quarta-feira, março 26, 2008

Ensaio explora identidades filosóficas em Clarice

Clarice Lispector is, for me, ...
375 x 495 - 37k - jpg
it2itaim.wordpress.com
***********************************************

25/03/2008 08h41 Lançamento
Ensaio explora identidades filosóficas em Clarice
O processo de aprendizagem é sempre um exercício de desconstrução. Implica a perda de referências e a necessidade de organizar o caos que surge da instabilidade provocada pelo abandono de velhos parâmetros. A leitura é sempre assim: através da desconstrução que se encontra no ator de perder-se na escrita do outro um novo sentido é criado, ad infinitum. A isso, chama-se identidade. Essa alteridade na identidade, sempre em transformação, é o enfoque da escritora Márcia Meira Basto no ensaio Clarice, Clarear - leitor de si mesmo em Clarice Lispector. Márcia selecionou os romances A hora da estrela, A paixão segundo G.H e Sopro de vida a fim de discutir uma identidade relacional. "Nós não somos o que pensamos que somos", diz. O lançamento da obra, resultado de sua dissertação de Mestrado em Filosofia, pela UFPE, ocorre nesta terça, às 19h, no Forte das Cinco Pontas. A publicação é da Editora Bagaço e o livro custa R$ 25.

Márcia começou a ler Clarice quando já era formada. No mestrado, aprofundou sua leitura. "Não foi um namorico, foi paixão para a vida toda", conceitua a autora, que afirma ter potencializado seu lado literário a partir do contato com essa literatura. A escritora lembra que quando Clarice surgiu no cenário literário o crítico Álvaro Lima virou a cara para a sua escrita, porque esta, acreditava o intelectual, não tinha um "fechamento", uma unidade. Hoje, essa indefinição é a marca de Clarice Lispector. Para tratá-la, Márcia abandonou o cogito cartesiano e se valeu da fundamentação teórica de "mestres da suspeitas" como Freud e Nietzsche para abordar questões como a intencionalidade e racionalidade da escrita. A hermenêutica de Paul Ricouer foi utilizada como ponto fundamental na compreensão da multiplicidade de significados presente nas obras selecionadas.

O foco é bem filosófico e um glossário está no final do livro, que foi adequado a uma linguagem menos acadêmica. Para Márcia, Clarice, sempre à procura do momento em que o silêncio se bastasse absoluto na comunicação humana, queria chegar à unidade do cosmo inicial. "Onde não havia dualidade", afirma.

FONTE: Pernambuco.com - Recife,PE,Brazil

Nenhum comentário:

Postar um comentário