POENTE
Judith Domingues Marés González É tarde talvez pra recitar teu nome
pra cantar as endechas sob as rugas
pra velejar ao vento a todo pano
pra banhar-me nas águas da fortuna.
É tarde talvez pra remover a cinza
É tarde talvez pra remover a cinza
amontoada ao longo do caminho
pra desfazer os nós do desengano
pra sorrir outra vez entre os espinhos.
Se me dizes, porém , que sobra ainda
Se me dizes, porém , que sobra ainda
em tuas mãos calor para aquecer-me
em teus lábios o sumo das videira
sem teus passos a ânsia de buscar-me,
desabe o mundo
desabe o mundo
ao redor
e recriaremos os dois o Paraíso.
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