Domingos de Souza Nogueira Neto*
JUDÔ, SURF E POESIA
Para os que não conhecem o judô, o surf e a poesia, pode ser difícil ver o que os separa, ou o que os une. Assim, para dar início a reflexão, vale buscar elementos destas três culturas, tão distantes e tão iguais, que certamente poderão surpreender a alguns.
O judô passa por momento de grande mudança em sua história. Está iniciando a fase da profissionalização. Grandes clubes, patrocinados por empresas. Preparadores físicos, nutricionistas, fisioterapeutas e atletas pagos. Objetivo: - a vitória.
A poesia tem torneios internacionais, mais freqüentes que os de judô. Onde os autores das “melhores obras” são freqüentemente premiados em moeda.
Mas é do surf que vem a nossa reflexão. Há algum tempo os surfistas fizeram uma distinção interessante entre o "material surf" das grandes competições, e o "spiritual surf", que dizia respeito ao prazer puro e simples de surfar. E mais, a superioridade desta razão (espiritual) para formar grandes atletas.
O debate emerge no desenho animado “Tá Dando Onda (Surf’s Up - EUA/2007)”, que afirma a superioridade do "spiritual surf" e de atletas formados sem preocupação com stress dos resultados competitivos. Surfistas formados pela concepção romântica e poética do surf.
Existe no desenho a clara preocupação com o surf enquanto uma concepção estética, enquanto conceito filosófico (de liberdade), em confronto com a sua profissionalização. E este dilema - que se aplica a quase tudo – é apresentado para crianças, quando poucos adultos o compreendem.
Existem competições de poesia?- Sim. Mas arrisco-me a dizer que um poeta que escreva um poema pensando em seus resultados “olímpicos” jamais poderia redigir qualquer poema vencedor para um júri de poetas. Mas é certo que existe a arte voltada para o consumo. Ou não?
O judô de academias de fundo de quintal, de mestres contemplativos, lapidadores de seres humanos e atletas, perde sim, certo espaço neste mundo cada vez mais rápido e ambicioso. Mas, vez ou outra, grandes atletas surgem nestas searas, e resistem a tentação de se transferirem para centros de treinamento.
A flexibilidade sobre as ondas, os tatames e o papel, aponta para permanência do romance. Porque alguns judocas, surfistas e poetas continuarão ainda que solitários, esta travessia custosa da contemporaneidade.
JUDÔ, SURF E POESIA
Para os que não conhecem o judô, o surf e a poesia, pode ser difícil ver o que os separa, ou o que os une. Assim, para dar início a reflexão, vale buscar elementos destas três culturas, tão distantes e tão iguais, que certamente poderão surpreender a alguns.
O judô passa por momento de grande mudança em sua história. Está iniciando a fase da profissionalização. Grandes clubes, patrocinados por empresas. Preparadores físicos, nutricionistas, fisioterapeutas e atletas pagos. Objetivo: - a vitória.
A poesia tem torneios internacionais, mais freqüentes que os de judô. Onde os autores das “melhores obras” são freqüentemente premiados em moeda.
Mas é do surf que vem a nossa reflexão. Há algum tempo os surfistas fizeram uma distinção interessante entre o "material surf" das grandes competições, e o "spiritual surf", que dizia respeito ao prazer puro e simples de surfar. E mais, a superioridade desta razão (espiritual) para formar grandes atletas.
O debate emerge no desenho animado “Tá Dando Onda (Surf’s Up - EUA/2007)”, que afirma a superioridade do "spiritual surf" e de atletas formados sem preocupação com stress dos resultados competitivos. Surfistas formados pela concepção romântica e poética do surf.
Existe no desenho a clara preocupação com o surf enquanto uma concepção estética, enquanto conceito filosófico (de liberdade), em confronto com a sua profissionalização. E este dilema - que se aplica a quase tudo – é apresentado para crianças, quando poucos adultos o compreendem.
Existem competições de poesia?- Sim. Mas arrisco-me a dizer que um poeta que escreva um poema pensando em seus resultados “olímpicos” jamais poderia redigir qualquer poema vencedor para um júri de poetas. Mas é certo que existe a arte voltada para o consumo. Ou não?
O judô de academias de fundo de quintal, de mestres contemplativos, lapidadores de seres humanos e atletas, perde sim, certo espaço neste mundo cada vez mais rápido e ambicioso. Mas, vez ou outra, grandes atletas surgem nestas searas, e resistem a tentação de se transferirem para centros de treinamento.
A flexibilidade sobre as ondas, os tatames e o papel, aponta para permanência do romance. Porque alguns judocas, surfistas e poetas continuarão ainda que solitários, esta travessia custosa da contemporaneidade.
Se não fosse por nada, apenas para que a eternidade e o viço dos jardins de alma lançasse o desafio àqueles que resumem a vida à mercancia árida, pelo judô, pelo surf e pela poesia que necessária a tudo...
* O Autor é advogado, vice-presidente da Federação Mineira de Judô.
* O Autor é advogado, vice-presidente da Federação Mineira de Judô.
Li e me encanto.
ResponderExcluirClaro como a luz do dia um advogado, vice presidente da Federação Mineira de Judô é poeta "para que a eternidade e o viço dos jardins lance um desafio àqueles que resumem a vida à mercância árida."
Devo abrir um blog pela poesia avulsa em meus cadernos de professora que precisa e muito da poesia, da advocacia e das artes marciais para a custosa travessia dessa dita contemporaneidade.
Domingos,
ResponderExcluirtenho lido seus textos poéticos e com toda a dificuldade que trago com o uso da internet, senti-me encorajada a criar um blog para a poesia envergonhada e tímida contida e retida em meus velhos manuscritos. Com a leitura dos seus textos, ganhei um pretexto para também compartilhar os meus e acreditar na poesia como necessária a tudo. Estou postando meus comentários com anônima e espero que não se importe com meu anonimato, estratégia dos envergonhados(as)e tímidos(as). Lenta e desconfiada, o trabalho de criar um blog iniciei. Estarei feliz em comunicar, publicar, postar o que penso, o que sinto ou pressinto como elo significativo entre nós: a prosa e a poesia.
Beijos