sábado, julho 01, 2006

Soneto - Luís Vaz de Camões


Soneto
A formosura desta fresca serra
e a sombra dos verdes castanheiros,
o manso caminhar destes ribeiros,
donde toda a tristeza se desterra;
o rouco som do mar, a estranha terra,
o esconder do sol pelos outeiros,
o recolher dos gados derradeiros,
das nuvens pelo ar a branda guerra;
enfim, tudo o que a rara Natureza
com tanta variedade nos oferece
me está, se não te vejo, magoando.
Sem ti, tudo me enjoa e aborrece;
sem ti, perpetuamente estou passando
nas mores alegrias mor tristeza.

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