quarta-feira, novembro 25, 2009

Asterix e Obelix ganham álbum em comemoração aos 50 anos


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Asterix e Obelix ganham álbum em comemoração aos 50 anos
Pedro Brandt
Publicação: 22/11/2009 14:38

Atualização: 22/11/2009 15:48
Ao contrário do imperador romano Júlio César, Asterix nunca almejou a conquista global. Ainda assim, cinco décadas depois do surgimento do personagem, o baixinho gaulês e seu companheiro de aventuras, o grandalhão Obelix, são — junto com Tintim — o maior fenômeno de popularidade das histórias em quadrinhos franco-belgas(1). Ao longo de 50 anos, foram mais de 30 álbuns (publicados em dezenas de idiomas e países), oito animações em longa-metragem, três filmes com atores, um parque de diversões temático (localizado a 30 km de Paris), camisetas, brinquedos e diversos outros produtos.

O cinquentenário ganhou homenagem em quadrinhos: O aniversário de Asterix e Obelix — O livro de ouro, título que a editora Record colocou este mês nas lojas. Ao longo de 50 páginas, o leitor é levado a revisitar cenários e passagens marcantes da série, reencontrar coadjuvantes e, claro, outros habitantes da aldeia gaulesa, como o cãozinho Ideafix, o druida Panoraix, o chefe da tribo Abracurcix, o bardo insuportável Chatotorix e tantos outros.

Mas O livro de ouro não é exatamente uma retrospectiva. O roteiro trabalha em cima de divagações dos personagens de como Asterix e cia. seriam se transformados em astros do cinema e da música, capas de revistas de celebridade e obras de arte em museu (neste caso, são apresentadas algumas paródias feitas em cima de quadros famosos).

Por Tutatis!

Em outubro de 1959, chegava às bancas de jornais da França o número um da revista Pilote. Na mesma edição, o desenhista Albert Uderzo e o roteirista René Goscinny (idealizadores da publicação) estreavam suas novas criações: um guerreiro baixinho e narigudo, de capacete emplumado chamado Asterix e seu inseparável amigo Obelix, um rotundo e desastrado carregador de pedras. Não demorou muito para os valentes heróis conquistarem a simpatia dos leitores a alçarem voos mais altos.

Durante 18 anos, a receita do sucesso das histórias de Asterix foi a parceria entre Goscinny e Uderzo. Vivíssimo, o traço do desenhista salta aos olhos na construção de cenários, na narrativa e no uso de recursos gráficos. O escritor criava roteiros aventurescos repletos de tiradas cômicas envolvendo eventos históricos e fazendo graça — mas sem cair no preconceito — das idiossincrasias, costumes e estereótipos (sempre com alusões a eventos contemporâneos) dos países visitados pelos heróis gauleses. Obelix imortalizou frases como “por Tutatis!” ou “esses romanos são loucos!”.

Asterix e Obelix (e, claro, o fiel Ideafix) nunca recusam uma boa aventura ou o pedido de ajuda de um amigo, seja compatriota ou estrangeiro, o que justifica suas constantes viagens. Todas as histórias se passam no ano 50 antes de Cristo, quando a Gália (região que deu origem a França) está ocupada por tropas romanas. A resistência é representada pela aldeia liderada por Abracurcix. Lá, os guerreiros vivem tranquilos, caçando javalis e festejando. Em combate, contam com uma vantagem: a poção mágica preparada por Panoraix. Ela confere força sobreumana a quem a bebe (Obelix caiu em um caldeirão da mistura quando criança, daí sua força).

Criador de outros personagens de destaque, como Lucky Luke e Pequeno Nicolau, René Goscinny morreu aos 51 anos, em 5 de novembro de 1977. Depois de 24 títulos (lançados a partir de 1961), o futuro da série Asterix era incerto. Mas Uderzo decidiu ficar responsável pelos roteiros e deu continuidade à obra criada com o amigo. Sozinho, o desenhista já assinou dez álbuns.

Mas, consenso entre os leitores, muito da graça das histórias se perdeu com a morte do roteirista original. E em O aniversário de Asterix e Obelix — O livro de ouro não é diferente. O título é protocolar cartão de feliz aniversário, sem o humor nem o vigor de obras anteriores. Mais bem sucedido é o álbum Asterix e seus amigos, lançado ano passado em homenagem aos 80 anos de Uderzo e com a participação de vários autores contribuindo com versões para os personagens criados pela dupla.

Perto de se aposentar das HQs (o que vinha planejando há anos), Albert Uderzo recentemente anunciou à imprensa europeia seus substitutos na continuação de Asterix: Régis Grébent e os irmãos Frédéric e Thierry Mébarki. Fica a dúvida se o trabalho da nova equipe estará mais próximo do feito por Goscinny ou Uderzo. Independentemente disso, a qualidade e o alcance do legado da dupla está aí para quem quiser ler.

1- Loucos por HQsNações vizinhas, França e Bélgica compartilham o amor pelas histórias em quadrinhos (em francês, bande dessinée, ou BD — chamada de banda desenhada em Portugal) e formam o principal polo de produção e consumo de HQs da Europa.

Asterix em números

# No Brasil, os títulos da série Asterix somam quase 3 milhões de exemplares vendidos.

# No mundo, são 325 milhões de exemplares em 107 idiomas.

# A Record pública Asterix desde 1983 e colocou no mercado 42 títulos da série: 34 álbuns em quadrinhos e 8 livros ilustrados.

# No Brasil, o álbum O grande fosso (1980) é o campeão de vendas, com 130 mil exemplares vendidos.

FONTE (foto incluída): Correio Braziliense

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