quinta-feira, novembro 26, 2009

Respostas do cérebro à dor física mais rápidas do que à dor mental


Respostas do cérebro à dor física mais rápidas do que à dor mental

As respostas do cérebro à dor física surgem e desaparecem mais rapidamente do que as respostas à dor mental, segundo um trabalho do neurocientista português António Damásio, apresentado quarta-feira em Viseu, avança a agência Lusa.

António Damásio, que está radicado nos Estados Unidos da América, enviou para Viseu um trabalho sobre "Emoções e sentimentos" para ser lido nas V Conferências Internacionais de Filosofia e Epistemologia do Instituto Piaget, que terminaram quarta-feira.

"As respostas à dor física não só surgem mais rápido, como se dissipam mais rápido. As respostas à dor mental demoram mais tempo a estabelecer-se, mas também demoram mais tempo a dissipar", refere o professor da Universidade do Sul da Califórnia no seu texto, que foi sintetizado por Edmund T. Rolls, do Centro de Neurociência Computacional de Oxford.

António Damásio explica que, por exemplo, "a compaixão pela dor física evoca respostas mais rápidas na região do córtex insular (do cérebro) do que a compaixão pela dor mental".

Esta foi uma das hipóteses que viu confirmada num estudo que desenvolveu com Hanna Damásio e Mary Helen Immordino-Yang, no qual diz terem tido um "vislumbre" do que se passa no cérebro quando uma pessoa sente admiração e a compaixão.

António Damásio considera que a admiração e a compaixão são duas das mais notáveis "emoções sociais", um grupo de emoções onde inclui também o embaraço, a vergonha, a culpa, o desprezo, o ciúme e o orgulho.

"Estas emoções são realmente provocadas em situações sociais e certamente desempenham papéis fundamentais na vida dos grupos sociais", refere, dizendo ser importante, neste âmbito, perceber se admiração e compaixão são diferentes e as regiões do cérebro com elas relacionadas.

Outra das conclusões a que chegaram (e que não previam) é que "a região do PMC (postero-medial córtex) que estava mais activa em situações de admiração por perícias e compaixão por dor física, era perfeitamente distinta da parte do PMC mais relacionada com a admiração por actos virtuosos e a compaixão por dor mental".

António Damásio, para quem a emoção é "um programa de acções", é autor de obras como "O erro de Descartes" e "Ao encontro de Espinosa".

O português foi um dos autores estudados durante três dias nas V Conferências Internacionais de Filosofia e Epistemologia do Instituto Piaget, a par do ensaísta George Steiner (que se deslocou a Viseu), do filósofo Espinosa e do escritor Miguel Torga.
2009-11-26 09:28

FONTE: RCM Pharma

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