14.09.2010 - 16:05
Por Luís Miguel Queirós
Fechada há três anos para obras de renovação, que custaram perto de dez milhões de euros, a Biblioteca do Vaticano reabre as portas na próxima segunda-feira, para alívio dos muitos investigadores que se viram privados do acesso àquela que é considerada a mais valiosa colecção de manuscritos do mundo.
As intervenções incluíram o reforço das fundações, mas também uma série de inovações tecnológicas, incluindo um sistema de monitorização dos livros através de “chips”, para garantir que estes não são levados para fora das zonas de consulta. A introdução de sistemas de segurança mais sofisticados era há muito considerada indispensável, já que se conhecem vários casos de roubos perpetrados no interior da biblioteca.
Em meados dos anos 1990, um historiador de arte norte-americano, Anthony Menikas, foi detido após ter vendido a um alfarrabista duas páginas que rasgara de um manuscrito da Biblioteca do Vaticano, uma cópia do Código Justiniano que pertencera ao poeta renascentista Francesco Petrarca.
Para lá da intervenções menos visíveis, as obras incluíram ainda a construção de uma torre de tijolo no pátio interior da biblioteca, que outrora integrava o famoso Cortile del Belvedere, projectado no início do século XVI pelo arquitecto Donato Bramante. A nova construção destina-se a encobrir um elevador e uma escadaria de acesso à caixa-forte onde se conservam os manuscritos.
Apesar de o encerramento da biblioteca ter provocado muitos protestos da parte de investigadores de todo o mundo, as obras cumpriram escrupulosamente os prazos previstos e ofereceram aos utentes alguns inovações úteis, como a possibilidade de ligarem os seus computadores à rede da biblioteca ou encomendarem reproduções fotográficas de documentos a partir de casa.
Mas a Biblioteca do Vaticano continua a ter especificidades que a distinguem das grande bibliotecas públicas. Desde logo, é necessária uma autorização especial para a consultar “in loco”, de que beneficiam anualmente cerca de cinco mil académicos. E não se pode entrar nas salas de leitura com quaisquer instrumentos de escrita ou, por exemplo, com uma simples garrafa de água. O Vaticano conserva muitos documentos que não estão disponíveis para nenhum investigador exterior à instituição e que se encontram no seu célebre arquivo secreto.
Entre as muitas preciosidades da biblioteca, algumas das mais famosas são dois manuscritos de obras do poeta romano Virgílio e os chamados Papiros Bodmer, recentemente oferecidos ao Vaticano pelo filantropo católico norte-americano Frank J. Hanna, uma cópia parcial dos evangelhos de Lucas e João, que terá sido manuscrita no iníciuo do século III.
FONTE: Público.pt
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