By: Dmitri Beryaki View Full Portfolio (16 images) ****************************************************
Uma cena de inverno?
Por Solange Rebuzzi para Anna Akhmatova
O mês de agosto de 2008 permaneceu o mesmo nas cenas televisivas. Os Jogos Olímpicos da China pouco ou muito pouco ofereceram.
Mas o tempo, na cidade do Rio de Janeiro, não evitou nenhuma catástrofe.
Escutei outro dia que “os vôos inventam o vento”. E na aliteração das consoantes da frase retirada de uma entrevista dada em língua francesa, pelo artista e divulgador de vídeo-poesia Giney Ayme, o nosso horizonte se acomoda?
As horas correm. Os minutos desaparecem. Os segundos ainda existem? A noção do Tempo moveu-se dos ponteiros dos relógios para as pontuações velozes de nossas falas. Agora, confirmamos a nossa ignorância a cada momento, na surpresa que nos constrange a vida. Inversamente, são as imagens que nos dão a certeza do vento?
Difícil antever uma cena. Quando olhamos no momento mesmo da imagem o instante corre. A apresentação do real é veloz. Não conseguimos percebê-la.
Neste outono-inverno carioca fluem os dias sem vagar. As ondas do mar estão ali perto. Mas o sonho desapareceu?
Exatamente como se fosse um filme de cinema mudo, poderíamos experimentar entrar e sair da tela de TV escolhendo outras cenas mais tranqüilas (ainda contendo alguma graça!). As seqüências que costuram este momento de mundo não emocionam.
Um gesto novo
Que em algum momento aconteceu
Comigo...
Eu escolheria um ângulo mais fascinante
Mais lento, mais lento
Como no século passado
As angústias se inscreveriam
Assim como os pássaros
(E as palavras, quase todas, não soariam como um lugar comum!)
Os filmes, particularmente, os antigos
Nos acalmam?
Nas calçadas do bairro do Leblon
A chuva estabelece o local das poças d’água
Alguns espigões despontam alargando para o Alto o estranho
As esquinas de homens-de-uniformes-e-armas
Se entreolham
Ela se abandona ao sono difícil de todos os dias
Onde termina a noite?
O mês de agosto de 2008 permaneceu o mesmo nas cenas televisivas. Os Jogos Olímpicos da China pouco ou muito pouco ofereceram.
Mas o tempo, na cidade do Rio de Janeiro, não evitou nenhuma catástrofe.
Escutei outro dia que “os vôos inventam o vento”. E na aliteração das consoantes da frase retirada de uma entrevista dada em língua francesa, pelo artista e divulgador de vídeo-poesia Giney Ayme, o nosso horizonte se acomoda?
As horas correm. Os minutos desaparecem. Os segundos ainda existem? A noção do Tempo moveu-se dos ponteiros dos relógios para as pontuações velozes de nossas falas. Agora, confirmamos a nossa ignorância a cada momento, na surpresa que nos constrange a vida. Inversamente, são as imagens que nos dão a certeza do vento?
Difícil antever uma cena. Quando olhamos no momento mesmo da imagem o instante corre. A apresentação do real é veloz. Não conseguimos percebê-la.
Neste outono-inverno carioca fluem os dias sem vagar. As ondas do mar estão ali perto. Mas o sonho desapareceu?
Exatamente como se fosse um filme de cinema mudo, poderíamos experimentar entrar e sair da tela de TV escolhendo outras cenas mais tranqüilas (ainda contendo alguma graça!). As seqüências que costuram este momento de mundo não emocionam.
Um gesto novo
Que em algum momento aconteceu
Comigo...
Eu escolheria um ângulo mais fascinante
Mais lento, mais lento
Como no século passado
As angústias se inscreveriam
Assim como os pássaros
(E as palavras, quase todas, não soariam como um lugar comum!)
Os filmes, particularmente, os antigos
Nos acalmam?
Nas calçadas do bairro do Leblon
A chuva estabelece o local das poças d’água
Alguns espigões despontam alargando para o Alto o estranho
As esquinas de homens-de-uniformes-e-armas
Se entreolham
Ela se abandona ao sono difícil de todos os dias
Onde termina a noite?
Solange Rebuzzi é carioca, poeta e psicanalista. Publicou Leblon, voz e chão e o ensaio Leminski, guerreiro da linguagem (7Letras).
E-mail: solrebuzzi@uol.com.br
FONTE: Cronocópios Literatura e Arte no plural
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