ENCONTRO
Durante séculos, os judeus permaneceram dispersos como minoria, resistindo à assimilação, à conversão forçada e mantendo a sua identidade como nenhum outro povo na história da humanidade.
A identidade e o tempo
A Federação Israelita do Rio Grande do Sul reúne intelectuais, como Moacyr Scliar, Regina Zilberman, Celso Gutfriend, Cláudio Levitan, Clara Pechansky, entre outros, no projeto “Diálogos sobre a Cultura 2009 – Passado, Presente e Futuro”
Durante séculos, os judeus permaneceram dispersos como minoria, resistindo à assimilação, à conversão forçada e mantendo a sua identidade como nenhum outro povo na história da humanidade.
Ao manter a sua identidade com uma extraordinária criatividade, sempre encontraram respostas a todas as crises através da renovação e buscando descobrir em si mesmos uma incrível força espiritual.
A continuidade, durante os 5769 anos de sua história, e a constante contribuição para a formação do pensamento moderno persistiram apesar de todas as adversidades enfrentadas, desde hostilidade, preconceito, ódio, exclusão e até o extermínio de um terço de seu povo.
Os judeus sempre contribuíram para o crescimento das comunidades nas quais viveram, posicionando-se orgulhosamente à frente dos movimentos de defesa da democracia, dos direitos humanos, lutando em busca da qualidade da educação, da convivência pacífica, da tolerância, da solidariedade, da responsabilidade social e mantendo a tradição dos ensinamentos judaicos aos seus filhos.
Da mesma forma, atuaram e distinguiram-se em todas as áreas do conhecimento, tanto nas artes e ciências humanas quanto na medicina e na pesquisa científica.
O mais importante filósofo judeu da Idade Média, Maimônides, afirmava que os grandes males que os homens causam uns aos outros têm origem na ignorância, na falta de conhecimento, enquanto Albert Einstein considerava como um dom do destino a sua pertença ao povo judeu , destacando as tradições judaicas da paixão pelo conhecimento em si mesmo e da justiça até o fanatismo.O esforço por manter os ideais judaicos sempre foi e continuará sendo uma forma de tornar o mundo mais humano e tendo plena consciência de que a diversidade, o pluralismo, a democracia e a paz são inerentes à essência judaica.
Ao fortalecer a própria identidade, criamos uma forma de viver harmonicamente em um mundo pluralista, globalizado, com culturas sem fronteiras e caracterizado pela diversidade, contribuindo para a consolidação de uma sociedade mais justa, tolerante, solidária e democrática.
Uma maior conscientização sobre a importância das manifestações culturais das diversas etnias contribui para o enriquecimento de toda comunidade. Quanto maior o conhecimento e a preservação da memória cultural de um povo, maiores as chances de construir um futuro melhor.Os imigrantes judeus que aqui chegaram, há mais de 100 anos, nunca se cansaram de repetir a seus filhos e netos sobre a importância de terem sido recebidos com hospitalidade e tolerância. Conseguiram manter a sua identidade judaica e ao mesmo tempo absorveram os costumes locais, fortalecendo e consolidando a sua identidade gaúcha e brasileira.
Estavam conscientes de que a continuidade judaica está diretamente vinculada aos importantes princípios judaicos da responsabilidade coletiva e da transmissão dos valores éticos e morais às novas gerações.
A partir da chegada dos primeiros imigrantes judeus ao Rio Grande do Sul, foram criadas diversas entidades comunitárias voltadas para a área da educação, cultura, esporte, religião, beneficência, visando facilitar e auxiliar na absorção e adaptação à nova realidade e , ao mesmo tempo, preservando a identidade judaica de seus membros. Hoje a comunidade judaica do Rio Grande do Sul é engajada atuante e vibrante.
As várias entidades judaicas atualmente existentes são representadas pela Federação Israelita do RS, e dentre os vários princípios que a norteiam e permanentemente acompanham seus integrantes estão os conceitos de “comunidade”, “ diálogo” e “cultura” .
No entender do grande filósofo judeu Martin Buber, a comunidade é a união de homens ligados pela própria essência, que resulta de um processo natural, e não imposto, e que tem por base a sua origem comum e seus costumes.
Segundo ele, a comunidade surge quando pessoas se inter-relacionam no diálogo e todos estão integrados num centro ativo, podendo a comunidade, a partir da relação entre duas ou algumas pessoas, tornar-se o fundamento da vida em comum de muitas pessoas.
Através da criação cultural, afirmamos nossa identidade, fortalecemos nossa autoestima e garantimos a perenidade da identidade. As experiências milenares do povo judeu continuam sendo fonte inesgotável para manifestações culturais, sempre renovadas e atualizadas, que refletem não somente a temática judaica, mas sim expressam a temática universal. Assim, a psicanálise pode ser vista como a maneira com a qual Freud assume seu papel de judeu no Ocidente, fora do judaísmo, estando, no entanto, sua obra impregnada da ética hebraica e sendo parte integrante da cultura judaica.
Pensando e planejando o futuro, o Conselho de Cultura da Federação Israelita do Rio Grande do Sul estará promovendo em Porto Alegre, a partir desta segunda-feira, o 1Oº Seminário sobre a Cultura da Comunidade Judaica do Rio Grande do Sul (informações 051-3019-4700).
Sob o título Diálogos sobre Cultura 2009 – Passado, Presente e Futuro, serão apresentados relatórios das atividades culturais das diversas entidades judaicas e debatidos projetos futuros. A partir do dia 10 de agosto, será abordada por consagrados intelectuais e artistas da comunidade judaica gaúcha a presença judaica nas artes visuais, teatro, cinema, música, dança e literatura: no passado, no presente e no futuro. A iniciativa é inédita e certamente terá êxito.
*Diretora da Federação Israelita do RS e conselheira do ConCult – Conselho de Cultura da Federação.
ZERO HORA.com
MARILI BERG *
FONTE: Zero Hora
Muito boa esta matéria, já havia lido também!!!
ResponderExcluirhttp://blog.tiagopariz.com