A carpideira
O esquife no meio da sala, intransigente,
Com a seda branca e fúnebre aconchegando
O corpanzil do morto, glacial e infando,
O vulto exausto, repousando eternamente.
Tece preces, a esposa, pelo Miserando,
Enquanto o filho, ajoelhado e penitente,
Em alta voz pranteia, sua mão tremente
A soltar a fria do pai, segue negando!
Anda, lentamente, a fila das despedidas:
Aproximam-se, um a um, benzem-se, balbuciam
E enfim prosseguem com as almas recolhidas...
Num canto, em espetáculo de encenação,
Soluços teatrais, lágrima financeira,
Concentrada e calma, chora uma carpideira!
(FIM DE TARDE, 1º EDIÇÃO, EDITORA FUNPEC, ISBN: 85-87528-71-8)
Este poema do jovem poeta Daniel Mazza tem uma nova versão, atualizada, no site dele.
ResponderExcluirEle também acaba de lançar um novo livro.
Obrigado pela postagem.
MD