sexta-feira, junho 19, 2009

Poesia neo-realista no museu com o crítico Fernando J. B. Martinho



Poesia neo-realista no museu com o crítico Fernando J. B. Martinho

Fernando J.B. Martinho, professor e crítico literário, foi o último convidado do Museu do Neo-realismo, em Vila Franca de Xira. Considerado um dos mais lúcidos e activos críticos de poesia, dos poucos que hoje ainda acompanham a publicação regular de poesia, Fernando Martinho foi ao museu explicar como nasceu a corrente neo-realista e a influência que os poetas portugueses sofreram dos autores espanhóis nomeadamente de Frederico Garcia Lorca.
Há muitos casos, como o de Arquimedes da Silva Santos (que estava na plateia), que escreveram na altura muitos poemas em castelhano. Se isto não prova tudo dá-nos pelo menos um sinal da influência dos espanhóis, nomeadamente do autor de Cancioneiro Cigano, livro que todos os poetas da altura transportavam debaixo do braço, explicou.
A diferença entre poesia neo-realista e poesia da resistência foi também explicada por Fernando J.B. Martinho que mostrou ser um dos mais lúcidos críticos da arte em que Manuel da Fonseca e Maria Dionísio fizeram a diferença.
O exemplo do poema A Bicicleta, que Luís Veiga Leitão, um resistente que escreveu na prisão decorando os versos por falta de papel e caneta, e a poesia de Armando César, um homem e poeta do regime que tentou colar-se ao movimento Neo-Realista, foram dois exemplos de como a literatura tem os ombros largos e a história não pode ser contada apenas por quem estuda nos manuais.
José Sousa, com apenas nove anos de idade é o mais jovem músico da banda da Sociedade Filarmónica União Samorense (SFUS) e estreou-se ao lado de Henrique Cardoso, que completa 70 anos após a primeira saída com a filarmónica. Os dois músicos foram distinguidos na sessão solene que no dia 10 de Junho encerrou as comemorações dos 88 anos de vida da mais antiga das colectividades da nova cidade de Samora Correia.
Na cerimónia foram ainda homenageados três músicos que completaram 25 anos de actividade, Rui Gaspar, Sérgio Cavaco e David Ramos. E o maestro Jaime Rego, que orientou a banda no passado recente, recebeu uma lembrança depois de um discurso emocionado.
A sessão solene distinguiu ainda os atletas que se destacaram nas várias modalidades e os sócios da SFUS com 25 e 50 anos de ligação à colectividade.
Os melhores alunos das escolas da freguesia receberam o Premio Professor João Fernandes Pratas numa cerimónia que juntou mais de duas centenas de pessoas.
Um museu neo-realista sem militância
A Abertura do museu do neo-realismo veio dar uma importância cultural a Vila Franca de Xira que não passa despercebida. O Museu é um grande espaço de cultura, está muito bem situado no coração da cidade, e o facto de manter um bar aberto, e um horário alargado para além do normal noutros museus portugueses, dá-lhe outra capacidade de atrair visitantes.
Não basta no entanto investir em programação e numa direcção que organize iniciativas. É preciso conquistar público. Com a mesma arte com que se gasta o orçamento do Museu a realizar exposições e conferências é preciso conquistar público para cada uma das iniciativas.
Compete ao director do Museu mobilizar agentes locais e nacionais, pessoas de e da cultura para fazerem do Museu também a sua casa. E isso faz-se com convites a personalidades, com inter-acção com as escolas, com grupos associativos, com convites a escritores, artistas plásticos e tanta gente que não só ama a cultura como gosta de ser chamada a participar.
A direcção do Museu do Neo-realismo, de qualquer museu do mundo, tem que ter gente e meios que valorizem o papel da instituição e dêm alma ás iniciativas.
Fernando J. B. Martinho, o último convidado, tinha uma dezena de pessoas a ouvi-lo. Sempre os mesmos disse alguém ao meu lado. Não é problema dos que lá foram e são sempre os mesmos. É problema dos que não vão lá e fazem falta.
David Santos, o director do museu, não deve sentir-se muito confortável a apresentar um convidado ilustre a uma plateia de uma dezena de pessoas. Por isso ficamos todos à espera que o seu eventual "desconforto" lhe espevite a imaginação e a vontade de mudar alguma coisa no seu trabalho diário, que é meritório mas tem esta pequena grande lacuna que, na nossa opinião, põe tudo em causa. A militância dos intelectuais do Neo-realismo, a quem o Museu é dedicado, é uma boa lição que não devemos esquecer por muito que custe arregaçar as mangas.
JAE

FONTE: O Mirante - Santarém,Santarem,Portugal

Um comentário:

  1. Caro Domingos,

    Deixei um premio para si na minha última postagem.

    Abracos

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