Nova editora aposta em textos jornalísticos e estudos literários
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Na cultura oriental, bazar é um tradicional espaço de intercâmbios mas, ao contrário do Ocidente, onde as trocas são puramente comerciais, lá há também a socialização da cultura. Foi baseado nessa filosofia que nasceu a Tinta Negra Bazar Editorial, pequena editora que abre oficialmente suas portas esta semana com grandes ideias: apostar no garimpo de joias pequenas no formato, mas infinitas na qualidade.
"Perseguimos textos e autores interessantes e de nível, que sejam independentes do mainstream da literatura universal", explica a editora Michelle Strzoda. "Uma de nossas metas é resgatar autores brilhantes, muitos inéditos por aqui, outros que estão no ostracismo, bem como textos perdidos. Além disso, vamos privilegiar nichos como literatura hispano-americana, Leste Europeu e uma linha de pensamento, filosófica."
Para marcar sua presença, a Tinta Negra lança seis volumes, dos quais "Lugar" (112 págs., R$ 29), romance de estreia do mineiro Reni Andrade, será lançado nesta 5ª feira (28), a partir das 19 horas, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Trata-se de uma narrativa nebulosa e envolvente em torno de quatro gerações de uma mesma família que convivem com a recusa da memória. O estranhamento inicial, provocado por experimentos linguísticos que transformam as palavras e rompem com regras gramaticais, logo é transformado em sedução, alimentada pela dissecação tanto da palavra como das relações daquela família.
A primeira fornada da Tinta Negra traz ainda "Contos Mais Que Mínimos", coletânea de pequeninos textos da jornalista e escritora Heloisa Seixas; "O Livro da Metaficção", obra de teoria literária de Gustavo Bernardo; "A Vida Literária no Brasil Durante o Romantismo", de estudo do pesquisador Ubiratan Machado; "Comida e Filosofia", primeiro volume da coleção "Trilogia de Epicuro", sobre filosofia e gastronomia e que traz apresentação da chef Roberta Sudbrack; e "Metendo o Pé na Lama", relato pessoal sobre como foi o primeiro Rock in Rio, em 1985, assinado por Cid Castro, publicitário que criou a famosa marca do festival.
A união de textos jornalísticos com estudos literários e culturais vai orientar os passos da Tinta Negra, garante Michelle, apostando especialmente na perenidade dos ‘long sellers’. (Ubiratan Brasil - AE)
FONTE: Jornal Cruzeiro do Sul
http://www.cruzeirodosul.inf.br/