Soneto XXII
Cláudio Manuel da Costa
Noite produz a imagem do segredo;
Em que apenas distingue o próprio medo
Do feio assombro a hórrida figura; Aqui, onde não geme, nem murmura
Zéfiro brando em fúnebre arvoredo,
Sentado sobre o tosco de um penedo
Um rio fecundou, donde manava
D’ânsia mortal a cópia derretida: A natureza em ambos se mudava;
Abalava-se a penha comovida;
Fido, estátua da dor, se congelava.
(in Lisboa,Livraria Bertrand, s.d. Texto conforme a edição de 1768) Esse é um dos cem sonetos que formam a primeira parte das Obras, publicadas em 1768, na cidade de Coimbra. Para muitos críticos, a produção mais significativa de Cláudio Manuel está de fato nessas composições, que se dividem em pelo menos três séries. A primeira descreve as angústias amorosas e a morte do pastor Fido; os poemas da segunda série tratam do dilema rústico-civilizado; e, ligado às duas séries anteriores, aparece a terceira com o tema da "tristeza da mudança das coisas em relação aos estados de sentimento", conforme as palavras de Antonio Candido. A composição acima, uma das mais perfeitas do livro, pertence sem dúvida à primeira categoria.
.. muito bom, mas complementem mais,,,.. colocando a analise metrica... critica,
ResponderExcluirenfim... tudo que um estudande perquizador procura!