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UPJ X CBJ - VELHAS RAZÕES PARA NOVAS CRISES
Por Domingos de Souza Nogueira Neto
A comunidade internacional de judô, e os apreciadores da modalidade no Brasil, presenciaram nos últimos dias a grande polêmica entre a Confederação Brasileira de Judô/CBJ e a União Panamericana de Judô/UPJ, sobre reunião que teria acontecido no Rio de Janeiro para planejar um "golpe de estado" contra a entidade panamericana.
O imaginário latino-americano sobre "golpe de estado" parecia indicar mestres do judô brasileiro de todos os estados, junto aos uruguaios (que também estariam nesta), invadiriam a sede da União Panamericana, derrubando e imobilizando seus dirigentes, para depois ocupar o poder.
A intentona teria sido desmobilizada pelo serviço de informações da União Panamericana que teria descoberto os conspiradores, e os ameaçado com o degredo do mundo olímpico, como antes foi feito com Prometeu ao aspirar o fogo dos deuses. Em duas palavras: fantasioso e ridículo.
O fato é que a Confederação Brasileira de Judô/CBJ, de forma absolutamente legítima, exerce o seu direito de oposição a União Panamericana de Judô/UPJ, aspirando, legitimamente, dirigi-la.
A União Panamericana de Judô/UPJ, por outro lado, pretende a continuidade do seu mandato, entricheirando-se para defendê-lo. Tudo normal e democrático.
A Confederação Brasileira de Judô/CBJ também enfrenta oposição interna a partir da Federação Paulista de Judô/FPJ, que tem suas posições divulgadas pelo site de judô: Judô Brasil. Aqui também nada de anormal.
Sem querer aqui o monopólio da verdade, o que parece haver acontecido é bem simples: a oposição à União Panamericana de Judô/UPJ, se reuniu no Rio de Janeiro, para organizar-se e, sabendo disto, a oposição a Confederação Brasileira de Judô/CBJ denunciou o encontro a União Panamericana de Judô/UPJ.
A partir daí o dominicano Jaime Casanova Martines deu um certo piti, que foi capitalizado pela CBJ para salientar seu destempero, ganhando espaço de mídia. Em seguida o dirigente da UPJ divulgou uma carta, publicada no site Judô Brasil, dizendo que o professor Paulo Wanderley, presidente da CBJ, se escudava de atletas brasileiro para se proteger da ira da UPJ. Mas é fato que o dirigente brasileiro nunca disse que nossos atletas estavam ameaçados.
O fato é que a democracia é saudável, o direito de oposição é legítimo, e o direito a reunião para fins pacíficos em território brasileiro garantido pela própria Constituição Federal. A deduragem é feia, mas não é crime.
O judô brasileiro está no seu ápice histórico, colecionando eventos do Rio Grande do Sul a Rondônia, e tem o direito de aspirar mais.
A oposição brasileira pode querer colher da fartura da vindima, porque participou da semeadura.
Mas nós, forjados na concepção ética do judô temos o direito de pedir, a todos, certa integridade ética superior a de um político comum. E não temos dúvidas ao pedi-la.
autorizada a reprodução com citação da fonte.
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