segunda-feira, julho 24, 2006

O MARTÍRIO DO LÍBANO


O martírio do Líbano
Como pesadelo recorrente, estamos assistindo agora ao massacre desta Nação sofrida e martirizada
Arthur J. Almeida Diniz - Professor de direito internacional da UFMG

O Líbano é um Estado situado no Oriente Médio, banhado pelo Mediterrâneo com área de 10.400 km2 e 3.556 mil habitantes duas vezes menor do que o Estado de Israel (20.700km2). Região fértil, de cultura milenar, este pequeno país esteve sob domínio assírio, egípcio, persa, babilônico e grego. Sua história remonta a milênios. Sem mencionarmos sofrimentos passados, convém lembrar a tragédia da guerra civil que durou de 1975 a 1990. Como pesadelo recorrente, estamos assistindo agora ao massacre desta Nação sofrida e martirizada. Números e estatísticas de civis mortos e quarteirões inteiros arrasados não nos interessam agora. O maior problema é compreender-se a razão de tanto ódio, de tanto rancor. Judeus e árabes integram a multimilenar cultura semita. Os judeus são nossos irmãos mais velhos, único povo da antigüidade que foi fiel ao Deus Único. Somos nós todos, judeus, cristãos e muçulmanos os filhos do Deus de Abraão, Isaac e Jacó. É inútil buscar explicações políticas, geopolíticas, econômicas ou religiosas. Em Allan Kardec (1804-1969), Freud (1856-1939) e Jung (1875 -1961) temos as chaves para a compreensão desses conflitos. Inicialmente, não somente sofrem os libaneses esses horrores de uma agressão inútil, vingativa, fruto de um comportamento infantil, primitivo. Sofrem os israelenses moderados, equilibrados, que convivem pacificamente com seus irmãos árabes. Entretanto são vítimas da esquizofrenia sionista. Não podemos confundir Israel, seu povo sofrido, com a demência sionista. Leia-se a respeito o livro seminal de Avi Shlaim, A muralha de ferro (Rio de Janeiro: Fissus 2004), onde está descrita fantasia sionista da “muralha de ferro”, segregação psicótica do mundo árabe, criando-se até um muro separando palestinos de judeus. É a epítome do comportamento sociopata. Denomino-o de complexo (no sentido freudiano) de Massada. Esta fortaleza, situada na margem ocidental do Mar Morto, foi o último bastião da revolta judaica contra o poder de Roma, terminando pelo suicídio coletivo de seus defensores,tendo resistido de 66 a 73 de nossa era. Hoje,visitamos apenas os vestígios e as ruínas do palácio de Herodes. Sem falarmos na destruição do Templo de Jerusalém e a dispersão do povo judeu pelo Império Romano. Quando Jung se referiu aos arquétipos, isto é, modelos arcaicos de vidas passadas que se refletem na nossa estrutura psíquica, estava, discretamente, se referindo à palingenesia, isto é, à reencarnação. Reencarnados estão todos os personagens dessa história sangrenta. Aí reside a chaga do Islã aberta pela pilhagem das Cruzadas. Compreende-se, assim, a desconfiança atual do mundo árabe ante o que convencionou-se chamar de civilização ocidental. O comportamento atual dos lideres israelenses, com raras e lúcidas exceções, é o mesmo comportamento insano e arrogante dos fariseus revoltados contra a dominação romana. Há muito mais para se refletir.

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