A Átis
Safo
Safo
Tradução de Décio Pignatari
Não minto: eu me queria morta.
Deixava-me, desfeita em lágrimas:
"Mas, ah, que triste a nossa sina!
Eu vou contra a vontade, juro,
Safo". "Seja feliz", eu disse,
"E lembre-se de quanto a quero.
Ou já esqueceu? Pois vou lembra-lhe
os nossos momentos de amor.
Quantas grinaldas, no seu colo,
— Rossas, violetas, açafrão
— Trançamos juntas! Multiflores
Colares atei para o tenro
Pescoço de Átis; os perfumes
Nos cabelos, os óleos raros
Da sua pele em minha pele!
[...]
Cama macia, o amor nascia
De sua beleza, e eu matava
A sua sede" [...]
Cai a lua, caem as Plêiades e
É meia-noite, o tempo passa e
Eu só, aqui deitada, desejante.
— Adolescência, adolescência,
Você se vai, aonde vai? — Não volto mais para você,
Para você volto mais não. 31 Poetas, 214 Poemas, Companhia das Letras, 1996 - S.Paulo, Brasil
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