlos Drummond, também contribuiria para sua fortuna crítica.


Tão importante quanto, foi o espetáculo de teatro “The Belle Of Amherst”, que na versão brasileira, com direção de Miguel Falabella e atuação de Beatriz Segal, recebeu o nome de “Emily”. O professor calcula que pelo menos 150 mil pessoas tenham visto as apresentações no país.


“Notamos um interesse crescente pelo assunto neste século, em relação ao anterior”, comemora Carlos Daghlian.


Prova disso é o livro “Alguns Poemas”, do nordestino José Lira – um dos dez finalistas do Prêmio Jabuti, na categoria melhor tradução, no ano passado.


Emily resiste ao tempo


A poetisa nasceu em 1830, na casa The Homestead, construída por seus avós, Lucretia Gunn e Samuel Fowler Dickinson, em Amherst, no estado de Massachusetts, nos Estados Unidos.


Assim como sua irmã, Lavínia, Emily viveu de acordo com o modelo de comportamento feminino da época e nunca se casou, o que renderia o apelido de “a grande reclusa”.


Quase tudo o que se sabe sobre sua vida tem como fonte as correspondências enviadas por ela a parentes, em especial à sua cunhada e vizinha, Susan Dickinson, a colegas de escola e a intelectuais como Samuel Bowles, T.W. Higginson, Helen Hunt Jackson, entre outros.


Sua produção literária foi bastante intensa entre 1860 e 1870. No entanto, em 1864, Emily foi surpreendida por problemas de visão, o que diminui seu ritmo de trabalho.


Apesar de ter escrito cerca de 1,8 mil poemas e quase mil cartas, a poetisa não publicou livros em vida. Há registros de aproximadamente dez poemas, publicados anonimamente em periódicos por seus amigos. Depois de sua morte, em 1886, a obra completa de Emily Dickinson foi editada e aclamada pela crítica e acumula traduções em vários idiomas.


FONTE: Bom Dia Rio Preto - Brazil
http://www.bomdiariopreto.com.br/

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