terça-feira, dezembro 26, 2006

Saliva de Cobra por Agostina


SALIVA DE COBRA
Agostina

A serpente
rasteja pelo presépio.
Três reis se aproximam
trazendo versos:
Lorca conduz formigas,
lobos, sapos e o touro.
Fernando Pessoa
- ajeitando o chapéu -
traz uma chuva oblíqua.
Victor Hugo vem devagar
com um fardo de desejos
para distribuir.
Os animais observam
a manjedoura cheia de sílabas.
Os sonhos se misturam ao feno
para alimentar o que nascerá.
A noite se espalha imponderável
sobre as sobras do ano que se esvai.
O fim se aproxima.
Maiakóvski entra,
arrastando uma estrela
para colocar sobre a árvore:
É Natal

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