sexta-feira, dezembro 29, 2006

Ana Cachola no Pequim 2008


Judo
Ana Cachola no Pequim 2008
Terceirista de Medicina sonha com uma medalha olímpica nos Jogos da China

A judoca Ana Cachola, actual campeã europeia de Sub-23, em 70 quilos, título obtido a 26 de Novembro, em Moscovo (Rússia), foi integrada no Projecto Olímpico 2008, com vista aos Jogos Olímpicos que se vão realizar na China.
Estudante do 3º. ano de Medicina, em Lisboa, é atleta do Judo Clube de Faro e filha de mãe da Borralha. Já fora campeã da Europa de Sub-23, em -63 quilos (2004) e de juniores, em 2005. Recentemente participou no estádio Mundial do Japão e confessa que a grande ambição é «ganhar uma medalha olímpica». O Correio Vidas, do Correio da Manhã, entrevistou-a sobre a carreira e o futuro. - O que sentiu quando ouviu o hino após vencer o Europeu? - Uma alegria enorme. É um momento único. Fomos festejar num restaurante chinês e conversámos. Regressei a Portugal e o meu treinador foi-me buscar ao aeroporto. Depois fui ter com a família e festejámos em Faro. - Até vai ser distinguida em Faro. - Vou receber um louvor da Câmara Municipal, anunciado logo após a vitória. Fico feliz por reconhecerem o meu trabalho. - Os apoios melhoraram? - Não. Todos os que tenho são da Câmara, excepto a bolsa da Federação [cerca de 500 euros], que é obrigada a dar. Deviam tratar melhor os atletas. Os futebolistas recebem milhões e não fazem metade do que nós fazemos. - Onde guardou esta medalha? - Num móvel baptizado com o meu nome, que a minha mãe desenhou e mandou fazer a um amigo, mas já não há muito espaço. - Receia cair no esquecimento? - Não. Vou estar no judo mais anos e quando sair já ninguém se vai lembrar de mim. Não me assusta. O Pedro Soares e o Nuno Delgado deram muito ao judo e poucos se lembram deles. - De onde vem o amor pelo judo? - Os meus pais são professores de educação física e influenciaram-me muito no desporto, assim como à minha irmã, de 15 anos, que também faz judo. Mas antes tinha feito basquetebol, natação, futebol, voleibol, patinagem, ténis de mesa. Só mais tarde optei pelo judo, aos sete anos. - Quais eram os seus maiores sonhos de criança? - Queria ser cirurgiã e conquistar uma medalha nos Jogos Olímpicos. Nos Jogos, o Mundo está a olhar para nós. Estou no 3.º ano de Medicina e gostava de seguir a vertente desportiva, mas não tenho a certeza. - Era maria-rapaz? - Mais ou menos. Todas as minhas brincadeiras eram com rapazes, jogava futebol, andava de skate, patins. Acho que nunca tive bonecas. - O que não suporta na vida? - Odeio política. Prometem muito e não fazem nada. São pouco verdadeiros e nunca chegam aos pontos importantes. Se pudesse levava o Santana Lopes ao tapete. É mau em tudo. Nunca fez nada pelo País. - Como foi deixar a família em Faro e ir viver para Lisboa? (continua na página seguinte) ‘ - Entrei na Faculdade de Medicina e queria evoluir mais no judo. Mas não foi difícil, porque desde os 11 anos que estou habituada a estar longe da família, por causa dos estágios. Também vivo com o meu namorado [judoca Tiago Lopes, 5.º no Europeu] e uma amiga. Dividimos tarefas e fazemos de tudo. - Ainda se sente como uma miúda ou já como mulher? - Sinto-me miúda mas tenho de ser mulher, porque tenho contas para pagar, de cozinhar, tratar da roupa. Tudo ajuda a crescer, mas por dentro sinto-me miúda. Foi um crescimento forçado. - Que espera do futuro? - Agora só estou focada no judo. Quero trabalhar para o Europeu, o Mundial e os Jogos. Só depois de Pequim é que vou decidir o que fazer da vida. Aos Jogos só vão as cinco melhores do ´ranking´, o que é complicado. Aqui não é por tempos como no atletismo ou natação. - Para quando constituir família? - Não penso em casamento mas um dia lá chegarei. Gosto muito de crianças e quero ter uma família grande, com três ou quatro filhos. Desde pequena que tenho muitas pessoas em casa, gosto que ela esteja cheia, de ouvir barulho. - É religiosa? - Não muito. Acredito numa força superior. As minhas avós são, rezam por mim e sinto-me aconchegada. - Há algo que a acompanhe nas provas, que a proteja? - Tenho um macaquinho de peluche. Deu-me a Catarina Caetano, que foi atleta do meu clube. Ela tinha um, eu gostava muito e ela deu-mo no meu aniversário. É muito especial. - Tem algum ídolo? - Não. Mas admiro muito a judoca italiana Scappin, que tem uma forma diferente de combater. Sigo a sua carreira e até dei o seu nome à minha cadela.
Fonte: Soberania do Povo - Águeda, Portugal - http://www.soberaniadopovo.pt/

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