domingo, julho 23, 2006

A imagem de uma pessoa vitoriosa


A imagem de uma pessoa vitoriosa

A veterana Kátia Sombra mostra que ainda é rainha no judô do Pará
Adriano Barroso Da Redação


A vida de um atleta de alto nível é feita sob dois patamares:desafios e superações. Esses patamares têm sido uma constante na vida de da judoca Kátia Sombra. A atleta acaba de trazer a Belém mais um título importante para sua carreira e para a modalidade no Estado: a medalha de prata nos VIII Jogos Mundiais Master, realizados no final do mês passado na França.
Mas não pense que o título é novidade na carreira vencedora de Kátia Sombra. Nos oito anos de realização da competição, a atleta já conquistou três medalhas. Em 2000 foi ouro no Japão, em 2004 foi bronze no Canadá e agora completou sua estante de troféus com a medalha de prata, na frança. A nova marca significou muito além da colocação na competição. 'Essa medalha significou muito pra mim. Principalmente porque pude mostrar para a federação (de judô) que a competição master vale muito, sim', desabafou Kátia Sombra.
Segundo Kátia Sombra, a atleta foi desprestigiada pela Federação Paraense de Judô (FPJU) no ano passado. 'Eles (a federação) não quiseram reconhecer meu bronze no ano passado (Canadá) e não me 'ranquearam'. Por isso não pude participar do troféu Romulo Maiorana. Mas agora pude dar a minha resposta. A mesma medalha que eles não quiseram reconhecer, abriu vaga para cinco atletas paraenses participarem da competição', continuou o desabafo.
Em entrevista exclusiva para o perfil do Amazônia Hoje, Kátia Sombra fala de sua carreira vencedora, sua dedicação a modalidade e seus planos para o futuro. Do alto de seus 40 anos de idade, a atleta se considera uma vencedora e uma colecionadora de medalhas.
Com o foi teu início de carreira?
Tenho mais de 20 anos de judô, não sei te dizer exatamente o quanto tempo eu tenho de judô. Já completei os 40 anos de idade e estou na ativa. Quando comecei, nem imaginava que ia chegar a essa idade lutando e com perspectivas. Agora, eu considero o meu começo de carreira, quando eu comecei a entrar em competições. Foi aí que comecei a encarar o esporte como um atleta de verdade. Procurei o judô por conta própria. Eu estava fazendo um curso de defesa pessoal e tinha que aprender judô, para repassar para meus colegas, nesse tempo eu era bandeirante. Aí, eu gostei da modalidade e comecei a treinar pensando em competições sempre tive o instinto de competir
Quando percebeste que o judô era o que tu querias?
Quando eu comecei a competir fora. Na minha primeira viagem eu consegui uma medalha de bronze. Na época (a competição) se chamava de brasileiro regional. Isso me deu gosto para continuar. Foi quando eu fui perceber que eu deveria ser competidora no judô. Eu me criei para ganhar medalhas. É só nisso que eu penso. Na minha casa tem um lugar especial com todas as minhas medalhas e troféus.
Da filosofia de judô, o que tu usas em outras áreas da tua vida?
O judô me deixa mais centrada. Me deixa mais calma, abro minha visão para o mundo. Sem contar com o respeito que ele te ensina ter.
Para os teus alunos do Pará Clube, tu ensinas isso também?
Além da técnica, eu passo esses ensinamentos do respeito e das responsabilidades. Não adianta ser um bom atleta e uma pessoa complicada. O judô tem o lado da humildade, o esporte te ensina a ficar atento, sem humilhar os adversários e sem desrespeitar as pessoas. Tem que saber usar o esporte em benefício próprio e dos outros. Tem que valorizar o ser humano. No nosso clube, a graduação do aluno não é só baseado no que ele faz dentro do tatame, mas fora dele também.
Como era o nível da competição do mundial?
A cada ano está ficando mais forte. São ex-campeões mundiais e olímpicos. Gente com muita experiência. São professores de muitos atletas que vão estar nas próximas olimpíadas. Por isso a sua importância.
Qual foi a luta mais complicada na tua trajetória para a prata?
Foi justamente aquela em que eu perdi a condição de lutar pelo ouro. Eu fui derrotada porque peguei uma falta, contra a francesa que era campeã mundial. Acontece que ela era mais alta que eu, e eu assumi a postura de trabalhar no solo. Aí os juízes acharam que faltava combatitividade minha. O esporte é isso, um descuido e acaba tudo.
Tu achas que ganhaste a medalha de prata ou perdeste a de ouro?
Eu perdi a de ouro. Eu fui prejudicada pela interpretação dos árbitro, a francesa não consegui pontuar em cima de mim. Acho que puxaram um pouco para o lado dela. Era o que estavam comentando por lá. Para você ganhar um lutador do país, você tem que aplicar logo um golpe decisivo, senão acontece isso. Eu saí chorando do tatame e já entrei em outra luta.
Que significado tem essa medalha para ti?
Muita. Até porque eu sinto que fui desprestigiada pela federação (FPJU) no ano passado. O presidente (José Augusto Baeta) me disse que minha medalha de bronze (Canadá, 2005) no master não valia para pontuar no ranking, e por isso fiquei chateada. Mas, Deus é bom porque fez o mundo dar um giro completo, e nesse campeonato o próprio presidente da federação viajou para a França por causa daquela medalha que ele desprezou. Quero ver, agora que ele viu de perto o nível da competição, se ele ainda não reconhece minha medalha.

Fonte: Amazônia Jornal - Belém,PA,Brazil -http://www.oliberal.com.br/

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