terça-feira, junho 20, 2006

NENHUM DIA - Natália Possato


Nenhum Dia
Natália Possato
Nenhum dia é igual
Muda a um beija flor que pousou na rosa
A um velho que passou na rua
E você nem notou
Mergulhado no seu mundo medíocre
Há um mundo que gira
Você não vê... está parado
Quando você corre, vê o mundo passando.
Quando você dorme, vê seu mundo acabando.
Não há promessas, não há certezas
Há só você e um mundo
de possibilidades e caminhos.
Há também o risco.
A dúvida.
O medo.
A beleza.
A magia.
Há o tudo.
Há o nada.
E a vontade de ficar no meio.
No meio só se for no circo, andando na corda bamba
E sem cama elástica embaixo pra te segurar.
Ah, e com o nariz do palhaço.
Mas sem a malícia dele.
E o coração do menino que assiste o espetáculo pela primeira vez
Comendo algodão doce e dizendo: mãe, compra bala pra mim!!!
Há o circo.
Há o mar.
O arranha céu.
Arranha e enfeia.
Mas há sempre um caloroso espetáculo.
E o coração do menino.
Um dia o mar vai virar arranha céu.
Eu não quero estar aqui.
Se tiver, por favor, levem-me embora.
E se este dia for hoje?

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