segunda-feira, outubro 29, 2007

Diz que é uma espécie…de BLOGUE DE NOTAS do Barreiro - Por António Sousa Pereira -A Cidade e a Poesia

Diz que é uma espécie…
de BLOGUE DE NOTAS do Barreiro
Por António Sousa Pereira

A Cidade e a Poesia

Sim, de facto, é preciso que haja quem cante esta cidade que se afirma - “Capital do Basquetebol” ( mas onde não há uma Pavilhão que demonstre essa sua dimensão); que se afirma – “Capital do Rock” ( mas onde não se existe um rockódromo, e que valia a pena projectar); uma cidade que se afirma “Capital da Ilustração” ( e que tem dificuldade em dar visibilidade, por falta de recursos, à suas memórias e aos seus projectos).
O Barreiro precisa de poesia, porque a poesia é criatividade, inovação…e nós precisamos muito de criatividade.
Dia 20 de Outubro
A Cidade e a Poesia. Homenagem a Maria Helena Bota Guerreiro
A convite do seu filho tive a honra de integrar o painel, que presidiu à mesa que prestou a homenagem a Maria Helena Bota Guerreiro, com a presença de Carlos Humberto, Presidente da Câmara Municipal do Barreiro; Berta Pais, amiga e conhecedora da obra da poetisa barreirense e Raul Guerreiro, seu filho.Nessa sessão realizou-se a apresentação do livro “Giesta em Flor”, uma obra da poetisa editada para evocar a sua obra, sendo este o seu terceiro livro, que sonhou mas que, infelizmente, não chegou a ver editado.
Conheci Maria Helena Bota Guerreiro, como declamadora, nos Encontros de Poetas da SFAL, como colaboradora do Jornal do Barreiro e também como colaboradora de “Rostos”. Uma mulher simples que vivia a poesia de forma apaixonada.
Uma giesta de saudade…foi expressa nesta simples e bela evocação do seu amor ao Barreiro e à poesia.No decorrer desta sessão, Carlos Humberto, salientou que - “Nós precisamos que haja gente que cante o Barreiro, porque há uma ideia estigmatizada do Barreiro e a poesia pode dar uma outra ideia da nossa cidade”.
E de facto há uma ideia “estigmatizada” do Barreiro. Há a ideia que o Barreiro é uma “cidade esquizofrénica”, como escrevia, um destes dias um jornalista do “Diário de Noticias” que visitava a nossa cidade, dando como exemplo dessa esquizofrenia, a existência, lado a lado, do Parque Catarina Eufémia e a Estátua Alfredo da Silva.
Só quem não tem memória do Barreiro é que considera isso “esquizofrenia”, porque, ao longo de décadas, mesmo nos tempo duros de resistência, sempre viveram, lado a lado, partilhando o quotidiano - o operário e o intelectual.
E, ignora, certamente, o sentido da “cultura da fábrica” no modo de estar e viver nesta cidade e neste concelho, de forma solidária.
Num tempo que se lutava por ideias, por valores e o único chamava-se Liberdade.
Mas, talvez, as palavras de Carlos Humberto, nesse seu reflectir sobre os “estigmas” que marcam o Barreiro, tenham a ver com esse facto de na memória colectiva deste país, esta terra de trabalho, ter sido sempre uma “cidade vermelha” – um vermelho que sempre se escreveu com essa palavra - LIBERDADE.
Concordo, com Carlos Humberto que é preciso trazer mais poesia para o quotidiano da cidade, poesia que nos faça reencontrar com esse outro estigma positivo que todos nós sentimos, que o Barreiro é uma “Cidade Solidária”.
Uma cidade onde exista confronto de ideias, diferenças, e respeito pelas vivências da cidadania. Que lutou por isso…e deveria ter orgulho em cultivar isso…como forma de fazer cidade.
Uma cidade que mobilize os cidadãos para as causas sociais, para a vivência da “coisa pública”, com expressão na dinamização da sua vida associativa.
Uma cidade de cidadãos informados e activos. Uma cidade onde a sociedade civil seja forte, interveniente, critica e irreverente.
Um cidade onde a “esquizofrenia” seja sinónimo de insatisfação, mas não sinónimo de ódios e de exclusão.
Sim, de facto, é preciso que haja quem cante esta cidade que se afirma - “Capital do Basquetebol” ( mas onde não há uma Pavilhão que demonstre essa sua dimensão); que se afirma – “Capital do Rock” ( mas onde não se existe um rockódromo, e que valia a pena projectar); uma cidade que se afirma “Capital da Ilustração” ( e que tem dificuldade em dar visibilidade, por falta de recursos, à suas memórias e aos seus projectos).
O Barreiro precisa de poesia, porque a poesia é criatividade, inovação…
e nós precisamos muito de criatividade.
O Barreiro até precisava que existisse uma “oposição” capaz de fazer da poesia a sua arma…porque a poesia abre espaço ao sonho. Sou dos que acredita que o Barreiro tem futuro – com comunistas, com socialistas, com sociais democratas, com bloquistas, com democratas cristãos e com muita gente sem partido, porque foi uma terra que lutou para que isso fosse uma realidade.
E se a poesia ajudar, a superar os “estigmas” e os “ódios” que muitos teimam em cultivar (até, muitas vezes, por aqueles que se dizem ser os puros defensores da liberdade, contra aqueles que acusam de perseguir a liberdade) então…que mil poetas floresçam!
28.10.2007 - 19:25
FONTE: Rostos - Barreiro,Portugal

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