quinta-feira, setembro 11, 2008

A HILDA HILST - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE


CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
A HILDA HILST
Abro a "Folha da Manhã".
Por entre espécies grã-finas,
emerge de musselinas
Hilda, estrela Aldebarã.

Tanto vestido assinado
cobre e recobre de vez
sua preclara nudez!
Me sinto mui perturbado.

Hilda girando em boates,
Hilda fazendo chacrinha,
Hilda dos outros, não minha...
(Coração que tanto bates!)

Mas chega o Natal e chama
à ordem Hilda: não vês
que nesses teus giroflês
esqueces quem tanto te ama?

Então Hilda, que é sabi(l)da,
usa sua arma secreta:
um beijo em Morse ao poeta.
Mas não me tapeias, Hilda.

Esclareçamos o assunto:
Nada de beijo postal.
No Distrito Federal,
o beijo é na boca — e junto.
Rio, 31.XII.52

FONTE (image include): poesia.net, www.algumapoesia.com.br, Carlos Machado, 2008

Nenhum comentário:

Postar um comentário