28/09/2006 - 10h11
Judocas da seleção brasileira "esquecem" Pan por Mundial
Fernanda Brambilla
Em São Paulo
Questionado sobre a expectativa para 2007, qualquer judoca da equipe brasileira logo vai falar em treinos intensos e preparação. Certamente dirá que é uma grande oportunidade de representar o país em uma competição de nível internacional, e que conta com o apoio da torcida e com a vantagem de lutar em casa. Afinal, em 2007 o Rio de Janeiro será sede... do Mundial de judô.
Fala-se muito no Pan, mas meu sonho sempre foi, desde criança, participar de uma Olimpíada e de um Mundial", afirma Leandro Guilheiro, que já tem meio caminho andado. Em Atenas 2004, conquistou o bronze."Tenho confiança de que o nosso será um grande Mundial, que será um grande evento que dará notoriedade ao judô brasileiro", torce o judoca. A base de compearação também ajuda. "No ano passado, no Cairo, a estrutura era precária, o lugar era sujo, foi horroroso. Nada pode ser pior do que aquilo." Após ter viajado para o Mundial de equipes em Paris como convidado, o meio-pesado Luciano Corrêa é um dos mais otimistas. "Este ano tivemos o exemplo do basquete, que teve o apoio da torcida aqui em seu Mundial. No ano que vem, teremos a mesma recepção", anima-se Correa. "Quem sai ganhando é o judô brasileiro, que fica mais forte."
Mas, e o Pan? Questionado sobre os Jogos, marcados para um mês antes do Mundial, também no Rio, o veterano Mário Sabino não esconde o cansaço. Não pelas duas horas de treinamento que tinham terminado minutos antes, mas da pergunta. "Há uma inversão de valores pela imprensa, que prefere o Pan, mas para nós, o Mundial conta muito mais", responde Sabino, que dispara a crítica. "A gente escuta desde já sobre o Pan, que temos ir bem para "fazer bonito" por causa do COB (Comitê Olímpico Brasileiro)." Medalhista Olímpico em Atenas-04 e figurinha carimbada nos últimos pódios Pan-Americanos - bronze em Mar del Plata-05, prata em Winnipeg-99, ouro em Santo Domingo-03 -, Flávio Canto é mais político.
"Há uma inversão de valores pela imprensa, que prefere o Pan, mas para nós, o Mundial conta muito mais", responde Sabino, que dispara a crítica. "A gente escuta desde já sobre o Pan, que temos ir bem para "fazer bonito" por causa do COB (Comitê Olímpico Brasileiro)." Medalhista Olímpico em Atenas-04 e figurinha carimbada nos últimos pódios Pan-Americanos - bronze em Mar del Plata-05, prata em Winnipeg-99, ouro em Santo Domingo-03 -, Flávio Canto é mais político.
"O Pan ganha status por ser aqui. Aumenta o interesse pelo esporte e é muito importante principalmente a longo prazo, para as gerações que estão começando", filosofa.Hora da transição para veteranos
Essas novas gerações, inclusive, terão as últimas oportunidades para assistir aos ídolos no Rio de Janeiro. Após uma trajetória de vitórias para o judô brasileiro, veteranos como Flávio Canto, 31, e Mário Sabino, 34, já pensam na vida pós-tatame."Está chegando a hora da famosa transição", brinca Canto. "Atleta vive síndrome de Peter Pan, nunca pensa no depois, mas eu já tenho minha fundação e hoje mesmo o judô já é secundário", conta o judoca.Tão secundário que até mesmo a conquista olímpica tem menos valor. "Depois que você descobre como mudar a vida das pessoas com o esporte, a sua conquista parece menor", afirma Canto, que ainda prefere não marcar a despedida. "Prefiro ser imediatista, não quero ficar pensando demais."
Grande ícone da geração 2004, Canto assegura ter confiança de que os novos nomes da seleção manterão a rotina de bons resultados. "O judô tem muitas flechas, o que é um grande trunfo nosso. Uma delas eu sei que sempre vai acertar."Já Mário Sabino, capitão da seleção brasileira, já tem planos definidos. "Vou fechar o ciclo olímpico e, após Pequim, quero seguir no judô, mas do lado de fora do tatame", afirma o judoca que participou da seletiva para as Olimpíadas de Barcelona-92.
Fonte: UOL Esporte - São Paulo, SP, Brazil - http://esporte.uol.com.br/
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