sexta-feira, julho 25, 2008

Ernesto Tatafiore, Filosófico – utópico



23/07/2008 - 11:35
Ernesto Tatafiore, Filosófico – utópico

O Istituto Italiano di Cultura e o MAC de Niterói apresentam exposição do pintor Ernesto Tatafiore (1943, Nápoles, Itália), que reúne 16 obras inéditas no Brasil, produzidas este ano. Em óleo sobre tela, as pinturas são em grande formato, 220cm x 150cm cada uma.
Desde a década de 1960, o artista italiano tem tido destaque na cena contemporânea internacional. Inicialmente ligado ao movimento conceitual, depois de uma rápida passagem pela transvanguarda italiana, se apropriou de uma linguagem única. Ativo participante de mostras internacionais, esteve na Bienal de Veneza em 1970, 1980 e 1990, e em prestigiosos museus americanos e europeus.
Com a realização dessa exposição, o Istituto Italiano di Cultura reafirma sua intenção de dar visibilidade no Rio para a arte contemporânea italiana.
Ao longo dos anos, Tatafiore abordou temas e assuntos que misturam a memória pública e a privada: a história do Ocidente e dos seus heróis desde Ulisses até Robespierre, desde a revolução napolitana de 1799 a Mozart, a Lênin. “A arte de Tatafiore é fortemente demarcada pela história”, observa Mario Franco.
Nesta mostra de grandes quadros estão 11 retratos de artistas e filósofos, heróis antigos e modernos – como Robespierre e Masaniello, De Chirico e Pelé – se alternam com cinco representações alegóricas de conceitos filosóficos – Utopia, Alegoria, Metáfora, Metafìsica e Filosofia – encarnados por imagens vermelhas de jovens mulheres nuas.
O ateliê-galeria do artista, em dois níveis, localiza-se em Nápoles no quinto andar de um edifício no qual no primeiro andar morava o filósofo, historiador e jurista Gianbattista Vico (1668 – 1744). Talvez isso se relacione com o fato de que Tatafiore – que também é psicanalista – tenha produzido essas obras recentes “quase de impeto, seguindo uma inspiração inequívoca e urgente”, como observa o crítico italiano Mario Franco, em texto do catálogo. “As obras parecem rever os ensinamentos vichiani, segundo os quais a história tem uma linha de desenvolvimento constante, transcendente, mas nunca concluída, ao contrário, submetida a contínuos cursos e recursos, motivo pelo qual nenhuma civilização pode ser considerada uma conquista definitiva”, afirma. Ele acrescenta que “na visão da psicanálise lacaniana, a realidade na arte é distorcida como em uma anamorfose: o Real é uma construção simbólica, sendo uma característica peculiar do contemporâneo a perda progressiva do princípio da realidade”.
“E a indagação consiste em organizar todos estes retratos como uma secreta autobiografia dissimulada em uma pluralidade de indivíduos, de entidades multiplicadas do signo e do sonho”, prossegue o crítico.
Outra observação feita pelo teórico italiano é que todas as pinturas de Tatafiore “têm ligação com as palavras: algumas vezes apenas pelos títulos e, freqüentemente, porque sobre as imagens há alguns escritos. Repropõe-se o eterno dilema entre as palavras e as coisas, a descontinuidade simétrica entre a similitude e a identidade”.
Ernesto Tatafiore - Filosófico – utópico, dia 27 de julho a 28 de setembro de 2008, de terça a domingo, das 10h às 18h* (a bilheteria fecha 15 minutos antes),MAC Museu de Arte Contemporânea de Niterói, no Mirante da Boa Viagem, s/nº – Niterói, Rio de Janeiro Telefone: ( 21 ) 2620.2400. Ingresso R$ 4,00 (estudantes e adultos brasileiros acima de 60 anos pagam meia entrada; estudantes do ensino público até o 2º grau e crianças até 7 anos não pagam). Entrada franca às quartas-feiras.

FONTE (PHOTO INCLUDE): Revista Fator - Sao Paulo,Sao Paulo,Brazil

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