terça-feira, setembro 04, 2007

Elegia de Parajuru - Artur Eduardo Benevides


Artur Eduardo Benevides
Elegia de Parajuru
Rejuvenesço ao sentir-te em mim
nesta praia quase sem fim
onde a brisa põe-se a erguer
em seus lábios a tarde.
E tudo, em meu desejo, vem a ser
a fogueira final que ainda arde.
Ai, tens poder de luar no outono dos rios!
Ou da nuvem tão leve
a mandar-me, num momento breve,
seu adeus retecido de fios.
Tens
a cor do silêncio e do fruto ao nascer.
Vens
na pureza floral de cada amanhecer.
E que te posso pedir
além do imenso desejo de sentir
maciez de lã de tua alma veleira
ou esse teu florir de nuvem mensageira?
A um tempo só, és sagrado ritual
e navalha a cortar-me em minuto final.
E teu olhar de loba resplandece
neste poema que em vão se oferece,
trazendo, não de todo em vão,
o sobrevir do amor nos braços da canção.

Nenhum comentário:

Postar um comentário