sábado, novembro 13, 2010

A morte faz 70 anos: WALTER BENJAMIN

FIGURA RELEVANTE NO PENSAMENTO CONTEMPORÂNEO, O PENSADOR ALEMÃO DEIXOU UM TESTAMENTO FILOSÓFICO E PROFUNDA ADMIRAÇÃO DENTRO E FORA DAS UNIVERSIDADES

Na noite entre 26 e 27 de setembro, recorda-se os 70 anos da prematura morte, aos 48 anos, de um dos maiores pensadores do século 20, Walter Benjamin. Ele cometeu suicidou na fronteira entre França e Espanha, por onde tentava escapar com vistas a um embarque para os Estados Unidos, país em que já se encontravam vários intelectuais alemães que haviam conseguido escapar de uma Europa sob crescente domínio nazista. Entre tantos que se exilaram naqueles anos de guerra ou que a antecederam, como Thomas Mann, Fritz Lang e Hannah Arendt, estavam já do outro lado do oceano aqueles ligados ao Instituto de Pesquisa Social, embrião da Escola de Frankfurt, Max Horkheimer à frente. O Instituto, instalado junto à Universidade de Colúmbia, em Nova York, pagava mensalmente uma pequena bolsa a Benjamin, e foi responsável pela tramitação de um visto de entrada para a América. Sua fuga em direção a um porto do qual pudesse partir da Europa não era imotivada. Havia anos vivia na França, com muitas dificuldades materiais, e aquelas alturas, 1940, já com o país ocupado pelos nazistas, sua sobrevivência estava mais que ameaçada por sua condição de judeu, intelectual de esquerda e apátrida.

Benjamin escreveu um sem-número de textos publicados ou inéditos até anos depois de sua morte. Entre tantos, o inacabado livro ao qual se dedicara laboriosamente por mais de uma década, cujo tema são as grandes galerias urbanas do século 19, tal como a literatura, a fotografia e outras fontes as retrataram.

Estruturas de ferro, vidro e mercadorias, antecessoras dos shopping centers, elas ligam ruas, interiores, multidões, ordenando seus personagens: flâneurs, passantes, catadores de papel, passantes, jogadores, transeuntes, escroques, revolucionários, prostitutas, agitadores e todos os que circulam no ritmo frenético ou em sua direção oposta: se o amor na cidade é “à última vista”, porque seu objeto não será reencontrado, o flâneur leva sua tartaruga de estimação ao passeio, de forma que, com ela, possa propor a experiência da lentidão dos passos e da vagareza do olhar.

Esse livro jamais escrito, que hoje conhecemos como “Passagens”, é a reunião post mortem de fragmentos montados cinematograficamente, em parte organizados em seções, sobre a modernidade e suas formas objetivas e subjetivas de existência, experiência que encontra sua expressão, por excelência, em uma cidade, Paris, chamada por ele de “capital do século 19”. Junto com esses fragmentos, Benjamin deixou um último texto com 18 teses, intitulado “Sobre o Conceito de História”, marco metodológico para aquela obra, conhecido apenas muitos anos depois de sua morte. Os dois trabalhos formam parte importante de seu involuntário testamento filosófico.

ALEXANDRE FERNANDEZ VAZ

*Alexandre Fernandez Vaz é professor da UFSC e pesquisador do CNPq.Bibliografia fundamental

ESCRITOS POR BENJAMIN

“Passagens; Ensaios Reunidos: Escritos sobre Goethe”; “Obras Escolhidas 1: Magia e Técnica, Arte e Política”; “Origem do Drama Trágico Alemão”; “Reflexões sobre a Criança, o Brinquedo e a Educação”.

ESCRITOS SOBRE BENJAMIN

“Dialética do Olhar” (Susan Buck-morss); “História e Narração em Walter Benjamin” (Jeanne-Marie Gagnebin); “Costelações. Crítica e Verdade em Benjamin e Adorno” (Lucianno Ferreira Gatti); “A Atualidade de Walter Benjamin e de Theodor W. Adorno” (Márcio Seligmann-Silva).

FONTE: A NOTÍCIA
http://www.clicrbs.com.br/
EM: http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a3051900.xml&template=4187.dwt&edition=15577&section=1361

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